Mostra de Inverno encerra semestre com jovens de todos os pólos do Projeto Guri

Participaram 47 da capital, 287 do interior, o de Maringá e 47 instalados na Fundação Casa (capital e interior)

sáb, 28/07/2007 - 11h00 | Do Portal do Governo

Para dar aos jovens a oportunidade de se apresentarem em público, a Associação dos Amigos do Projeto Guri realizou, até o dia 22, a primeira edição da Mostra de Inverno do Projeto Guri. Da iniciativa participaram 382 pólos do Guri – 47 da capital, 287 do interior, além do pólo de Maringá (PR) e os 47 instalados na Fundação Casa (capital e interior).

“O evento encerra as atividades dos pólos no primeiro semestre e pretende apresentar, aos familiares, autoridades, parceiros, patrocinadores e colaboradores, o trabalho desenvolvido no projeto”, informa Beth Parro, diretora-executiva do projeto. Beth explica que a Associação Amigos do Projeto Guri planeja dar continuidade à Mostra de Inverno que terá duas edições anuais: “Ao fim de cada semestre, organizaremos um evento desse porte. A idéia é englobar todos os pólos do projeto”. 

Harmonia e ritmo – Na Mostra de Inverno, que seguiu pelos pólos abertos à comunidade e nos instalados dentro das unidades da Fundação Casa, distribuídos pela capital e interior do Estado, os arranjos (especialmente criados pelos profissionais do Guri) contemplaram as composições eruditas, as canções da música popular brasileira e os sucessos internacionais.

Na Unidade de Internação Provisória 6 da Fundação Casa, situada no bairro do Brás, em São Paulo, não foi diferente. Na mostra, que coincidiu com as finais dos jogos pan-americanos da instituição, o coral – acompanhado pelo grupo de percussão – apresentou canções consagradas nas vozes de Tim Maia e Gonzaguinha para um público formado por familiares e funcionários da unidade.

“Gosto de cantar o Hino Nacional. O Guri é um incentivo para nós seguir lá fora”, diz M., de 15 anos, cantor do coral. Assim como o coral, o grupo de percussão se empenhou em caprichar no ritmo e na afinação para se apresentar de forma harmoniosa. Na lição bem estudada, resultado do curto tempo de aprendizagem, o exemplo de que a música ainda é uma ponte para a esperança: “É uma ferramenta que pode mudar um pensamento. Você vê um adolescente, que não conhece nada de música, vindo de um universo totalmente diferente, se empenhando em tocar bem numa apresentação como essa. Isso nos comove”, diz Janoel Alves, técnico de monitoramento do Guri na Fundação Casa e há quatro anos trabalhando no projeto.

Janoel explica que os instrutores têm pouco tempo para ensinar os jovens integrantes do projeto. Na maioria das vezes, os internos permanecem por um ou dois meses na instituição e é nesse período que participam das atividades do Guri. “O tempo para ensinar música é curto. O instrutor precisa motivar esses alunos, então, as aulas têm de ser bem dinâmicas”. Na unidade, os alunos assistem a duas aulas semanais, com duração de uma hora e meia. Nessa ocasião, os instrutores lecionam teoria musical e desenvolvem a prática em conjunto.

“Nossa preocupação é trabalhar com o ensino coletivo, direcionado para a inclusão social. Aqui, os jovens aprendem a prática em conjunto, o respeito ao próximo e recuperam a auto-estima”, ressalta Janoel. Informa que após deixar a instituição o aluno do Guri, interessado em dar continuidade aos estudos, tem sua inscrição automaticamente encaminhada ao pólo do projeto mais próximo de sua residência.

É o caso de D., 16 anos, que toca caixa e integra o grupo de meninos da percussão. O adolescente conta ter descoberto o dom para a música com a ajuda do instrutor: “Quero continuar a estudar. Prestei bastante atenção no professor e aprendi muito. Assim como eu, outros meninos também merecem progredir na vida, e essa é a oportunidade”, considera.

Na opinião de Ivanete de Oliveira, diretora de Divisão Regional da Fundação Casa, a Mostra de Inverno permitiu aos garotos participar de apresentações externas, tocar em grupo e manter contato com a sociedade: “Os meninos sentem prazer de estarem em eventos como esse”, considera.

Ivanete não poupa elogios ao Guri: “Sou fã desse projeto. Além de ensinar música (um estímulo ao sentimento de amor) ajuda na socialização desses internos”. 

Dia de festa – Para os 76 alunos do Pólo Anchieta, localizado no Grajaú, zona sul de São Paulo, a Mostra de Inverno foi mais que uma oportunidade de se apresentar em público. “Eles vieram ensaiar debaixo de chuva. Isso demonstra o grau de comprometimento desses jovens com o projeto”, observa Stelamaris Amarante, supervisora do Guri na região. Segundo ela, nem o período de férias escolares conseguiu afastar os alunos de violão, canto e percussão das aulas. “Eles nunca faltam”, admira-se a supervisora.

Margareth Sávio, de 16 anos, aluna de canto e de violão, diz ter aprendido nas aulas muita coisa que não conhecia: “A didática é muito boa. Aprendi a técnica de canto e já leio partitura”, alegra-se a menina. Responsável pela didática elogiada pela aluna, a regente Sandra Kaetsu, professora de canto e de violão no projeto, considera a Mostra de Inverno uma oportunidade de revelar, aos familiares e amigos dos alunos, o que é ensinado em sala de aula.

Sandra preparou os alunos – das três turmas separadas por horário e grau de conhecimento musical – para se apresentarem em público. Primeiro individualmente e, no final da exibição, todos juntos numa performance para treinar a técnica em conjunto. “Aqui a música é ensinada de forma que promove o desenvolvimento educacional. Eles aprendem que existem regras e isso envolve disciplina”, afirma a regente. 

Marilia Mestriner

Da Agência Imprensa Oficial