Mata Atlântica é atração para turistas em Ilhabela e Ubatuba

Consideradas capitais da vela e do surfe, oferecem atividades esportivas e diversificadas

ter, 03/03/2009 - 10h21 | Do Portal do Governo

Céu, praia, mar, muito verde e pássaros raros. Ubatuba, localizada a 234 quilômetros, integra o Circuito Litoral Norte Paulista da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo (Selt). Além dos turistas que visitam suas belas praias, atrai também observadores de pássaros. Colada à Mata Atlântica, Ubatuba possui 476 espécies de pássaros, catalogadas até 2006, incluídas as aves marinhas. Curiosos do mundo inteiro têm-se deslocado para a região. Assim, o turismo deixa de ser sazonal, pois os pássaros estão à disposição durante o ano inteiro, ao contrário do calor indispensável, tão necessário aos banhistas.

Oitenta por cento da área do município está em área preservada pelo Parque Estadual da Serra do Mar, e ali estão mais de 100 praias e dez ilhas acolhedoras. Ideal, portanto, para a prática de esportes radicais, de aventura, ecológico e, agora, o ornitológico. Imponente, o sobradão do Porto, no centro de Ubatuba, atrai olhares curiosos. No último andar do edifício de três andares, toda a orla da cidade pode ser admirada.

Construído em 1846 para abrigar a família e os negócios do português Balthasar da Cunha Fortes, hoje tem importante missão: conservar as tradições caiçaras. Lá está instalada a sede da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba.

“Neste ano, teremos cursos que estimulam a criatividade e a conservação da tradição caiçara. Serão realizadas 16 oficinas na sede e 32 nos bairros vizinhos. Queremos levar arte para toda a cidade”, explica José Roberto Ribeiro, chefe de eventos e cursos da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundarte). Pertinho dali, o turista pode comprar pescados fresquinhos ou simplesmente fisgar o próprio peixe. Atrás da Rua dos Pescadores há um píer onde os entusiastas do esporte trocam mercadorias.

Skimboarding e sonrisal – Para quem adora aventura e está em boa forma física, a Praia do Cedrinho é um bom desafio. Uma estrada íngreme leva ao local. São 15 minutos de carro e mais 30 minutos a pé, ladeira abaixo. Ideal para mergulho, as areias fofas convidam à reflexão. O repelente é indispensável, já que os ‘borrachudos’ não dão trégua. Localizada do lado norte da Ponta Grossa, tem outro acesso por trilha próxima ao Farol. É uma pequena e bela praia de tombo, de areia grossa e alva, muito procurada para mergulhos por causa de suas lajes submersas.

Domingos Rodrigues Junior, da cidade de Jaú, trouxe a família para Cedrinho e não esconde o prazer da descoberta: “Venho sempre a Ubatuba, mas não conhecia aqui. É um paraíso”!

Felipe de Oliveira Félix, surfista, indica a Praia do Sununga, a qual, em sua opinião, é a melhor de Ubatuba para a prática da modalidade. “As ondas são perfeitas. Além da arrebentação e tubos ideais, no local pode ser vista a Gruta que Chora, cercada de lendas”. A praia, de fácil acesso, localizada no canto esquerdo da Praia do Lázaro, é pequena, tem areia grossa, muitas conchas, alguns coqueiros e o mar está quase sempre revolto, com ondas fortes batendo nas pedras. Os esportes locais são o skimboarding (sonrisal) e o surfe.

Ilhabela – Um simples passeio pela ciclovia à beira-mar, escunas, cachoeiras, trilhas, cafés e restaurantes no centro histórico fazem de Ilhabela o roteiro adequado para quem gosta de turismo de aventura ou ecoturismo. É o único município-arquipélago marinho brasileiro. Localizado no litoral norte do Estado de São Paulo, é formado por um conjunto de 12 ilhas, duas ilhotas e duas lajes. Por sinal, toda essa bela geografia é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat).

