Médico do HC afirma que pais não precisam se preocupar com fimose nos primeiros meses de vida dos filhos

Cirurgia só é indicada quando tratamento clínico não apresenta resultado

qua, 24/02/2010 - 19h00 | Do Portal do Governo

A fimose é um problema que, apesar de ser diagnosticado nos primeiros meses de vida, não necessita obrigatoriamente de tratamento cirúrgico. A afirmação é do chefe da Unidade de Uropediatria da Divisão de Urologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, Francisco Tibor Dénes. Segundo ele, não há indicação médica formal para fazer a cirurgia desnecessariamente.

Segundo o especialista, na maioria dos casos, a criança não tem fimose, mas prepúcio (pele que recobre a extremidade da região genital) aderido à glande. “A aderência da pele prepucial à glande, nos recém nascidos, é normal e vai se desfazendo naturalmente com o crescimento”, informa. Neste processo, é comum surgir uma secreção que os pais confundem com pus, aumentando ainda mais a preocupação.

A fimose propriamente dita, por outro lado, é a situação em que o prepúcio é muito apertado e não permite a exposição da glande, impedindo a sua higiene. O urologista ressalta que não é preciso se preocupar com a fimose nos primeiros meses de vida. “Quando diagnosticado, o problema inicialmente deve ser tratado clinicamente, com exercícios suaves e uso de pomada”, aponta. Somente quando o tratamento clínico não apresenta resultado positivo é que há indicação cirúrgica.

A intervenção pode ser tradicional, com uso de bisturi, ou, nos casos mais simples, com a colocação de um anel plástico. “O tratamento não tem idade específica para ser realizado. Existe apenas a recomendação clínica quando não há condição satisfatória para fazer higiene, contribuindo para processos inflamatórios”, enfatiza Francisco Tibor.

Em crianças obesas pode haver maior dificuldade para se diagnosticar a existência ou não de fimose, pois a pele da região genital é empurrada para frente pela gordura do púbis, dificultando a higiene e a exposição da glande, e dando frequentemente a impressão de excesso de prepúcio. “É importante avaliar cuidadosamente estas alterações, pois em alguns casos pode ser uma fimose e, em outros, um problema simples sem indicação de cirurgia”, diz o médico.

Paralelamente, é necessário orientar tanto os pais como as próprias crianças sobre a importância da higiene da glande e do prepúcio para evitar os processos inflamatórios, que ocorrem pela proliferação de germes, favorecida pelo calor e umidade local.

De acordo com o especialista do HC, as cirurgias, quando necessárias, são simples e bem sucedidas em 98% dos casos. Preferencialmente, devem ser postergadas até a criança estar sem fralda. “É importante não tirar quando não há necessidade. A pele prepucial pode ser importante à pessoa num momento futuro, pois tem utilidade em caso de reconstrução da uretra”, esclarece.

Da Secretaria da Saúde