O inimigo de todos os anos

Operação Corta-Fogo implantada pelo Corpo de Bombeiros em 2011 já reduziu em 40% o número de incêndios no Estado

qua, 22/08/2012 - 10h43 | Do Portal do Governo

Quando chega a época da estiagem, é certeza que o Corpo de Bombeiros terá trabalho redobrado. “A estiagem ocorre, em São Paulo, entre os meses de junho e outubro. Neste período, o ar seco e os fortes ventos, somados às festividades juninas e frequência das queimadas agrícolas, contribuem para o alastramento de focos de incêndio”, explica o tenente PM Marcos das Neves Palumbo, porta-voz da instituição.

Por meio da Operação Corta Fogo – Campo sem fogo, Campo com vida 2012, a corporação procura diminuir o número de incidências em todo o Estado. A operação foi implantada pela primeira vez em 2011, registrando-se redução de 40% no número de incêndios (o total de 2.837 em 2010 caiu para 1.779). Trata-se de uma ação conjunta da Secretaria do Meio Ambiente, Casa Militar, Secretaria da Segurança Pública, prefeituras e seus órgãos interligados, como a Polícia Ambiental, a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, a Companhia Ambiental do Esta do de São Paulo (Cetesb), a Fundação Florestal (FF) e o Instituto Florestal (IF).

O 12º Grupamento de Bombeiros de Bauru está utilizando, em fase experimental, aviões agrícolas no combate a incêndios florestais na época de estiagem. “Observamos que havia uma dificuldade em combater este tipo de incêndio por causa das grandes extensões territoriais. Os aviões agrícolas que colocavam pesticidas nas plantações ficavam ociosos nesta época. Entramos em contato com as empresas e firmamos convênio. Hoje, estamos utilizando as aeronaves no combate aos focos de incêndio. Conseguimos aliar a defesa do meio ambiente com o equilíbrio da economia local. Ganham os dois lados”, explica o major PM Rogério Gago, subcomandante do 12º Grupamento de Bombeiros de Bauru e coordenador regional da Defesa Civil.

De acordo com o oficial, foram realizadas quatro operações em 2011 e duas neste ano. A utilização das aeronaves diminui o tempo de atendimento às ocorrências e evita o desgaste do bombeiro e das viaturas. Nos grandes focos de incêndio, para evitar a propagação do fogo, também, é utilizado o acero químico – espécie de barreira que faz a contenção do incêndio.

O projeto é fruto da linha de pesquisa do major PM Rogério, para a sua tese de doutorado em ciências policiais de segurança e ordem pública, no Centro de Altos Estudos de Segurança Coronel PM Nelson Freire Terra, da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Ajuda

Apesar de todo o esforço, os focos de incêndio continuam por todo o Estado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as principais causas são: descuido das pessoas, pontas de cigarro aceso em rodovias, queima de lixo, queima não controlada em pastos e canaviais, fogueiras e queda de balões. “A população é nossa parceira nesta operação. Basta tomar os cuidados necessários que evitaremos grandes problemas. E alerta: em condições favoráveis, uma pequena faísca pode provocar grandes incêndios”, salienta Palumbo.

Dados do Corpo de Bombeiros revelam 5.792 ocorrências entre 24 de maio e 16 de agosto, em todo o Estado. A região de Campinas lidera o ranking com 590 ocorrências. “O maior problema são as pastagens. Fazemos campanhas permanentes para que, durante este período, os proprietários não queimem a plantação”, diz. Sidnei Furtado Fernandes, coordenador regional da Defesa Civil em Campinas, informa que o plano de estiagem foi implantado em 2010. “Começamos a realizar um trabalho de gestão integrado para evitar o alastramento dos focos de incêndio que chegavam a 50 por dia. Estamos tentando reduzir esses números,” explica.

Na região de Presidente Prudente, 521 hectares sofreram com as queimadas, a maior parte em áreas de reflorestamento. Em Guarulhos, foram 253 ocorrências, enquanto a região do ABC teve 210 casos. Na capital, a zona leste ocupa o primeiro lugar no ranking de focos de incêndio, com 201 ocorrências, nos bairros do Itaim Paulista e Itaquera, com 24 hectares de áreas queimadas. Em segundo lugar vem a zona norte, com 110 e 17 hectares de áreas queimadas. Em terceiro lugar, a zona sul, com 90 ocorrências e 9 hectares de áreas queimadas. Em último, a zona oeste, com 37 ocorrências e 4,84 hectares de área queimada. Na Região Metropolitana de São Paulo, em um único dia (16 de agosto) foram registradas 77 ocorrências.

Da Agência Imprensa Oficial