Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o inibidor de aromatase – medicamento indicado na terapia complementar do câncer de mama – é eficaz no tratamento de mulheres com miomas uterinos. Miomas são tumores formados a partir de tecido muscular. Os médicos constataram redução de até 30% no tamanho dos tumores, que se desenvolvem na musculatura do útero, em forma de nódulos.
Os sintomas relacionados à doença também apresentaram melhoras significativas com o medicamento. Participaram do estudo 20 mulheres, entre 35 e 45 anos de idade. No período de 90 dias, elas receberam o remédio que inibe a ação da enzima aromatase – a qual transforma a testosterona em estrogênio –, hormônio responsável pelo crescimento do mioma.
Bons resultados – Segundo o autor do estudo, Sandro Garcia Hilário, os resultados foram animadores e abrem perspectivas otimistas para o uso do inibidor de aromatase em novos tratamentos de doenças estrogênio-dependentes (miomas e endometriose). Para o professor Nilo Bozzini, orientador do trabalho, a indicação terapêutica poderá beneficiar mulheres em idade reprodutiva que sofrem com sangramentos, fortes cólicas e dores na relação sexual – queixas mais comuns da doença. “A diminuição dos sintomas e do volume do tumor propicia melhores condições clínicas para uma cirurgia de retirada de mioma”, enfatiza o professor.
Atualmente, o tratamento para redução de miomas é feito com terapia que induz um estado de menopausa “transitória”. O maior desconforto desse tipo de tratamento é o surgimento de ondas de calor, secura vaginal, insônia, irritabilidade e dores nas articulações. Essas manifestações não foram verificadas em mulheres medicadas com o inibidor de aromatase, conforme aponta o estudo. Bozzini alerta, porém, para o fato de que esses tratamentos clínicos não excluem a realização de miomectomia – cirurgia para retirada dos miomas, que preserva o útero.
Do Instituto Central do HC
(M.C.)
