Médico do HC alerta que suor excessivo é doença e deve ser tratado

Sintomas têm início na primeira infância. No entanto, muitos pais procuram ajuda médica na adolescência

qui, 07/10/2010 - 11h00 | Do Portal do Governo

Suor intenso nas mãos, nas axilas, nos pés, na face e no couro cabeludo podem ser sintomas da hiperidrose, distúrbio que se intensifica na época do verão e pode vir associado, na maioria dos casos, à “fobia social. O alerta é do cirurgião torácico Ribas Milanês, da Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP.

Segundo o médico, a pessoa com sudorese sente-se constrangida ou se considera impedida de exercer atividades sociais corriqueiras, como apertar as mãos de outras pessoas, escrever, dançar, praticar esportes ou, mesmo, dar um abraço em um amigo ou familiar.

Os sintomas têm início na primeira infância. No entanto, muitos pais procuram ajuda médica na fase da adolescência, quando a criança começa a se sentir desconfortável com a situação.

O processo cirúrgico é o único que pode minimizar ou acabar com o problema, sem causa definida. Segundo o médico, nos cerca de dois mil pacientes operados no Hospital das Clínicas, nos últimos 15 anos, 99% apresentaram alívio do suor nas mãos, 95% alívio do suor nas axilas e face e 92% alívio do rubor facial.

As opções não cirúrgicas existem, mas são limitadas ou temporárias. O uso da toxina botulínica sob a pele, exemplifica o Dr. Ribas, funciona por quatro a seis meses. São necessárias 50 aplicações em cada região, sem contar que o produto é muito caro. A aplicação de soluções ou cremes adstringentes e a iontoforese (banhos elétricos com água salgada na área afetada) podem reduzir o suor em áreas específicas, mas têm que ser aplicados contínua e repetitivamente.

Assistência psicológica ou uso de sedativos ou de drogas diminuem as secreções, o rubor facial e as fobias sociais, mas agem muito pouco na hiperidrose. No ambulatório da Hiperidrose do HC, alguns medicamentos em estudo têm mostrado resultados promissores.

Doença

No Brasil, cerca de 2,8% da população sofrem com a hiperidrose. Mundialmente, a prevalência da doença é próxima dos 3%. Em alguns indivíduos o suor intenso é incontrolável. Os sintomas da face são acompanhados ou não de rubor facial, sentimento de embaraço ou de uma forte ânsia de escapar da situação.

As crises podem ser precipitadas por estresse ou emoções, mas também podem ocorrer espontaneamente sem a presença aparente de qualquer fator desencadeador.

Cirurgia

O procedimento cirúrgico é considerado minimamente invasivo e tem duração de 40 minutos, em média, sob anestesia geral. A internação leva de 12 a 24 horas e o paciente pode voltar ao trabalho num período de dois a três dias.

Os resultados também são imediatos e evidentes. O paciente ao despertar da anestesia apresenta as mãos, as axilas ou face quentes e secas. Além disso, cinco em cada dez pacientes submetidos a este tipo de tratamento podem apresentar melhora também da hiperidrose nos pés.

A cirurgia consiste na retirada de estruturas nervosas, chamada de Cadeia Simpática, que regulam a sudorese das mãos, das axilas e do rosto. O procedimento adotado é a simpactomia torácica endoscópica bilateral.

Dois instrumentos endoscópicos, do diâmetro aproximado de um lápis – meio centímetro – são introduzidos na cavidade pleural através de dois pequenos orifícios. Por um deles introduz-se uma óptica acoplada a uma minicâmara de televisão que mostra com nitidez e precisão as estruturas a serem operadas. Pelo outro são introduzidos os instrumentos cirúrgicos necessários para se realizar a operação.

A técnica não é indicada para o tratamento da sudorese excessiva que envolve todo o corpo. Pessoas com obesidade, idade avançada, cirurgias torácicas prévias e outras doenças associadas devem ser cuidadosamente avaliadas. Na grande maioria desses casos, não há indicação de tratamento cirúrgico.

Os atendimentos no Hospital das Clínicas são agendados, com antecedência, por um dos ambulatórios de especialidades da Secretaria da Saúde.

Do Hospital das Clínicas