Museu Afro Brasil terá programação especial para semana do 13 de maio

Exposição, lançamento de livros, música, debate e evento "Viva, Carolina Viva!", sobre a catadora de papel que se transformou em escritora, estão entre as atrações

seg, 10/05/2010 - 16h00 | Do Portal do Governo

O Museu Afro Brasil preparou várias atividades, entre os dias 13 e 15 de maio, para comemorar o Dia da Abolição da Escravatura. A programação inclui lançamentos dos livros De Valentim a Valentim – a Escultura Brasileira – Séculos 18 e 20 e As Artes de Carybé – Las Artes de Carybé, ambas parceria com a Imprensa Oficial de São Paulo. Na agenda, ainda estão o show com os baianos Virgínia Rodrigues e Tiganá Santana, e a abertura da exposição Tempos de Escravidão, Tempos de Abolição – Iconografias e Textos, com curadoria do artista plástico, Emanoel Araújo, diretor curador do Museu Afro Brasil. A data escolhida para a abertura da mostra é 13 de maio, dia da reflexão pelos 122 anos da Abolição da Escravatura.

O Museu Afro comemora, também, os cinco anos da criação e instalação da Biblioteca Carolina Maria de Jesus, em suas dependências. O evento “Viva, Carolina Viva!” é homenagem à catadora de papel que viveu na favela do Canindé, na cidade de São Paulo, e que se transformou em escritora, a partir da publicação, em 1960, do livro Quarto de Despejo: diário de favelada. Carolina nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914, e só estudou até o primário. Migrou para São Paulo em 1947, indo morar na extinta Favela do Canindé, onde hoje é a Marginal do Tietê. Amante da literatura começou a guardar os papéis de lixo e decidiu escrever neles um diário. Naquele ano, foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que esteve na favela para escrever reportagem do local. Audálio foi o responsável por encaminhar para publicação os primeiros manuscritos de Carolina, sucesso absoluto de vendas na época. Surge, assim, Quarto de Despejo, que mostra a dura realidade de um pequeno espaço geográfico, reflexo da vida moderna capitalista.
 
Produção literária  

No dia 15 de maio, haverá um debate que discutirá a participação da mulher negra no mercado literário brasileiro. Entre os participantes, estão o escritor Oswaldo de Camargo, que falará sobre produção literária de escritoras afrodescendentes, a pesquisadora Jaqueline Romio que apresentará seu trabalho sobre a produção de Carolina Maria de Jesus, além de depoimentos da filha da escritora, Vera Eunice e do jornalista Audálio Dantas.

Para a bibliotecária do Museu Afro, Romilda Silva, este é um momento importante para lembrar a vida da escritora. “A primeira edição de Quarto de Despejo alcançou a casa dos dez mil exemplares, esgotadas em uma semana, foi traduzido para cerca de 30 idiomas, inclusive o japonês, com sucessivas reedições, teve adaptação para o teatro, rádio e televisão, alcançando grande audiência”. Vieram outro livros: Diário de Bitita (apelido de Carolina na infância), reeditado em 2007 em Sacramento, Cinderela Negra, Casa de Alvenaria, Provérbios, Pedaços da Fome. A escritora deixou de ser favelada e foi morar numa casa na zona norte. Mais tarde, transferiu-se para Parelheiros, Santo Amaro, onde veio a falecer em 1977.

O evento é destinado a professores, pesquisadores, alunos de Letras e demais interessados em Literatura ou pela história e obra de Carolina.
O Museu Afro Brasil, vinculado à Secretaria de Cultura, é um espaço de preservação e celebração da cultura, memória e da história do Brasil na perspectiva negro africana, assim como na difusão das artes clássicas e contemporâneas, populares e eruditas, nacionais e internacionais. Localizado no Parque do Ibirapuera, tem acervo de mais de cinco mil obras. Parte delas, cerca de duas mil, foram doadas por Emanoel Araújo, atual diretor e curador.
 
Serviço

Inscrições: biblioteca@museuafrobrasil.com.br
Telefone: (11)55790593
Abertura da exposição: dia 13 de maio, às 19 horas, de terça-feira a domingo
Evento Viva, Carolina Viva! – dia 15 de maio, das 11 às 14 horas
 
Da Agência Imprensa Oficial