Mulher comandará o Exército Constitucionalista pela 1ª vez

Transmissão do cargo aconteceu nesta quarta-feira, 9, dia em que se comemora a Revolução de 32

qui, 10/07/2008 - 9h26 | Do Portal do Governo

Pela primeira vez na história, o comando simbólico do Exército Constitucionalista foi transmitido a uma mulher, durante solenidade comemorativa do 76º aniversário da Revolução de 1932, realizada na manhã de hoje (9), no Parque do Ibirapuera, zona sul da Capital. A agraciada, Dirce Rudge Pacheco e Silva, de 89 anos, tinha 14 anos na época e ajudava costurando roupas e uniformes utilizados pelos soldados nos combates. Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de três mil pessoas prestigiaram o evento, que contou com a presença do governador em exercício do Estado se São Paulo, Alberto Goldman, do secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, e de outras autoridades da polícia paulista.

Logo após a passagem de comando, que abriu a solenidade, Dirce falou da honra de assumir o comando e lembrou os motivos da celebração. “Este ato solene tem o compromisso de manter viva a chama de liberdade e civismo que foi acesa em nós em julho de 1932”, afirmou. “Pela primeira vez na história, uma mulher assume o mais alto posto do exército constitucionalista, e coube a mim receber tamanha distinção. Recebo este posto com humildade e com o mesmo ânimo e espírito que abracei a causa na minha juventude”, disse ela, muito emocionada. A nova comandante contou ainda que, na época, toda a sua família estava empenhada em apoiar os voluntários da revolução.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do Estado. “É uma homenagem muito importante porque lembra a luta de São Paulo pela liberdade”, afirmou Alberto Goldman. “Uma homenagem às pessoas que foram mortas e à posição de São Paulo, sempre em luta por um regime melhor, por uma vida melhor, por um Brasil melhor”.

O evento teve ainda a deposição das cinzas de onze heróis de 32, cujas urnas foram carregadas por alunos da Academia Militar do Barro Branco e levadas ao Mausoléu do Monumento Obelisco ao Soldado Constitucionalista. O secretário Ronaldo Marzagão ainda depositou flores junto ao túmulo do herói Jacente, que representa os jovens Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. A morte dos quatro, no dia 23 de maio de 32, foi o grande estopim para a revolução, que estourou no dia 9 de julho, em uma manifestação na Praça da República, na região central da cidade.

Ao longo da solenidade, 31 personalidades foram homenageadas com a Medalha Constitucionalista, a MMDC. Por fim, a grande atração do evento: o desfile, que reuniu integrantes do Exército, Marinha, Aeronáutica, polícias Civil, Militar, Guarda Civil Metropolitana, além de clubes e escolas, e animou o público que compareceu para assistir.

Obras do Obelisco

Desde o ano passado, a Polícia Militar está responsável pela manutenção do monumento, que está sendo reformado. O governo do Estado já gastou R$ 282.500 em reformas nas instalações elétricas e R$ 625.000 em impermeabilização, drenagem e captação de águas fluviais. “A obra está sob júdice e todos os procedimentos têm que ser avaliados pela Justiça para sua conclusão. Estamos aguardando”, afirmou o capitão PM Marcel Lacerda Soffner.

Revolução de 1932

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o movimento armado ocorrido no Brasil entre julho e outubro de 1932, onde o Estado de São Paulo visava a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1981 pela Revolução de 1930.

Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil. No total, foram 85 dias de combates, com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas não oficiais reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do interior do Estado sofreram danos devido aos combates.