Meio Ambiente: Exposição no Conjunto Nacional propõe debate sobre ecologia urbana

Inauguração marcou o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho

qua, 06/06/2001 - 12h27 | Do Portal do Governo

Vasos, flores, um beija-flor e um motociclista são algumas das esculturas produzidas com materiais como garrafas de refrigerante, latas, tetrapak e papéis, cujo destino normalmente é o lixo. A mostra ‘Meio Ambiente e Vida Urbana’ está em exposição no saguão do Conjunto Nacional, na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, na Capital, por onde circulam aproximadamente 30 mil pessoas todos os dias. Esse é o local que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente escolheu para realizar a exposição com fotografias do Projeto Pomar, oficinas de reciclagem de materiais e outros atrativos. A inauguração marcou o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado na última terça-feira, 5 de junho, em todo o mundo.

Segundo o secretário do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, a exposição se propõe a discutir as grandes questões urbanas como a qualidade de vida, reciclagem de lixo, conservação de energia e outras. Por isso, a ênfase dada ao Projeto Pomar, que busca recuperar as margens do Rio Pinheiros com o plantio de 240 mil mudas na margem esquerda e, agora, mais 140 mil mudas na margem direita.

A exposição mostra ainda a maquete das sete estações de tratamento de águas do Pinheiros, utilizando o sistema de flotação, com o qual se pretende devolver condições para a existência de vida aquática nesse rio. Um laboratório móvel da CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, que permanecerá no local no sábado e no domingo, mostrará como são realizadas análises bacteriológicas e físico-químicas para a verificação da qualidade da água em rios.

A escolha do local da mostra, explicou Tripoli, se deve ao fato do Conjunto Nacional, que abriga uma população de dez mil pessoas, constituir um exemplo em reciclagem, aproveitando quase 100% do lixo seco gerado nos escritórios.

Vilma Peramezza, síndica do Condomínio Conjunto Nacional, informou que são gerados cinco toneladas de lixo diariamente. O trabalho de conscientização iniciado em 1992, com a criação de um programa de coleta seletiva, permite o aproveitamento de quase 25% dos resíduos. O lucro de cerca de R$ 2 mil é aplicado no Programa de Qualidade de Vida, dirigido aos funcionários do condomínio, oferecendo-lhes cursos de alfabetização, supletivo e oficinas.

Mostra de arte

As esculturas constituem um forte atrativo para os que circulam pelos saguões do Conjunto Nacional. A senhora Delícia Mendes de Souza, diarista, parou em frente aos vasos confeccionados com latas de refrigerante e tampas de frascos de desodorante. As flores, muito coloridas, eram de garrafas plásticas e outros materiais. Impressionada com os trabalhos, lembrou logo que, na casa onde trabalha, as latas são guardadas e doadas para uma igreja. ‘Uma latinha jogada causa tantos problemas’, disse mostrando consciência de que é preciso ‘despoluir a cidade’.

O autor da obra, Sandro Rodrigues, ligado ao Movimento Eco-Cultural de Pirituba, acredita que a população vai se conscientizando ao ver o valor dos materiais normalmente descartados. A mesma opinião tem Míriam Volpolino, autora do ‘Beija-Flor’, escultura que paira sobre a cabeça dos transeuntes. ‘A arte ajuda a sensibilizar as pessoas quanto à necessidade da coleta seletiva, da reciclagem e outras preocupações de caráter ambiental’, diz.

O artista plástico Valter Nu, que expõe um motociclista, quer ‘atingir o inconsciente das pessoas, sensibilizando-as pela estética, para provar que não existe lixo, que tudo pode ser reaproveitado’. Trabalhando com o grupo R3, que sintetiza o conceito de reaproveitamento, redução e reciclagem, atua junto à comunidade na região do ABC, ensinando a produzir móveis, roupas e outros artigos.

A artista Rosane Pio Bruno realizou uma instalação reproduzindo o ambiente de uma mata. Em meio a folhas secas, pedras, pedaços de madeira, que trazem um pouco dos cheiros da natureza, expõe as suas telas. Tratam-se de monotipias que reproduzem as texturas de troncos de árvores como guapuruvu, manacá, quaresmeira, ipê, jequitibá, cacheta e pedras, que são encontradas em Juqueí, município de São Sebastião, onde mora. ‘As árvores recebem uma camada de tintas à base de água, que não agridem a natureza. As tintas são transferidas para a tela por contato, reproduzindo o desenho dos troncos das árvores’, explica Rosane.