Mulheres contribuem para manter “CPTM nos trilhos”

Elas ocupam 16% dos cargos de chefia da empresa, que transporta diariamente cerca de 1,3 milhão de passageiros

ter, 01/08/2006 - 12h33 | Do Portal do Governo

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) tem em seu quadro de funcionários 901 mulheres, cerca de 15% dos 5.847 trabalhadores. E ao contrário do que muitos pensam, elas não exercem apenas funções administrativas. Estão em todos os departamentos da companhia: são bilheteiras, seguranças, maquinistas, engenheiras e chefes, muitas chefes de setores e departamentos, ou melhor, líderes como são denominados esses cargos na CPTM.

De acordo com o balanço da empresa de 2005, 16% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. Esse número está muito acima do constatado pelo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2004.

O IBGE mediu a presença da mulher em postos de comando do mercado de trabalho brasileiro e constatou que 3,9% das 35,35 milhões de mulheres empregadas no país na época da pesquisa ocupavam uma posição de “dirigente” nos locais de trabalho.

Em contrapartida, o levantamento do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), realizado a partir dos balanços sociais anuais publicados por 253 grandes e médias empresas de todo o país entre 2000 e 2003, apurou que a proporção de mulheres em cargos de chefia praticamente não se alterou, mantendo-se em 14%.

O número de mulheres empregadas cresce a cada ano no país. Em 2003 subiu, segundo o IBGE, quatro pontos percentuais em relação a 2002, passando de 37,6% para 41,6%. Na CPTM não é diferente. A presença delas aumentou em todos os postos e nas chefias cresceu 23%, no ano passado em relação ao 2004.

A engenheira civil Maria Lina Benini é um bom exemplo dessa mulher que surgiu no mercado de trabalho. Ela é líder da equipe técnica das estações B (Júlio Prestes/Itapevi) e C (Osasco/Jurubatuba). Lina atua na área de transportes há 22 anos. Começou na CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e está na CPTM desde a criação da empresa em 1992.

Ela foi a primeira mulher a liderar estações na empresa. Hoje, as seis linhas da companhia são comandadas por três engenheiros: Lina (B e C), Antônio Rodrigues (A – Brás/Francisco Morato e D Barra Funda/Rio Grande da Serra) e Hamilton Trindade (E- Brás/Estudantes e F- Brás/Calmon Viana). Juntos comandam 1.600 funcionários, que são responsáveis por todas as estações da CPTM. A engenheira Lina é responsável por 33 estações e cerca de 600 trabalhadores.

Na quarta-feira, 19/7, os três engenheiros participaram de uma reunião com funcionários de estações para discutir reclamações de usuários feitas no SAU- Serviço de Atendimento ao Usuário. “Essa reuniões periódicas nos ajudam a aprimorar o atendimento”, destacou a engenheira.

Ela lembra que quando recebeu a primeira promoção na empresa na década de 90 muitos colegas comentaram: “puxa, vão colocar uma mulher para chefiar a estação”. Para ela, a situação hoje é muito diferente. “Estamos vivendo agora outros tempos, onde as promoções são aceitas com naturalidade porque as mulheres conquistaram o seu espaço”.

Para atingir o seu objetivo profissional, Lina adiou importantes projetos pessoais como a maternidade. “Perseguia o meu ideal desde a adolescência. Eu queria o conforto de ter uma profissão estabilizada antes de ser mãe”.

Adiou por anos o sonho de ser mãe e quando nasceu o seu filho há 12 anos descobriu o quanto ele a ajudou a amadurecer profissionalmente. “Hoje, tenho essa consciência de que o fato de ser mulher me ajuda a lidar com mais facilidades com os problemas de relacionamento com a equipe. A gente pensa muito no coletivo. Mulher tem aquela coisa, quer queira, quer não, ela é mãe”.

Aparecida Freire Lopes, maquinista das linhas A (Luz – Francisco Morato) e D (Luz – Rio Grande da Serra) há 9 meses também tem seus planos traçados para o futuro. “Eu comecei na bilheteria em 1998, passei no concurso para maquinista e assim que puder vou tentar ser supervisora de Tração ou trabalhar no CCO- Centro de Controle Operacional”.

Ela conta que quando decidiu ser maquinista os pais levaram um susto. “Até hoje eles ainda ficam assustados. Quando acontece qualquer coisa, ligam para mim para saber se não foi comigo. Apesar disso, eles têm muito orgulho de mim”.

Para a nova maquinista, guiar um trem a 90 km por hora, transportando 2.400 pessoas no horário de rush é muito gratificante. “A nossa responsabilidade é muito grande. Eu me sinto muito útil, muito importante por transportar essas pessoas para casa, para o trabalho, para a escola”, ressalta Aparecida.

Para a responsável pelas áreas de recursos humanos da CPTM, Dioni Terranova Favalli, a companhia não faz distinção entre homens e mulheres. “São levados em conta pré-requisitos, portanto, se o número de mulheres aumentou o motivo é o fato delas se preparem mais nos últimos anos”.

Favalli, que está há cinco anos na CPTM e trabalhou 20 anos no Metrô, acha que o preconceito em relação a mulheres que ocupam cargos de chefia é muito pequeno atualmente. Ela lembra que quando entrou na área de transporte, no início da década de 80, não havia praticamente mulheres no comando e quase todas trabalhavam na área administrativa.

André Muniz – Da Assessoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes