Mulheres devem trocar prótese de silicone no prazo recomendado pelo médico

Muitas mulheres ainda esperam sentir dor para realizar o procedimento

qui, 29/10/2009 - 19h00 | Do Portal do Governo

Na década de 1980, a cirurgia plástica de prótese de silicone se popularizou no Brasil. Passados mais de 20 anos, um número significativo de mulheres só procura o médico quando sente algum problema físico, adverte o cirurgião plástico Alexandre Mendonça Munhoz, que atua no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ele explica que a prótese dura em torno de oito a dez anos. “Passado esse tempo, é necessário trocá-la, uma vez que o rompimento assintomático é significativo”, alerta. Apesar da necessidade, grande parte das mulheres só muda a prótese quando sente endurecimento do seio, assimetria e dor – principais queixas que chegam ao consultório. 

O médico explica que se a paciente não troca o silicone no período determinado pode causar prejuízos ao organismo. “Quando a prótese se rompe, é possível a ocorrência de inflamações crônicas do tecido muscular e glandular”, adverte. Com o rompimento, o silicone se espalha entre outros tecidos. Pode, por exemplo, se infiltrar na axila e no músculo e gerar inflamação e dor crônica. A mulher sentirá dificuldades ao movimentar-se e ao realizar atividades simples como dirigir, fazer exercícios físicos e até mesmo pentear o cabelo. 

Validade  

O cirurgião plástico explica que em caso extremo, o silicone antigo (que era mais líquido) pode entrar na circulação sanguínea e ser levado aos pulmões, rins e fígado, acarretando sérias complicações. A cirurgia de troca da prótese antiga repete a mesma cicatriz da original e requer o mesmo pré-operatório, com exames laboratoriais e de imagem. A anestesia pode ser local, acompanhada de sedação. O procedimento dura entre 40 minutos e uma hora. Os cuidados pós-cirúrgicos também são os mesmos: 10 a 15 dias de repouso, mantendo os braços junto ao corpo e sem dormir de bruços nos primeiros 60 dias. 

Munhoz explica que hoje os médicos fazem o implante com prótese de silicone coesivo: “Não é líquido como antigamente. A prótese tem consistência parecida com a de gelatina. Como possui vários revestimentos, demora muito mais tempo para se romper e o conteúdo não se dilui no organismo. Se, porventura, ocorrer o rompimento, o dano é menor”. A prótese mais recente apresenta durabilidade maior: de 15 a 20 anos. “Não existe prótese vitalícia. Se algum médico disser isso, está agindo de má-fé ou não está atualizado. Mesmo as melhores próteses do mundo podem se romper após o prazo de validade”, garante o médico do HC. 

Satisfação  

Para certificar-se da capacitação do cirurgião-plástico, Munhoz recomenda confirmar se ele está cadastrado no site www.cirurgiaplastica.org.br, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. De acordo com essa instituição, em 2004 foram realizados 91.793 implantes de silicone no País. Entre 2007 e 2008, o número saltou para 120 mil cirurgias. 

Apesar do alto número de operações e da grande satisfação entre as mulheres que colocaram a prótese, algumas procuram o médico para retirá-la. “Elas não estão satisfeitas com o volume, não têm mais o mesmo conceito de beleza, preferem mama menor. As razões são diversas e pessoais”. Após a retirada, é possivel ocorrer alteração estética na mama, que pode variar a cada caso, de acordo com o tipo de pele da pessoa. Dependendo do tamanho do implante, é possível que a pele – distendida durante anos pela presença do silicone – fique flácida após a remoção. 

Da Agência Imprensa Oficial