Maioria das adolescentes grávidas tem parceiro adulto

Em 64,2% dos casos de gravidez precoce os pais são maiores de 21 anos

qua, 09/05/2007 - 16h20 | Do Portal do Governo

A maioria das mães adolescentes paulistas engravida de homens adultos. É o que aponta estudo inédito da Secretaria de Estado da Saúde, produzido com 378 mães de 13 a 20 anos de idade e seus parceiros, em quase 10 anos, no período entre agosto de 1997 e fevereiro de 2007.

Segundo o levantamento, em 64,2% dos casos de gravidez precoce os pais são maiores de 21 anos_ 59,7% têm entre 21 e 30 anos e outros 4,5% possuem de 31 a 48 anos. Os jovens de 18 a 20 anos representaram 28,8% do total, e os de 15 a 17 anos, 6,9%. A idade média das mães adolescentes foi de 17,6 anos, enquanto a dos parceiros ficou em 22,4.

O estudo também revelou que 85,5% das adolescentes não tinham desejo de ficarem grávidas. Entretanto, ao engravidar, só 15% usavam camisinha. Outras 19,2% tomavam anticoncepcional oral, 2,3% usavam anticoncepcional injetável e 0,8% fazia uso de DIU.

“O sentimento de insegurança em relação aos parceiros e a vulnerabilidade emocional foram os principais fatores que levaram essas adolescentes a engravidar, pois a maioria possuía conhecimento e informação sobre métodos anticoncepcionais”, afirma a coordenadora do programa de Saúde do Adolescente da Secretaria, Albertina Duarte Takiuti.

Do total de casais avaliados no estudo, 69,5% passaram a viver consensualmente após a adolescente ficar grávida. Destes, 62% recebiam ajuda financeira de parentes_79% da família da mãe.

A gravidez na adolescência está em queda no Estado de São Paulo. Em 2005 houve 105.003 mulheres menores de 20 anos grávidas, o que representa queda de 29% em relação a 1998, quando foram registrados 148.019 casos.

A redução de casos de gravidez na adolescência tem acontecido em todos os anos. Em 1999 foram 144.362 casos. Em 2000 foram 136.042. Já em 2001 houve 123.714. Em 2002, 116.368. Em 2003 foram 108.945 e, em 2004 106.737.

Desde 1996 a Secretaria adotou um modelo de atendimento integral à adolescente, que contempla o aspecto físico, psicológico e social, e que começou a mostrar resultados dois anos depois. Os resultados já aconteceram em 1998_ por isso a Secretaria utiliza o ano como comparação. Além de informação e orientação, o trabalho busca identificar as emoções, medos e dúvidas dos adolescentes sobre afetividade, relacionamentos e sexo seguro.

Rotineiramente a Secretaria organiza palestras e cursos a profissionais médicos que cuidam de adolescentes por todo o Estado.

Na capital as adolescentes desde o início da década de 90 um serviço especializado, considerado um dos melhores do Brasil. A Casa do Adolescente oferece profissionais de diversas áreas, entre médicos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos e professores, todos especializados em orientação sexual a jovens.

Também há cursos de inglês e espanhol, aulas de dança, cursos de culinária, de artesanato e terapias em grupo.

O sucesso do trabalho levou a Secretaria ampliar o projeto da Casa do Adolescente. Desde 2005 a Secretaria tem ampliado o projeto de sucesso. Hoje são 11 unidades na capital, Grande São Paulo e litoral do Estado.

“Observando os dados percebemos que as campanhas informativas sobre a necessidade do uso de anticoncepcionais eram importantes, mas não garantiam proteção. A insegurança, a baixa auto-estima, principalmente das meninas, e falta de um projeto pessoal eram fatores determinantes na vulnerabilidade do adolescente. São Paulo percebeu isso, diz Albertina”.

Da Secretaria da Saúde