Motobombeiros agilizam atendimento nas grandes cidades

Modalidade foi criada para dar apoio logístico e operacional em casos de emergência

qui, 15/05/2008 - 10h16 | Do Portal do Governo

A sirene toca e, em apenas 30 segundos, eles já estão em suas motos Falcon 350 prontos para atender a mais um chamado de emergência. É a rotina de Fernanda Sanches, soldado feminino PM, e Israel Viana, soldado PM. Ambos são pilotos e servem no 2º Grupamento (Posto Casa Verde) do Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Eles são motobombeiros, uma especialidade que existe desde 2002, criada com a finalidade de conseguir um pouco mais de agilidade no trânsito na hora de atender às muitas emergências a cargo do Corpo de Bombeiros. A equipe tem uma equipe de 70 motoqueiros, servindo em Campinas, São José dos Campos, São José do Rio Preto e São Paulo.

De acordo com o coronel PM Manoel Antônio da Silva Araújo, comandante do Corpo de Bombeiros, “a instituição vem aprimorando os atendimentos operacionais com as motos e conseguindo, dessa forma, diminuir o tempo-resposta de um acidente. O governo do Estado vem investindo em novos equipamentos, que agilizam e aprimoram o atendimento à população. Nesse ano foram adquiridas 41 motos operacionais de bombeiros e cem viaturas de resgate, responsáveis por quase 250 mil atendimentos das emergências clínicas urgentes e casos de traumas no Estado de São Paulo.”

Explica o tenente PM Edson Leme, do 2º Grupamento de Bombeiros da cidade de São Paulo: “O tempo entre a chamada na Central (193) e a saída de nossos profissionais deve ser o menor possível. Um minuto pode fazer a diferença”.Treinamento puxado – Há 12 anos na instituição, a soldado feminino PM Fernanda tem um diferencial: é a única mulher que exerce essa função em todo o Estado. Ela lembra bem da concorrência no processo seletivo para admissão. “Eram 4 mil candidatas para 90 vagas. Eu entrei na primeira turma, em 1996, que admitiu mulheres no Corpo de Bombeiros. As selecionadas entraram direto na corporação. Hoje, para uma mulher ser bombeira, deve ter dois anos de policiamento na PM, para depois pedir transferência”.

Mãe de Lucas, um garoto de 8 anos, a soldado feminino consegue tempo para cursar a Faculdade de Informática. “Estou no terceiro ano. A disciplina é fator primordial para que eu consiga conciliar trabalho, família e estudos”. A mãe, dona Vani, é que, às vezes, leva um susto. “No acidente com o avião da TAM, trabalhamos quase 24 horas seguidas. Minha mãe rezava para que meus companheiros e eu saíssemos ilesos daquela situação”.

Para trabalhar com esse tipo de modalidade, o profissional deve atender a alguns pré-requisitos: ser motociclista há mais de dois anos, realizar um curso de condução em situação de emergência e outro de resgate em emergências médicas, e manutenção de motos. “Além disso, eles realizam um curso de técnica de pilotagem na Honda que dura, em média, três dias. Ele é um profissional apto a chegar ao local em tempo hábil, analisar a situação, passar a informação para a central e, ainda, realizar os primeiros socorros”, explica o tenente PM Leone.

“Precisamos confiar plenamente em nosso companheiro quando somos acionados. Saímos sempre em dupla e cada moto tem um kit que complementa o outro. Na minha moto há um kit com desfibrilador. Já no da soldado Fernanda existe uma bolsa-trauma, que inclui tanque de oxigênio”, explica o soldado Israel. De acordo com os bombeiros, 90% do material desses kits são utilizados durante os atendimentos.

Na semana passada, esse trabalho em equipe salvou a vida de um caminhoneiro e da soldado feminino PM Fernanda. “Ocorreu um acidente na Marginal do Tietê, em frente ao Sambódromo. Parte da carga de um caminhão caiu em cima da cabina e o motorista ficou preso. Como sou pequena, entrei no local e prestei os primeiros socorros para o motorista, que, por Deus, saiu vivo daquela situação. Com a ajuda dos meus companheiros, eu consegui salvar o rapaz e ainda sair ilesa. Uma falha e nós teríamos morrido”, explica a soldado.Lugares difíceis – De acordo com os profissionais, a população ainda desconhece o trabalho dos motobombeiros. “Geralmente, as pessoas associam o bombeiro ao caminhão vermelho e quando elas vêem um profissional com moto, acreditam que ele não está capacitado para prestar os primeiros socorros e que não haverá ajuda”, explica Leone. Outro problema apontado é a falta de respeito dos motoristas (ônibus, motos e carros). “Eles nem querem saber que estamos a caminho de uma ocorrência e não abrem caminho”, diz o soldado PM Israel.

Fernanda lembra de uma mulher, no bairro Elisa Maria, na Zona Norte de São Paulo, cujo filho teve as pernas cortadas por causa de acidente com vaso sanitário. “A criança subiu na bacia e ela quebrou, cortando as pernas do garoto. Quando chegamos ao local, a mãe começou a gritar, dizendo que não podíamos fazer os procedimentos necessários. Conseguimos acalmar a mulher, realizar os primeiros socorros e encaminhá-lo para o Hospital do Mandaqui”.

Em lugares de difícil acesso, o serviço de motos operacionias é a solução. No dia 11 de março, dois integrantes do 2º Grupamento de Bombeiros ajudaram a realizar o parto de uma mulher, dentro de uma favela, na região da Vila Jaraguá, zona oeste da capital. Por causa da entrada estreita no local, os dois subiram com as motos operacionais por cerca de mil metros até a residência da mulher, que já estava em trabalho de parto. “Graças à moto, chegamos bem em cima da hora”, diz o sargento Edson Dutra de Oliveira Júnior. O bebê, uma menina, nasceu prematuro de seis meses, mas passa bem.

De acordo com Dutra, sua equipe foi acionada pela Central para atender ao parto em uma favela próxima à Marginal do Pinheiros. Chegando lá, os bombeiros perceberam que não conseguiriam subir com a viatura até a casa da mulher, pois a entrada e as vielas da favela eram muito estreitas. Acompanhado do soldado Israel Viana, o sargento subiu de moto até a residência da família a tempo de realizar o parto.

Após o parto, a moça e a criança foram carregadas de maca pelos bombeiros até a rua e colocadas numa viatura, que as levou para a Maternidade da Vila Nova Cachoeirinha. Lá, a menina prematura pôde receber os cuidados necessários.

Da Agência Imprensa Oficial