MIS exibe mostra com fotogramas sobre cinema norte-americano

Em cartaz até o dia 8 de abril, exposição traz coleção de imagens de protagonistas de filmes clássicos de Hollywood

dom, 04/03/2018 - 11h06 | Do Portal do Governo

Reconfigurações de fotogramas do cinema clássico, do acervo do artista cearense Solon Ribeiro, estão presentes no Museu da Imagem e do Som (MIS) durante a exposição “Quando o cinema se desfaz”. Com curadoria de Ricardo Resende (Museu Bispo do Rosário/RJ), a mostra traz um recorte da produção de Solon, por meio de instalações, vídeos e fotografias, incluindo uma área com monóculos com fotogramas de seu acervo original.

A exposição está em cartaz até 8 de abril e ocupa todo o segundo andar do MIS. Nos anos 1990, Solon Ribeiro herdou do pai uma coleção de mais de 20 mil fotogramas, que mostram, em geral, protagonistas de filmes clássicos de Hollywood. O acervo foi iniciado ainda nos anos 1950 por seu avô, Ubaldo Uberaba Solon.

Os fotogramas eram cuidadosamente guardados em álbuns feitos especialmente para esse fim, contendo o nome e o ano de cada filme, bem como uma legenda com os nomes dos atores. A mostra no MIS é composta do deslocamento desses fotogramas em vídeos e novas imagens fotográficas, demonstrando o desejo do artista de exorcizar essa herança que carrega ao longo de sua vida.

Contextos

Nas mãos do artista, as imagens são reconfiguradas e ganham um novo sentido na forma de instalações e projeções performáticas, criando, assim, novos filmes e novos contextos para as cenas originais: mm beijo, um olhar, um sorriso, um corpo, um rosto, um gesto congelado.

“Trabalhando com um acervo constituído fundamentalmente por fotogramas originários do cinema clássico, venho deslocando esses objetos em diversas configurações para ‘desprogramar’ o dispositivo clássico e ativá-lo para outras possibilidades de fruição, estimulando a atuação imaginativa do espectador”, afirma Solon.

Segundo o curador Ricardo Resende, Solon Ribeiro é artista da família dos inclassificáveis e não se enquadra em nenhuma categoria da arte tradicional. “Do mesmo modo, o que faz como arte também não se coloca em uma gaveta, não deixa o pensamento se acomodar. É um turbilhão de coisas que remove tudo do seu lugar”, destaca.

Carreira

Artista visual, fotógrafo, professor e curador, Solon Ribeiro é formado em Comunicação e Arte pela L’école Superieure des Artes Décoratifs, París-France. É também autor dos livros “Lambe-Lambe Pequena História da Fotografia Popular” e “O Golpe do Corte”.

Em 2016, o artista foi contemplado com o projeto “O Golpe do Corte”, no Rumos Itaú Cultural, em que propunha a preservação, a digitalização, a catalogação e a publicação desse acervo de fotogramas (www.ogolpedocorte.com.br). Como muitos artistas contemporâneos, seu trabalho se volta para a problematização das imagens clichês, tendo em vista o fenômeno contemporâneo da saturação de imagens.

Com a herança dos fotogramas, ocorre uma espécie de reencontro no caminho traçado por Solon: encontro entre o percurso questionador do artista e suas primeiras experiências em salas de cinema.