Meio Ambiente: Secretaria realizou curso com especialistas em ecopedagogia

Participaram a bióloga Maria Rita Avanzi e o educador Fábio Alberti Cascino

qui, 18/05/2006 - 14h05 | Do Portal do Governo

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado realizou na última semana o terceiro módulo do curso Educação Ambiental: Tendências e Recursos Pedagógicos. A atividade, que tratou do tema “Ecopedagogia”, foi organizado pelo Departamento de Educação Ambiental, da Coordenadoria de Planejamento Estratégico e Educação Ambiental – CPLEA, em parceria com a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e o apoio da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, no auditório do Centro de Capacitação de Educadores “Professor André Franco Montoro”.

A primeira palestra, sobre “Diálogos entre Ecopedagogia e Educação Ambiental”, foi apresentada pela bióloga Maria Rita Avanzi, doutora e mestre em Educação Ambiental pela Universidade de São Paulo – USP, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP e especialista em projetos de educação ambiental. A bióloga falou sobre as contribuições da ecopedagogia para o desenvolvimento de práticas de educação ambiental, a partir da compreensão que um grupo tem do seu ambiente, fazendo uma reflexão sobre a sua realidade para transformá-la. “A ecopedagogia visa uma mudança de valores de atitudes da relação do sujeito consigo, com o outro e o ambiente, buscando uma postura de respeito à vida”, esclareceu.

No entender da palestrante, é fundamental para o ecopedagogo, assumir uma postura de escuta do que se apresenta como problemática. “Num ambiente escolar, faz-se necessário um diagnóstico das demandas e das potencialidades para enfrentamento dessa problemática”, explicou.

Para Avanzi, esse caminho se compromete com a emancipação dos sujeitos e a construção da solidariedade, desenvolvida em seus princípios essenciais, sob a forma de programas de educação para a paz, focalizando valores que promovam a inclusão, a integração das dimensões ecológicas e, sobretudo, o compartilhar, consideradas as diferenças e similaridades das diversas formas de vida. No seu entender, “a atitude de escuta do educador é essencial para o estabelecimento de uma relação de diálogo entre a diversidade de leituras de mundo, considerando a legitimidade dos diferentes saberes”, concluiu.

A segunda palestra do curso coube a Fábio Alberti Cascino, doutor em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC e professor de Filosofia e Educação Ambiental, que classificou o tema “Ética e Meio Ambiente” como instigante e difícil, alegando que gostaria de estar falando em outro lugar, num outro tempo, uma vez que “não temos que comemorar grandes avanços no que tange às questões éticas”.

Segundo Cascino, estamos vivendo uma crise de ordem conceitual na educação ambiental. “O que estamos desenvolvendo como atividade prática, está substituindo a reflexão profunda sobre os temas ambientais, que não se restrigem apenas à coleta de latinhas, plantação de hortas e coleta de lixo, práticas consideradas ambientalmente corretas”. disse. Para o professor, o princípio da educação ambiental deve consistir basicamente na formação de cidadãos críticos, capazes de resgatar a identidade, abdicando dos valores estabelecidos pelo processo de produção capitalista.

Lembrou, ainda, que a educação ambiental durante um período ficou muito associada à biologia e a ecologia, promovendo certa fragmentação pela falta de conhecimento da população. “Precisamos resgatar o verdadeiro sentido do movimento ambientalista, comprometendo-nos de modo cooperativo e, para isso, é preciso assumir responsabilidade coletiva e efetiva, promovendo a integração da educação ambiental, que a meu ver está presente em todas as disciplinas”, concluiu.

Wanda Carrilho

Da Secretaria do Meio Ambiente