Maior projeto de reúso de água do País une Sabesp e Pólo de Capuava

Petroquímicas utilizarão o produto ambientalmente correto em processos industriais de resfriamento e nas caldeiras

qui, 07/02/2008 - 12h30 | Do Portal do Governo

Sabesp e empresas do Pólo Petroquímico de Capuava, representadas pela Companhia Petroquímica União (PQU), assinaram protocolo de intenções para o maior projeto de fornecimento de água de reúso do Brasil. É o Aquapolo Ambiental, que prevê entrega do produto da Estação de Tratamento de Esgotos da Sabesp, na divisa da capital com São Caetano do Sul, a ETE ABC, para o complexo de Capuava, localizado entre Santo André e Mauá. 

Reúso é a utilização da água por mais de uma vez, depois de um tratamento adequado do esgoto residencial e industrial. Gerada nas ETEs da Sabesp, destina-se a inúmeras finalidades, como geração de energia, refrigeração de equipamentos e diversos processos industriais. No setor público, prefeituras e entidades usam-na para lavagem de ruas e rega de jardins. Só não é adequada para o consumo humano.

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A água será transportada da ETE ABC até Capuava por duto de aço-carbono com 32 polegadas de diâmetro e 16,5 quilômetros de extensão. Para isso, será construída estação elevatória na ETE ABC dotada de conjunto duplo de bombas, com capacidade para 600 litros por segundo, podendo alcançar até mil litros por segundo. O potencial de água de reúso do Aquapolo seria suficiente para abastecer uma cidade como Jundiaí. 

Expansão à vista

O líquido se destina ao processo industrial das petroquímicas, como torre de resfriamento e nas caldeiras. A PQU, indústria de primeira geração do pólo, será a principal consumidora. Entre as demais, de segunda geração, se destacam Cabot, Oxicap, Oxiteno, Polibutenos, Polietilenos União, Nova Petroquímica, Unipar Divisão Química e White Martins.

Para completar a totalidade do pólo, falta somente a Recap, a refinaria da Petrobras, que ainda estuda a adesão. Serão investidos no Aquapolo R$ 130 milhões pelas petroquímicas. A expectativa é de que o fornecimento seja iniciado no segundo semestre de 2009.

A iniciativa ocorre num momento em que a PQU planeja modernizar suas instalações em Capuava, o mais antigo pólo petroquímico do País, criado em 1972. O diretor-superintendente da PQU, Rubens Approbato Machado Júnior, diz que a água é estratégica para o setor. “O produto da Sabesp irá suprir nossa demanda de forma econômica e sustentável”, assegura Approbato.

O projeto objetiva aumento de capacidade da PQU, central de matérias-primas que abastece com derivados da nafta (parte líquida do petróleo) 39 indústrias de segunda geração.

Foi feito investimento de R$ 1,2 bilhão para aumentar a produção de eteno, utilizado na fabricação de plásticos, das atuais 467 mil toneladas por ano para 700 mil toneladas/ano a partir de 2008. 

Proteção da saúde pública

Fora a questão do volume da água, há o aspecto qualidade. Hoje, o líquido utilizado em Capuava vem do Rio Tamanduateí e é tratado no próprio pólo. O resultado, porém, não garante pureza suficiente e é necessário complementar com água potável de distribuição pública. Como em toda parceria, ambos ganham. O pólo terá um produto melhor, mais barato e ambientalmente correto, enquanto a Sabesp irá fornecer a água de reúso em vez de direcioná-la ao rio.

Reutilização planejada da água faz parte de um programa global encabeçado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS). As três premissas são proteção da saúde pública, manutenção da integridade dos ecossistemas e uso sustentado da água.

A Sabesp adota o reúso desde a década de 1980 em suas próprias instalações para a limpeza de equipamentos ou manutenção de suas áreas. Hoje, são reaproveitados 780 milhões de litros por mês, volume suficiente para abastecer a população de um município equivalente a Taubaté.

Como existe excedente na produção, a Sabesp estendeu a alternativa às empresas. A Coats Correntes, pioneira desde 1997, aproveita a água de reúso no tingimento de linhas. A economia chega a 70 mil litros por hora. As prefeituras de São Paulo, Barueri, São Caetano do Sul, Carapicuíba, Diadema e Santo André adotam o produto na limpeza de ruas após as feiras livres.

Atualmente, são aproveitados 34 milhões de litros mensalmente nessas práticas. Os órgãos municipais pagam R$ 0,44 por mil litros de água. 

 

Da Sabesp e da PQU

(I.P.)