Além da Ilha de São Sebastião, destacam-se as de Vitória e Búzios. A de São Sebastião é a maior do litoral sudeste brasileiro, com 337 quilômetros quadrados de área. Algumas de suas características marcantes são os grandes pedaços de Mata Atlântica preservados. “Graças a um programa de contenção da expansão urbana desordenada, desenvolvido pela administração municipal na área do entorno do Parque Estadual de Ilhabela, este município preservou a floresta dos nossos morros”, revela Carolina Lobo de Oliveira, coordenadora do projeto e da gerência de visitação pública e ecoturismo de Ilhabela, considerada a capital da vela.

Restauro – Em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Fundação Florestal conseguiu restaurar o antigo edifício da cadeia e do fórum. Depois de décadas desocupado, o prédio foi contemplado pelo Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo da Mata Atlântica, passando por minucioso processo de restauro. Foi tombado em agosto de 2001, pelo Condephaat. O prédio da igreja matriz (Nossa Senhora d´Ajuda) e o antigo edifício da cadeia e fórum estão na Vila (centro histórico). No canal de São Sebastião, as águas são calmas e propícias para banho e esportes náuticos. O local abriga 30 praias na região urbanizada da ilha, onde há boa infraestrutura e apoio ao turista – estacionamentos, bares, quiosques, hotéis, pousadas e restaurantes. De fácil acesso, as praias mais frequentadas são as da Armação, Siriúba, Viana, Pequeá, Portinho, Feiticeira, do Julião, Grande, do Curral e Veloso.

A do Curral, com mais de 400 metros de extensão, é a mais procurada e agitada. Na Ponta das Canas, ao norte da ilha, estão as praias de difícil acesso: Pacuíba, Jabaquara, da Fome e do Poço. Pacuíba e Jabaquara podem ser alcançadas por estrada de terra. Já o acesso às praias da Fome e do Poço é feito somente por mar. Para os adeptos do mergulho, toda a área é atraente. O acesso à Praia de Castelhanos – a mais extensa – pode ser feito por uma estrada de terra em veículos 4×4. Percorrer as trilhas que levam às praias Mansa, Vermelha e da Figueira é muito agradável: há muitas cachoeiras pelo caminho. A Praia do Bonete é o local ideal para quem gosta de emoção e ótima para surfe.

Protegido por lei municipal, o Santuário Ecológico da Ilha das Cabras fica a menos de 2 quilômetros da balsa, em direção aos bairros localizados ao sul de Ilhabela. Afastado cerca de 300 metros da Ilha de São Sebastião, o santuário ganhou estátua de Netuno, erigida a 7 metros de profundidade. O local é ótimo para mergulhar e observar peixes coloridos, algas e bancos de corais.

Janelas para o mundo

Ubatuba tem um projeto de observação de aves desenvolvido pela prefeitura, mais especificamente pela Secretaria do Meio Ambiente. Trata-se do Abrindo Janelas para o Mundo, o qual incentiva a população local a preservar a fauna riquíssima e atrair mais turistas. Para isso, foi lançado um fôlder sobre o projeto, apoiado por uma rede de hotéis e associação de restaurantes do município.

De acordo com Carlos Rizzo, coordenador da iniciativa, pessoas do mundo inteiro visitam a região para conhecer a fauna ubatubense, onde há um dos melhores pontos de observação de pássaros do planeta. Uma ave rara, a Calyptura cristata, é nativa do local e foi avistada apenas duas vezes em 200 anos. Era considerada extinta, mas foi vista em Ubatuba, pelo alemão Martin Schaeffer, no início de 2008.

A Calyptura está entre as 50 espécies mais raras do mundo. Segundo Rizzo, não existe registro fotográfico ou sonoro da ave. O sortudo que conseguir uma simples pose terá uma fotografia de grande valor histórico e científico. Até hoje, o pequeno pássaro, de penas amarelas, brancas, vermelhas e pretas só é conhecido por meio de ilustrações. Outra atração para os observadores de pássaros é a pequena Lodopleurapipra, típica dos bairros do Taquaral e Casanga.

Maria Lúcia Zanelli – Da Agência Imprensa Oficial