Mesmo com índice baixo, SP fica bem em ranking, diz reportagem de O Estado de S.Paulo

Pelo Ideb, São Paulo ocupa a terceira melhor colocação entre as 27 unidades da Federação, mostra o jornal O Estado de S.Paulo

qui, 26/04/2007 - 9h34 | Do Portal do Governo

Um total de 500 municípios dos 525 que oferecem ensino fundamental na rede estadual de 5ª a 8ª séries no Estado de São Paulo têm nota abaixo de 5 pelos dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O baixo desempenho dos alunos dessa etapa também foi constatado na rede municipal paulista: das 158 cidades que oferecem ensino municipal nessa faixa, 152 tiveram média abaixo de 5.

Em relação aos alunos da rede estadual de São Paulo de 1ª a 4ª séries, o Ideb aponta que 154 dos 236 municípios que oferecem esse tipo de ensino estão com nota abaixo de 5. Na rede municipal são 345 de 481. Para Carlos Ramiro, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os números não são uma surpresa. “Pela infra-estrutura e condições de trabalho o resultado não podia ser outro. Uma das ações para mudar isso de imediato seria a criação de um sistema único de ensino (Estado e município), o aumento da carga horária, porque o aluno hoje fica pouco tempo na escola, e a participação da sociedade no contexto escolar”, acredita.

O Ideb para a rede estadual deixa o Estado de São Paulo na terceira melhor colocação entre as 27 unidades da Federação, com média 4,5, atrás do Paraná (5,0) e de Minas Gerais (4,9), quando levado em consideração o desempenho dos alunos de 1ª a 4ª séries. Já de 5ª a 8ª, a média paulista foi 3,8, perdendo apenas para Santa Catarina, que ficou em primeiro lugar com 4,1. A secretária estadual da Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, não quis comentar os dados. A assessoria de Imprensa da secretaria afirmou que ela só falará do assunto depois que tiver acesso à pesquisa completa.

Maria do Pilar Lacerda, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), diz que o baixo desempenho mostrado até nos melhores resultados estaduais é uma constatação de que há uma dificuldade de saber o que é escola de qualidade. “Além de receber todos, a escola precisa ensinar todos. Mas, por outro lado, acredito que estamos no caminho certo, porque sabemos o que precisa melhorar e o que devemos fazer: investir no professor, em salário e qualificação.”

No geral, a média nacional é baixa e, por isso, São Paulo sai na frente. Entre os alunos avaliados de 1ª a 4ª séries da rede estadual, a média brasileira ficou em 3,9, e de 5ª a 8ª, 3,3. Já na rede municipal, a média dos municípios brasileiros ficou em 3,4, de 1ª a 4ª, e 3,1, de 5ª a 8ª.

Mozart Neves Ramos, diretor-executivo da ONG Todos pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), acredita nos resultados do Ideb como alicerce para dobrar o nível de esforço dos governantes. “O País se preocupou na década de 90 em colocar todas as crianças na escola, mas parece que se esqueceu de preparar o conteúdo e os professores para receberem a demanda. É preciso investir em quem está na sala de aula e cobrar resultado.”

PARTICIPAÇÃO

Torrinha, cidade a 240 km da capital e com 8.837 mil habitantes, está no topo do ranking do Ideb do Estado de São Paulo. A nota do ensino de 1ª a 4ª séries oferecido pela rede estadual na cidade foi 6,7, acima da meta que o Brasil quer atingir em 15 anos. Essa posição do município, que desde o início do ano letivo está sem secretário da Educação por causa de conflitos políticos, pode ser atribuída à escola Coronel Antonio Luciano da Fonseca, única pública que atende à demanda local de 1ª a 4ª séries.

Com aproximadamente 550 alunos, a escola conta com o apoio da comunidade na tomada de decisão. “Nosso conselho de escola é ativo, temos grêmio estudantil e mais de 90% dos professores trabalham aqui há dez anos ou mais. Se um aluno está com problema, recorremos à família”, afirma Maria Claret Dalfito do Prado, coordenadora pedagógica.

3,3 foi a média de São Paulo no ensino médio público; a nota é igual à de Roraima

 

Bartira Betini e Maria Rehder

O Estado de S.Paulo