Método desenvolvido na Unicamp reduz tempo de codificação de imagem digital

Nova tecnologia comprime imagens digitais, permitindo que ocupem menos espaço na memória dos equipamentos

dom, 22/04/2007 - 12h01 | Do Portal do Governo

Em equipamentos digitais, como câmeras fotográficas e computadores, a busca é, cada vez mais, por imagens de alta qualidade e que ocupem o menor espaço possível na memória da máquina. Para contribuir com esse propósito, pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp desenvolveram uma tecnologia de ponta que reduz tempo de codificação (ou compressão) de imagens e vídeos, possibilitando que elas ocupem menor espaço, sem perder a qualidade.

O novo processo alia duas técnicas já existentes: as transformadas wavelets e a tecnologia fractal (ver boxe). Trata-se, portanto, de um sistema de codificação híbrido. “O método reduz em 95% o tempo que os codificadores fractais básicos gastam para comprimir a mesma imagem. E o que é melhor, com qualidade superior à dos métodos originais separados (transformadas wavelets e tecnologia fractal) e ocupando o mesmo espaço”, explica o professor Yuzo Iano, autor do trabalho, junto a Fernando Silvestre da Silva e Ana Lúcia Mendes Cruz. Os três pertencem ao Laboratório de Comunicações Visuais da Feec.

O novo codificador pode ser aplicado à compressão de imagens via satélite e Internet, em câmeras e filmadoras digitais, celulares, webcams, televisão digital e, além disso, na digitalização de arquivos em bibliotecas virtuais. A tecnologia pode ser empregada em empresas que trabalhem com transmissão e armazenamento de imagens e vídeos digitais. “Quem sai ganhando com o novo método são os usuários, que exigem cada vez mais velocidade, capacidade de armazenamento e transmissão e excelente qualidade para suas fotos e vídeos”, revela Iano.

Como a conclusão do método de codificação é recente (ocorreu em dezembro do ano passado), ainda não é utilizado comercialmente. O pedido de patente foi requerido pela Agência de Inovação da Unicamp e encontra-se disponível para ser transferido às indústrias – especialmente na área de telecomunicações e informática – que estejam interessadas em comercializar o processo.

Com algumas melhorias e desenvolvimento de hardware dedicado (circuito eletrônico projetado especificamente para método em questão), a nova tecnologia poderá ser estendida para aplicações em tempo real, como o sistema de televisão digital recentemente adotado no País. Há, também, de acordo com Iano, a possibilidade de o novo método ser utilizado na transmissão de imagens do primeiro satélite universitário brasileiro, o Itasat.

Esse satélite é uma produção conjunta da Unicamp, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e da Universidade de São Paulo (USP) – câmpus São Carlos. O projeto do Itasat tem apoio e suporte da Agência Espacial Brasileira (AEB) e apoio técnico e cooperação científica do Instituto Nacional de Pesquisas espaciais (Inpe). O projeto, do qual participam alunos de graduação e pós-graduação, deve incentivar a qualificação e a formação de futuros profissionais na área de comunicação via satélite.

Junção das funcionalidades de dois sistemas

As transformadas wavelets são técnicas utilizadas, por exemplo, na compressão de imagens e vídeos digitais, em aplicações médicas e no reconhecimento da íris. O mesmo ocorre com a tecnologia fractal. As transformadas wavelets, de modo geral, decompõem a imagem em camadas de detalhes, que podem ser tratadas separadamente, permitindo a transmissão progressiva (caso das imagens via Internet) e tratamentos para obtenção de melhor qualidade da imagem.

As técnicas fractais exploram a auto-similaridade da imagem (semelhança que as partes têm entre si), para representá-la num número menor de bytes (arquivo de tamanho menor). “O que fizemos foi juntar as funcionalidades de cada um dos sistemas para criar uma técnica mais eficiente”, explica Iano.

Paulo Henrique Andrade

Da Agência Imprensa Oficial

(R.A.)