Multidão comemora Dia da Consciência Negra com festa na Sé

A programação, que se estendeu por 12 horas

qua, 21/11/2007 - 18h47 | Do Portal do Governo

Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 20 mil pessoas lotaram a Praça da Sé no grande show comemorativo do Dia da Consciência Negra realizado nesta terça-feira, 20. A programação, que se estendeu por 12 horas, contou com uma celebração religiosa e apresentações de Sandra de Sá, MV Bill, Rappin’ Hood e Martinho da Vila, além de outros artistas ligados à cultura afro-brasileira.

Logo pela manhã, os 24 integrantes do grupo “Os Mestres Mulatos da Orquestra Sinfonieta dos Devotos de Nossa Senhora dos Prazeres” apresentaram o seu repertório de músicas clássicas brasileiras no interior da Catedral da Sé. Depois foi a vez da Missa Conga tomar conta da igreja.

No ato ecumênico, celebrado pelo bispo Dom José Benedito Simão, sete grupos de congada, a maior parte de Mogi das Cruzes, ocuparam os espaços da Catedral carregando os seus tambores, zabumbas e violões com o propósito de unir os rituais da missa católica às manifestações da congada. “Há muitos anos eu não via uma celebração como essa”, diz o aposentado Arthur Santana, que acredita ser positiva essa mistura de movimentos religiosos.

Além do público religioso que lotava a igreja, o governador de São Paulo, José Serra, e o secretário de estado da cultura, João Sayad, prestigiaram a Missa Conga. O prefeito Gilberto Kassab e o secretário de cultura do município, Carlos Augusto Calil, também estavam presentes. Assim que os grupos congos deixaram a Catedral, o Ilê Aiyê, o mais antigo bloco-afro do carnaval baiano, já executava as primeiras batucadas no palco montado na Praça da Sé.

Formado por diversos músicos, a banda trouxe especialmente para esse show 14 integrantes, entre dançarinos, percussionistas e vocalistas. Eles apresentaram um repertório repleto de sucessos como “Crença e Fé”, “Pérola Negra”, “O Mais Belo dos Belos” e a tradicional “Que Bloco é Esse”. O Ilê encantou o público desde as primeiras músicas. E não foi apenas por conta das pesadas batidas dos instrumentos de percussão e dos vocais harmônicos e possantes.

A vestimenta também foi alvo de admiração. “Esse show está lindo. Todo mundo vestido a caráter, com trajes africanos. Eu estou me sentindo em casa”, afirma Dona Zica, que acompanhou o show e todo o restante da programação.

Depois do Ilê Aiyê, Sandra de Sá levou todo o brilho e o gingado do seu som para o público que festejava o Dia da Consciência Negra. “A música é uma ferramenta para conscientizar a população da importância do dia de hoje”, disse a cantora. Sandra preparou um repertório bastante diversificado e dançante. Ela cantou desde as românticas “Bye, Bye Tristeza” e “Sozinho”, até os sucessos de Djavan e Tim Maia.

O auge da sua apresentação foi durante a música “Olhos Coloridos”, quando o público, em uma só voz, acompanhou a cantora. “O show dela foi muito bom”, aprovou o rapper Eduardo Félix.

MV Bill e sua banda deram continuidade à festa. Com um público de 15 mil pessoas, um dos maiores picos do evento, o rapper apresentou músicas dos seus três CD’s sob a companhia de sua irmã, MC Camila. Na seqüência, Rapin’Hood agitou a festa com as suas misturas do rap com samba e reggae. “É com grande respeito e alegria que eu faço parte desse show”, declarou o músico.

Foi com o Martinho da Vila que essa grande festa da manifestação afro-brasileira se encerrou. O dono dos sucessos “Mulheres” e “Quem é do Mar Não Enjoa” subiu ao palco por volta das 20h cantando à capela trechos de suas composições e de músicas africanas. Depois ele se juntou à banda para completar o repertório recheado de relíquias, como “Madalena do Jucu” e “O Pequeno Burguês”.

O sambista também cantou ao lado da cantora Fabiana Cozza. O Dia da Consciência Negra, feriado nacional há quatro anos em mais de 200 municípios, homenageou as lutas e a ideologia de libertação do escravo Zumbi dos Palmares, morto no dia 20 de novembro de 1695 pelo então senador do império português Jacinto Furtado de Mendonça. “Essa é a festa da consciência, do orgulho negro, da raça e do encontro black”, definiu o MC e b-boy Nelson Triunfo.

Da Secretaria da Cultura