“Meu filho Pietro mudou minha vida”

Raquel, 20 anos

“O Pietro é meu primeiro filho. Já entrei aqui grávida de dois meses. E o pai dele, quando soube que eu fui presa, sumiu. Nunca mais o vi.

Eu não queria ter filho, foi um descuido mesmo. Mas depois que o Pietro nasceu eu mudei. Antes, eu não me importava muito se poderia morrer ou se algo de ruim pudesse acontecer comigo. Eu vivia sem medo de nada. Agora não. O Pietro mudou tudo. Mudou minha ideia sobre o amor. Eu achava que o amor era só entre homem e mulher. Como meus pais morreram quando eu era criança, eu, também, não tinha muita referência de família.

Minha família é minha tia. Ela nem é de sangue, mas é assim que eu a chamo. Desde que eu estava na rua, ela sempre me ajudou. E, se tudo der certo, ela ficará com o Pietro assim que ele completar seis meses de vida e tiver que sair daqui. Ele ainda fica mais um tempo comigo, porque está com três meses agora. É muito bom eu poder ter esse contato com ele aqui dentro. E aqui eu tenho apoio das funcionárias, tem uma cartilha que me ajuda com bastante informação como amamentação, crescimento, peso. Eu que sou mãe de primeira viagem, gostei muito. O tempo todo que meu filho ficar aqui, eu ficarei grudada nele. Hoje sei que ele é o amor da minha vida. 

Meu sonho é voltar a estudar, construir uma família. Agora quero até ter mais filhos, porque cresce rápido né. As pessoas sempre falam isso. Mas é que é muito rápido mesmo e já dá até saudade de ver ele bebê. Tudo que mais quero hoje é sair daqui e cuidar dele. Cuidar para que ele não cometa os mesmos erros que eu”.

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Raquel Silva tem 20 anos e deu à luz Pietro em junho de 2016. Ela cumpre pena em regime fechado e está na Penitenciária Feminina da capital. O Livro do bebê/ Cartilha de orientação para lactantes é distribuído pela Secretaria de Administração Penitenciária e faz parte das ações da pasta com foco no bem-estar das mães e bebês durante o período de reclusão.

#CriançaSP

Do Portal do Governo do Estado