Moradores da V. Brasilândia ganharão espaço educativo e de lazer

Empreendimento obedecerá a conceitos de sustentabilidade e acessibilidade

ter, 13/04/2010 - 20h00 | Do Portal do Governo

Os moradores da Vila Brasilândia, região norte da capital, poderão contar, a partir de 2011, com espaço de convivência e aprendizado, construído especialmente para o desenvolvimento de atividades educacionais, esportivas, culturais, de empreendedorismo e lazer. O novo empreendimento público – parceria entre a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CHDU), a Basf, o UN-Habitat (programa das nações unidas para os assentamentos humanos) e a Valente, Valente Arquitetos – será construído em um conjunto habitacional da CDHU, onde vivem aproximadamente 3,9 mil famílias.

O espaço terá três pavimentos. No inferior, ficarão salas de aula edificadas nos padrões das escolas estaduais; no piso superior serão construídas oficinas e ateliês, bem como salas para computadores. No piso intermediário, onde será a entrada do prédio, haverá amplo espaço de socialização. “Aproveitamos a bela paisagem para construir no pavimento intermediário uma laje, espaço que servirá para festas, encontros, apresentações musicais, de dança, etc.”, descreve o arquiteto João Valente Filho, que voluntariamente elaborou o projeto.

O prédio será erguido de modo a permitir a utilização de seus espaços às mais diversas atividades. Para isso, terá divisórias leves, fáceis de serem removidas de acordo com a necessidade. A arquitetura educativa obedecerá a conceitos de sustentabilidade e acessibilidade, com aquecimento natural, reúso de água e rampas de acesso. “A acessibilidade será total, com rampas curtas e coloridas, criando um ambiente divertido e bem-humorado”, explica o arquiteto.

Somando esforços

Além de contribuir para o desenvolvimento social, o projeto pretende despertar a sensibilidade sobre os problemas socioeducacionais do País. “Um empreendimento de sucesso, publicamente badalado, a ponto de incentivar outras empresas a fazerem o mesmo. Queremos ver essa experiência replicada em muitas outras comunidades”, afirma o consultor da UN-Habitat no projeto, Henry Cherkezian.

Para Iza Ferreira Cuba, presidente do Cedec Paulistano – associação comunitária que atua na Vila Brasilândia desenvolvendo trabalho social com o apoio da CDHU, as novas instalações levarão mais motivação, especialmente aos jovens, que terão várias atividades com mais qualidade. “As crianças e adolescentes daqui vivem um quadro de desesperança, baixa auto-estima e formam um grupo extremamente vulnerável e exposto ao assédio das drogas e da criminalidade”, afirma.

Atualmente, no prédio onde funciona o Cedec, são oferecidas aulas de capoeira por professores voluntários, ginástica para a terceira idade, além de aulas de educação para o trabalho, em parceria com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seads) e o Ministério do Trabalho.

O perfil de atividades a serem oferecidas no novo estabelecimento vai depender das parcerias que a equipe conseguir fechar até a conclusão das obras. Sandra Mendonça, superintendente da área social da CDHU, informa que, até lá, o período será propício para arregimentar parceiros que queiram desenvolver projetos para a população local. “É um momento de somar esforços, planejar e definir responsabilidades para oferecermos o máximo de recursos para essa comunidade”, declara, ressaltando a importância de levar aos moradores da Vila Brasilândia cursos de elevação de escolaridade.

A escolha

Tudo começou quando em 2008 a Basf do Brasil recebeu um contato da Basf Social Foundation, da Alemanha – unidade dedicada a assuntos filantrópicos e que todos os anos doa recursos a projetos sociais em diversas partes do mundo. Ligaram para nós querendo saber se tínhamos interesse em receber o apoio. Aceitamos de imediato”, lembra Ana Lucia Suzuki, gerente de responsabilidade social da empresa. A ajuda financeira da empresa totalizou 170 mil euros.

O próximo passo foi estabelecer contato com o UN-Habitat, que promove campanhas para melhorar as condições de vida da população em assentamentos precários ao redor do mundo. Levantamentos para a escolha do local a ser beneficiado levaram a três comunidades: Paraisópolis, Heliópolis e Vila Brasilândia. A grande carência de ações públicas e privadas voltadas à população e a presença de três estratos sociais (as moradias de ocupação irregular, o conjunto habitacional e as casas ao redor) fizeram da Vila Brasilândia o local selecionado. “Na nossa visão de desenvolvimento social essa peculiaridade é bastante favorável, porque os estratos podem ajudar-se mutuamente, um auxiliando na evolução do outro. A favela tem mais perspectivas ao olhar os moradores da CDHU, enquanto estes se beneficiam das experiências dos moradores do entorno”, explica Ana.

Corrente de solidariedade

Integrada por 45 organizações da sociedade civil atuantes em projetos sociais nos conjuntos habitacionais da CDHU, na capital, a Rede de Compromisso Social reúne associações, instituições do terceiro setor e outros órgãos públicos, representando mais de 80 mil famílias. São grupos que trabalham com mães, idosos, gestores de creches, entre outros. O objetivo é promover intercâmbio de informações de forma a permitir a busca de soluções e a elaboração de projetos sociais para melhorar o quadro socioeconômico e a qualidade de vida das famílias. “Essas organizações tanto podem ser grupos que nasceram nas próprias comunidades, como outras, a exemplo do Rotary Clube”, informa Sandra Mendonça, superintendente da área social da CDHU.

Muitos órgãos e associações têm manifestado interesse em atuar no novo equipamento público, entre eles secretarias estaduais, municipais, subprefeituras e centros de cultura. A Caixa Econômica Federal pretende manter um posto bancário na comunidade, o que garantirá, além de maior comodidade aos moradores – que poderão pagar prestações, contratar financiamentos e abrir contas correntes com depósito de apenas R$ 5 – dará oportunidade de emprego a moradores que queiram trabalhar no posto.

Da Agência Imprensa Oficial