Memorial da AL investe no meio ambiente e atrai novos visitantes

Mais de 460 árvores e exemplares da fauna brasileira dão nova vida ao complexo

sáb, 07/02/2009 - 10h23 | Do Portal do Governo

Nos últimos tempos, o Memorial da América Latina tem recebido alguns visitantes especiais: são alguns exemplares da fauna brasileira, como periquitos e sábias-laranjeira. A presença desses ilustres personagens deve-se a um projeto paisagístico que inclui árvores frutíferas, desenvolvido no Memorial por Joaquim da Silva Boaventura, engenheiro civil responsável pela gerência técnica. Diferente dos seus colegas de profissão, que têm relação íntima com o concreto, Boaventura (ou Boa como é conhecido), tem atração especial pelo verde. Mostra com orgulho a sua mais nova obra e com ela o Memorial, aos poucos, deixa de lado o aspecto árido e desértico.

De acordo com Fernando Leça, presidente da Fundação Memorial da América Latina, existem muitas histórias sobre a aridez do complexo arquitetônico e não faltam críticas. Na proposta conceitual da obra, idealizada pelo antropólogo Darcy Ribeiro e adotada por Oscar Niemeyer, o lugar deveria remeter aos sofrimentos dos povos latino-americanos, embora Darcy não tenha falado em desertos.

Doações – “Na realidade, o complexo arquitetônico está repleto de carga ideológica. Na concepção marxista de Niemeyer, os grandes espaços estão destinados ao povo, porque ele é o protagonista das grandes decisões. Para isso, existe a Praça do Sol, lugar que em determinadas ocasiões chegou a receber 140 mil pessoas”, informa Leça. Boaventura salienta que a estrutura do local foi preservada, assim como os grandes espaços e o concreto puro das obras. O verde tem seu espaço próprio sem brigar com o aspecto original do projeto.

Araçás, flamboyants, ipês, palmeiras-jussaras, palmeiras-jerivás, jatobás, paus-ferro, cajuzeiro, jaboticabeiras, pitangueiras, jequitibás, e é claro, o pau-brasil estão misturados num conjunto de 467 árvores plantadas nas principais manchas de terra que sobraram no projeto de Niemeyer, nas laterais do terreno. Todas as espécies foram doadas pela Fundação Florestal e Viveiro Manequinho Lopes. A expansão do verde no lugar começou tímida. Quarenta vasos, doados pelo Manequinho Lopes, foram colocados na entrada da administração. Hoje, 160 deles embelezam, estrategicamente, a entrada dos edifícios do complexo arquitetônico.

Escudeiros – As palmeiras, que originalmente estavam no projeto de Niemeyer, tiveram de ser substituídas por estarem doentes. “Atualmente, temos 162 palmeiras, das quais 48 foram recém-plantadas”, explica Boaventura. Para cuidar desse espaço verde, o engenheiro conta com dois ‘escudeiros’ tão entusiasmados quanto ele: o jardineiro Antônio Barbosa da Fonte e o assistente de jardinagem Nivaldo da Silva Barbosa. Há cinco anos no Memorial, o pernambucano Antônio mostra com orgulho o muro de 500 metros que separa o Memorial da linha férrea da CPTM. “Aqui temos algumas árvores frutíferas, que já produzem e atraem passarinhos. De manhã, é comum vermos periquitos bicando coquinhos das palmeiras e frutinhas”, diz.

O cajuzeiro recebeu tratamento especial. Árvore da região nordeste, não aguentaria o tipo de clima da capital paulista (frio e úmido). É nessa hora que a criatividade fala mais alto. Ao lado dele foram colocadas placas de alumínio que refletem a luz do sol para aquecê-lo. O resultado foi rápido. O cajuzeiro já produz frutos. Ao lado do muro vizinho à CPTM há vários pés de espatodia, árvore de flores vermelhas. “Com o tempo, o muro ficará todo colorido e haverá um contraste entre o verde e o vermelho em toda a extensão de seus 500 metros”, diz Boaventura.

O espaço avulso do estacionamento, próximo ao portão 15, ganhou mudas de pau-brasil. Palmeiras formaram alamedas atrás do auditório e, em breve, haverá um bosque de ipês-rosa. Os canteiros da Avenida Auro Soares de Moura Andrade – também mantidos pelo Memorial conforme acordo com a subprefeitura da Lapa – receberam tratamento especial. Há algum tempo foi instalado um corrimão para ajudar a travessia de idosos e portadores de necessidades especiais. Recentemente, foram ornamentados com girassóis.

Verde para todos – Além das árvores e arbustos que se alinham pelas antigas manchas marrons do Memorial, existem duas usinas de compostagem e um viveiro de plantas. “As novas palmeiras são filhas do Memorial, nasceram aqui. Muitos visitantes e alguns funcionários já levaram mudas para casa”, diz o engenheiro. As 27 jabuticabeiras já produziram três ou quatro quilos das frutinhas para deleite dos funcionários e dos pássaros.

Os 3 mil metros quadrados de espelho-d´água também recebem atenção. “Não perdemos um minuto na conservação. Temos um funcionário encarregado só para ter a certeza de que ali não teremos problemas com a dengue”, diz o engenheiro. A Praça Cívica (conhecida como Praça do Sol) – com a nobre missão de abrigar concentrações populares adequadamente – ficou mais atraente: 30 palmeiras-jerivás acolhem os visitantes que desembarcam do Metrô. Agora, o Memorial já tem muito verde.

Maria Lúcia Zanelli – Da Agência Imprensa Oficial