Na infância, Dargette da Costa Tavares visitou um museu de ciências em Salvador, onde mora. Segundo ela, as imagens e experiências que lá vivenciou permanecem, até hoje, em sua memória. A iniciativa de parar de fumar, por exemplo, teve influência das lembranças de um pulmão limpo e outro escuro que guardou daquela época. Recorda-se também de uma bola que expandia e contraía, ao passar por aquecimento e resfriamento.
Para propiciar ao sobrinho Vítor esse mesmo tipo de experiência, Dargette levou o garoto, que vive em São Paulo, para visitar a exposição Férias Geniais – Uma Aventura Científica, aberta até domingo, 27, no Bourbon Shopping Pompéia, capital. A mostra foi preparada pela agência de eventos Reserva de Idéias em parceria com a Estação Ciência, vinculada à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.
Num espaço de 700 metros quadrados, no terceiro piso do shopping, o público encontra quatro equipamentos pertencentes à Estação Ciência: Usina Hidrelétrica, Transformação de Trabalho em Energia, Concha Acústica e Mesa de Matemática. Os demais são reproduções de peças da instituição, como painéis de ilusão óptica, espelhos, caleidoscópios, jogo da matemática, jogo das cores e um tangran (antigo quebra-cabeça chinês).
Em dez dias de exposição (inaugurada 10 de julho), aproximadamente 25 mil interessados passaram pelo local, segundo Renata Valadares, produtora de eventos da Reserva de Idéias. O espaço é visitado por pessoas de todas as idades: crianças e seus pais ou responsáveis, adolescentes e grupos de estudantes com professores. “Os pais participam bastante com os filhos. Tornou-se um evento para a família”, assinala Renata (ver boxe).
Ouro Preto e Goiás – Há anos, a Estação Ciência realiza exposições em empresas, universidades e demais espaços, inclusive fora do Estado de São Paulo. Em 2006, por exemplo, promoveu a exposição Pró-Cobre, na Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. No ano passado, foi a vez da Exposição Matemática, na Universidade Federal de Goiás, em Jataí (GO). Até o dia 30, o público pode conferir no Neo Geo Family (complexo de entretenimento e lazer), no Internacional Shopping Guarulhos, a exposição Biodiversidade do Estado de São Paulo. De dois anos para cá, a Estação Ciência criou um setor específico para esse tipo de evento, em razão do aumento da demanda e das exposições disponíveis.
Segundo Patrícia Mourad, técnica em comunicação da Estação Ciência, esses eventos têm dois objetivos. Primeiro, levar um pouco do conhecimento da instituição a lugares e populações distantes, carentes de educação e cultura. O outro é difundir a própria Estação, fazendo com que um número maior de pessoas conheça as suas exposições e atividades, inclusive ajudando a estabelecer novas parcerias, apoios e visitantes.
No caso do Bourbon Shopping, como se trata de um período de férias, a idéia é estimular o público, especialmente crianças e jovens, a se deslocar até a Estação Ciência, localizada próxima ao local, na Rua Guaicurus. De acordo com Patrícia, muitas pessoas se interessam em vir, estimuladas pelo que vivenciam na exposição. “Lá, distribuímos folhetos com mapas indicativos de como chegar à Estação Ciência”.
Lutas e competições – Especialmente no interior do Estado e nos bairros mais periféricos, a Estação Ciência tem percebido, de acordo com Patrícia, grande carência e demanda por esse tipo de exposição – o que estimula a instituição a tentar viabilizar novas opções, temáticas e destinos. “O efeito dessas exposições é em cascata. Quanto mais montamos esses eventos em diferentes lugares, mais públicos passam a nos conhecer, freqüentar e estabelecer parcerias. Temos também bom retorno daqueles que escrevem para elogiar e agradecer a possibilidade de acesso a esse conhecimento em novos locais, sem a necessidade de se deslocarem até a capital ou ao bairro da Lapa”.
A baiana Dargette destaca três aspectos interessantes de exposições desse tipo: a formação de equipe, a interação das crianças e o aprendizado de Ciência de maneira lúdica. Esse tipo de experiência, segundo ela, permanece indefinidamente na memória. “Quando a criança aprende algo semelhante na escola, vai se reportar ao ensino lúdico, tornando mais fácil o aprendizado de Matemática, Física e outras disciplinas”, completa. Ela contrapõe vivências como essa aos espaços com jogos eletrônicos, a maioria envolvendo lutas e competições, nos quais a criança ou o jovem busca sempre ser o vencedor.
Lazer e cultura em família
Exemplo de programa familiar é o de Alessandra Ferraz, de 31 anos, produtora de eventos. Morando atualmente no Rio de Janeiro, aproveitou a visita à família, em São Paulo, para, juntamente com a mãe, levar a filha Isadora, de três anos, na exposição Férias Geniais – Uma Aventura Científica. A intenção é que a garotinha comece a “tomar gosto por exposições e atividades culturais”. Seu outro filho, de 11 anos, vai muito à Estação Ciência, observa a produtora.
Ana Carolina S. Carvalho, de Ribeirão Preto, estava com o filho Gabriel, de cinco anos, e o sobrinho Leonardo, de oito. Embora não conheça a Estação Ciência, Leonardo disse que já visitou exposições similares em sua cidade. Giulia, residente na Serra da Cantareira, foi ao espaço com a tia Cláudia Ragusa, que mora próximo às imediações. A garota gosta desse tipo de atividade e já participou de experiências na escola, mas nunca foi à Estação Ciência. Afirma, porém, que gostaria de visitá-la.
As primas Vitória, 11 anos, e Alessandra, 15, também estavam acompanhadas de responsáveis. Vitória, por exemplo, não gosta de Matemática na escola, mas apontou o Jogo de Matemática como um dos seus preferidos na exposição. Embora resida na Vila Romana, próxima à Estação Ciência, a menina disse que nunca foi ao local, “mas gostaria de conhecer”.
Da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
