Memorial presenteia São Paulo com obra de Maria Bonomi

Público poderá conferir o conjunto de painéis “Etnias – Do Primeiro e Sempre Brasil” a partir de sexta-feira, 25

ter, 22/01/2008 - 16h34 | Do Portal do Governo

A Fundação Memorial da América Latina entrega a São Paulo nesta sexta-feira, 25, dia do aniversário da cidade, a obra “Etnias – Do Primeiro e Sempre Brasil”, de autoria de Maria Bonomi. É um presente de grandes proporções e beleza. Trata-se de um conjunto de painéis em argila, bronze e alumínio cujas gravuras – e Maria Bonomi é uma das nossas maiores gravadoras – lançam um olhar sobre os habitantes que aqui viviam antes da invasão dos europeus até os dias de hoje.

Quem chegar ao Memorial pela entrada principal vai se surpreender. A instalação “Etnias – Do Primeiro e Sempre Brasil” está localizada na passagem de nível de 50 metros que liga o metro ao conjunto arquitetônico. Nesse corredor espelhos em toda a extensão das duas paredes e a iluminação cenográfica emolduram painéis e toténs que recontam de forma estilizada a história do índio brasileiro.

Compostos por alto e baixo relevos, os painéis em argila evocam as origens, a mata, cavernas, pinturas rupestres, padrões indígenas, instrumentos rituais, armas, animais e as primeiras habitações. Já os painéis em bronze remetem à chegado dos colonizadores. Lá estão as caravelas, os personagens, as armas de fogo, os sinos, as fortalezas, as missões. Por fim, os painéis de alumínio investigam a presença indígena na contemporaneidade, como na construção de Brasília, por exemplo.

Três fases

Tal qual uma linha do tempo, Bonomi dividiu o percurso de “Etnias” nessas três fases. A primeira, “arqueológica”, é feita totalmente em barro; a segunda, já abordando o primado da técnica, é cunhada em bronze; a terceira fase fpo feota em alumínio, pois esse material, segundo Bonomi, remete aos tempos atuais.

Mais do que uma experiência contemplativa, as pessoas se integram à obra ao passar entre as placas maciças e por meio dos jogos de espelhos. E passeiam através de uma série de “fotogramas” gigantes e penetráveis, que formam uma espécie de “espetáculo” em alto e baixo relevo. O corredor de entrada do Memorial se transforma assim num espaço interativo, no qual o público se integra fisicamente com a História.

Para a execução desse projeto, Maria Bonomi instalou um ateliê no subsolo da Galeria Marta Traba do Memorial, onde foram utilizadas mais de 10 toneladas de matéria-prima, trabalhada por artistas nacionais e internacionais qualificados e índios da Aldeia Krukutu, em Parelheiros, São Paulo.

Sobre a artista

Na verdade, a matéria plástica trabalhada por Maria Bonomi é o Tempo. Assim é que há 19 anos construiu no próprio Memorial um outro painel em relevo denominado “Futura Memória” e recentemente fez para a Estação da Luz a “Epopéia Paulista”. Nascida em Meina, Itália, em 1935, de mãe brasileira, Bonomi atua como gravadora, figurinista, cenógrafa e pesquisadora.

Maria Bonomi é uma das mais respeitadas artistas plásticas do país. Suas obras figuram em renomados museus e coleções particulares nacionais e internacionais. Faz trabalhos de arte pública desde a década de 1970, com painéis em diversas cidades brasileiras e no exterior, e mais de 50 obras já instaladas. Destacam-se: “Ascensão”, Igreja da Cruz Torta, São Paulo, 1974; “Arrozal de Bengüet”, Hotel Maksoud Plaza, São Paulo, 1979; “Construção de São Paulo”, Estação Jardim, São Paulo, 1998.

Entre os prêmios recebidos destacam-se: Melhor Gravador Nacional, na VIII Bienal de São Paulo (1965); Prêmio Theadoron, na V Bienal de Paris (1967); Prêmio do Júri Internacional na XV Bienal Internacional de Gravura de Liubliana (1983); 42º Prêmio Santista – Gravura, pela Fundação Bunge (1997). Tem doutorado em Arte Pública pela Universidade de São Paulo, concluído em 1999. 

Projeto coletivo

Ao todo, aproximadamente 30 pessoas participaram do projeto “Etnias – Do Primeiro e Sempre Brasil”, entre as quais, o artista venezuelano Carlos Pedreañez, o argentino Leonardo Ceolin, e os brasileiros Cláudia Maria Braga Ribeiro, Lourdes Sakotami, Suzette Salvetti e Talita Zaragoza. Ainda trabalharam,  no projeto Arte Educação, Alberto da Silva; na consultoria antropológica, Cláudia Andujar e Cildo Oliveira; na arquitetura e montagem, Rodrigo Velasco e o ceramista Antônio Nóbrega. 

SERVIÇO

Etnias – Do Primeiro e Sempre Brasil”

Abertura ao público: 25 de janeiro, às 9h.

Visitação: todos os dias, das 9 às 18h.

Memorial da América Latina

Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664

Entrada pelo portão 1, ao lado do metrô Barra Funda

Telefone: (11) 3823-4600

Mais informações sobre a obra e a artista: www.mariabonomi.com.br

 

Do Memorial da América Latina

(I.P.)