Meta é aumentar em 50% área de proteção da Mata Atlântica no Estado

A iniciativa visa identificar áreas com mata ciliar degradada que deverão ser reflorestadas

qua, 06/06/2007 - 17h10 | Do Portal do Governo

O plano do governo de São Paulo é recuperar 1,7 milhão de hectares de mata ciliar em todo o Estado no prazo de quatro anos. Para chegar a esse número, equivalente a 50% da área da Mata Atlântica paulista, o governador José Serra autorizou na manhã desta quarta-feira, 6, em Lorena, no Vale do Paraíba, a criação do cadastro estadual de áreas disponíveis para reflorestamento no Estado, que será coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente.

A iniciativa visa identificar áreas com mata ciliar degradada que deverão ser reflorestadas. Com isso, a intenção é fazer do cadastro um instrumento para centralizar informações entre proprietários de terras interessados no reflorestamento e ONGs (organizações não governamentais) dispostas a coordenar ações adequadas para a implantação dos projetos.

A meta é elevar a recuperação da mata ciliar ampliando a cobertura vegetal em território paulista dos atuais 13% para 20%. “As matas ciliares são muito importantes para proteção da água e melhoria das condições ambientais de vida”, destacou o governador. Serra lembrou também que o aumento da superfície verde em São Paulo ajuda a combater a concentração de carbono na atmosfera, um dos gases ligados ao efeito estufa.

O governador informou que as propriedades com área superior a 500 hectares terão a obrigação de efetuar o cadastro no site da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (www.ambiente.sp.gov.br). “Acima de tudo, vamos dar assistência técnica para que a recomposição das matas possa ser feita”, explicou José Serra. Segundo ele, o montante proposto para recuperação é ambicioso, porém, necessário para o Estado. “Temos que ter um olho no futuro e um olho no presente. Do contrário, o futuro será vítima de um presente de irresponsabilidade”, avaliou.

Durante discurso, José Serra fez um balanço das ações do governo estadual ao final da semana mundial do meio ambiente. Ele lembrou do protocolo de intenções assinado na segunda-feira, 4, com os produtores de cana de açúcar para reduzir as queimadas nos canaviais e as ações da Policia Ambiental no combate ao tráfico de animais silvestres, entre outros.

Serra lembrou ainda que o governo do Estado vem desenvolvendo um programa para retirada de famílias residentes nas encostas da Serra do Mar, no município de Cubatão. “Era um processo predatório de ocupação”, lamentou o governador, ressaltando que atualmente  policiais ambientais fazem o monitoramento da área para evitar novas invasões. Outra frente do Governo Estadual trabalha no sentido de iniciar a construção de novas moradias para as famílias deixarem a região.

Visita

Antes de participar da cerimônia de criação do cadastro estadual, o governador Serra visitou a Fazenda Conceição, cuja área foi contemplada com o Projeto Corredores Ecológicos, ação que tem como objetivo promover o reflorestamento de 115 mil hectares de florestas nativas no período de dez anos nos municípios de São Luis do Paraitinga, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Lorena e Guaratinguetá.

“Essa fazenda é modelar no que se refere à recuperação da mata ciliar e à maneira de se tratar a natureza. Isso aqui constitui um bom exemplo a ser seguido no Estado de São Paulo”, elogiou Serra.

Mata Ciliar

O cadastro criado com a autorização do governador integra o Programa Mata Ciliar, um dos 21 projetos ambientais estratégicos lançados pelo governo paulista em abril deste ano. O gesto agradou representantes de entidades ligadas ao meio Ambiente. Esse é o caso do presidente da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani. Ele acredita que o cadastro vai contribuir significativamente para que o Programa Mata Ciliar seja bem sucedido.

“A partir de agora, haverá uma cultura de restauração florestal às margens de rios com a participação de vários segmentos”, observou. Para Mantovani, o banco de dados também permitirá a valorização econômica de várias áreas antes sem valor comercial.

A gerente do projeto Mata Ciliar, Helena Carrascosa, explicou que os produtores podem se cadastrar também nas unidades do DPRN (Departamento Estadual de Recursos) em todo o Estado. “O banco vai ser consultado por empresas ou organizações que precisem fazer plantios para cumprir compromissos de recomposição florestal. A idéia é aproximar o proprietário das áreas a serem recuperadas de quem quer fazer o reflorestamento”, esclareceu Helena.

Cleber Mata / Manoel Schlindwein

Leia também:

Em Lorena, Serra oficializa criação de cadastro de reflorestamento de mata ciliar