Metade dos transplantes de órgãos do Brasil é feita em São Paulo

Tempo de espera para receber uma córnea caiu mais de 90% nos últimos dois anos

ter, 06/10/2009 - 8h00 | Do Portal do Governo

Atualizado em 13 de outubro às 14h15

Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, divulgado no mês de setembro, aponta que São Paulo é recordista nos transplantes de órgãos no País. Só no primeiro semestre deste ano, o Estado realizou 988 das 2099 operações realizadas no País – o que equivale a mais 47% do total. No mesmo período de 2008, os hospitais paulistas fizeram 39,7% dos transplantes no Brasil, ou seja, 671 cirurgias.

Ainda quando era ministro da Saúde do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador José Serra ampliou os recursos para a área de transplantes no País. Agora, Serra está expandindo o setor em São Paulo. Entre 1997 e 2001, o número de transplantes por ano no Estado dobrou, e o Brasil passou a ser o segundo país do mundo na área.

Além da eficiência nos transplantes, o Estado de São Paulo também tem como característica a agilidade. Nos últimos dois anos, a espera por um transplante de córnea despencou 91,3% no Estado nos hospitais paulistas. Um paciente que precisa do tecido permanece na fila, em média, apenas 15 dias. Em 2007, a espera durava 174 dias e, em 2005, o paciente aguardava mais de dez meses. Os dados são da Secretaria de Saúde com base no mês de setembro. A pesquisa do Ministério da Saúde mostra ainda que 2.948 córneas foram transplantadas nos hospitais paulistas só no primeiro semestre deste ano – no Brasil, foram 6.151 procedimentos desse tipo.

A ampliação do número de transplantes e a redução do tempo de espera em São Paulo se devem, sobretudo, à reorganização da Central Estadual de Transplantes, órgão vinculado à Secretaria da Saúde, iniciada no ano 2000. De acordo com Luiz Augusto Pereira, médico coordenador da entidade desde 1998, a reorganização das listas de pacientes e a reformulação de critérios de distribuição foram decisivos para a evolução do serviço.

No caso dos transplantes de fígado, por exemplo, há duas listas de espera – uma para Grande São Paulo e outra para o interior. Entretanto, a fila respeita uma exceção – a gravidade do caso. “Um paciente que sofre uma parada repentina do fígado tem prioridade em relação a uma pessoa que possui uma doença crônica e pode esperar mais um pouco”, afirma Pereira.

A lista para conseguir um transplante de coração é única para todo o Estado, mas não basta estar na relação: é preciso que o órgão seja compatível com o paciente. Isso leva em conta características como a idade do doador, o tipo sanguíneo do receptor e o tamanho do órgão. O mesmo vale para pulmão e pâncreas. Os pacientes que esperam por um rim estão em três listas – uma para a Grande São Paulo, uma para Campinas e outra para Ribeirão Preto.

Já na área de transplantes de córneas, houve uma grande readequação na ordem das cirurgias. Segundo Pereira, havia diversos bancos de olhos em São Paulo e cada um fazia sua própria lista de espera. “Há nove anos, a Secretaria [de Saúde] desenvolveu um sistema informatizado para as equipes médicas de todo o Estado cadastrarem seus pacientes. Ao mesmo tempo, a vigilância sanitária passou fiscalizar, credenciar e autorizar os bancos de olhos”, explica o médico.

Fila zerada

Atualmente, o Estado de São Paulo possui nove bancos de olhos preparados para captar córneas, prepará-las para as operações e entregá-las para as equipes médicas. Esses centros de distribuição respeitam listas de espera únicas, que são elaboradas e gerenciadas pela Central de Transplantes na capital paulista. “Há uma lista que contempla a Grande São Paulo e o litoral e outras três no interior: uma na região Campinas/Sorocaba, outra em Ribeirão Preto/São José do Rio Preto e, por último, uma Botucatu/Marília. Uma região só repassa córneas para outra se a lista estiver zerada, ou seja, se não houver nenhum paciente em espera”, afirma o coordenador da Central de Transplantes.

Para manter o alto nível de organização, a Central de Transplantes possui um rígido controle de informações. Todas as córneas captadas pela rede de banco de olhos possuem uma ficha técnica, com nome e idade da vítima e cerca de dez critérios para avaliar em vários graus sua qualidade. “Quando oferecemos uma córnea, a equipe médica tem uma hora para aceitar ou recusar. Se a equipe descartar cinco vezes seguidas, ela é retirada do nosso banco de dados”, diz Pereira.

Outro fator que ajuda a aceleração das listas de espera para os transplantes de córnea é o tempo de validade do órgão. Em média, uma córnea dura até dez dias, se conservada em condições adequadas. Para completar, não existem restrições comuns dos outros órgãos, como tamanho e compatibilidade sanguínea. “Não importa a idade do doador nem do receptor”, diz Pereira. Por ano, cerca de seis mil transplantes de córnea são realizados no Estado – média de 16 operações por dia.

Do Portal do Governo do Estado de São Paulo