Mais de 1,3 milhão de crianças já passaram pelas aulas do Detran

'Cidade Mirim', na Capital, e 'Clube do Bem-Te-Vi', no Interior, oferecem noções de educação no trânsito a estudantes das redes pública e privada de e

seg, 17/04/2000 - 17h56 | Do Portal do Governo


O semáforo está vermelho mas os ‘motoristas’, ansiosos, começam a reclamar da demora para ele abrir. Todos estão com pressa, afinal, não têm o tempo que gostariam de ter para percorrerem as ruas da cidade. ‘Calma, vocês estão perdendo a calma e paciência é muito importante quando se dirige’, orienta o policial militar de trânsito, sargento Luiz Carlos Melo de Queiroz.
Na verdade, os ‘motoristas’ são crianças entre 6 e 9 anos de idade. Seus veículos são bicicletas, as ruas fazem parte do cenário da Cidade Mirim do Detran de São Paulo e o sargento Queiroz é o responsável por essa cidade. Os 50 alunos de uma escola de Mauá estavam participando de um programa de educação de trânsito desenvolvido há mais de trinta anos pelo Detran/SP voltado para estudantes das redes pública e privada de ensino da Capital e Grande São Paulo, entre 5 e 10 anos de idade.
O programa ‘Cidade Mirim’, criado em 1967, já atendeu mais de 700 mil alunos de cerca de 9.500 escolas. Nele, as crianças recebem as primeiras noções teóricas e práticas de trânsito com o objetivo de conscientizá-las sobre a importância de se respeitar as regras e leis quando utilizarem as vias públicas como pedestres, passageiros ou futuros motoristas. ‘Esse trabalho é muito importante porque é nessa faixa etária que os conceitos positivos ficam marcados por toda a vida’, destaca a major Vera Cruz, diretora da Divisão de Educação de Trânsito do Detran/SP, responsável pelo programa.
A Cidade Mirim, instalada no sétimo andar do prédio do Detran, recebe escolas praticamente todos os dias com turmas de até 60 crianças em três períodos, para um curso que demora em média duas horas. A cidade tem ruas, calçadas, semáforos, faixas de travessia e todo tipo de sinalização como uma via pública de verdade, só que em tamanho reduzido. Estandes de empresas privadas parceiras simulam posto de gasolina, lanchonetes e lojas. O curso é ministrado por policiais militares monitores, trajados com seus uniformes de policiamento de trânsito, tudo para dar o maior realismo possível às situações demonstradas e chamar a atenção das crianças para o assunto.
Após uma palestra teórica, com ativa participação das crianças, onde aprendem como andar na calçada e atravessar a rua, elas tomam um lanche e partem para a prática. Primeiro as meninas andam de bicicleta pelas ruas, tendo de respeitar toda a sinalização, enquanto os meninos fazem o papel de pedestres. Depois eles invertem a situação, sempre com muita animação. ‘A divisão é feita para que não aja competição entre meninos e meninas’, explica o soldado José Carlos Veraldi, que cuida da manutenção geral do local há nove anos.
Gabriela Santos Lastra, de 6 anos, aluna da 1ª série, gostou tanto que ia pedir para sua mãe levá-la à Cidade Mirim todos os dias. Após ser ‘multada’ por passar em um semáforo vermelho reconheceu seu erro e em seguida admitiu que seu pai deixava que ela andasse no banco da frente do carro. ‘Agora eu vou lá para a trás’, disse Gabriela, mostrando que aprendeu a lição. O garoto Rafael Vigo, de 7 anos, aluno da 2ª série, também disse que vai mandar seus pais ‘andarem direito no trânsito porque isso é muito importante’. O sargento Queiroz observou que conscientizar a criança é uma forma de se atingir os pais, pois eles não gostam de cometer erros na frente dos filhos.
As atividades são acompanhadas pelos professores que poderão dar continuidade aos ensinamentos em suas escolas utilizando o material didático fornecido pelos policiais militares. Na Cartilha do Professor estão os tópicos para futuras aulas. Os estudantes também recebem Cartilhas Educativas de Trânsito e uma réplica da carteira de habilitação.
O curso aborda os seguintes tópicos: o significado das cores dos semáforos; como se utilizar as calçadas, faixas de pedestres e passarelas; como atravessar um via pública, com ou sem sinalização; os cuidados ao trafegar de bicicleta; os cuidados ao se utilizar dos transportes públicos; a importância de se transitar sempre no banco traseiro dos automóveis, utilizando-se ainda o cinto de segurança; e recomendações para não usarem as vias públicas para prática de atividades recreativas.