MAC vai reunir acervo no prédio do Detran

O projeto de reforça das instalações já está pronto e a previsão é que a mudança aconteça em 2009

seg, 01/10/2007 - 10h25 | Do Portal do Governo

Atualizada às 14h05

A reivindicação é antiga: dar um novo endereço para o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), oferecendo infra-estrutura mais adequada e maior visibilidade a seu acervo. Atendendo ao anseio, em julho deste ano, o governador José Serra assinou o decreto que determina a mudança. A previsão é que, em 2009, o MAC deva ocupar o prédio onde hoje está instalada a sede administrativa do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), no Ibirapuera, na Zona Sul da cidade, que o governador José Serra visitou nesta segunda-feira, 1º.

“É um prédio amplo, de alta qualidade, agradável, com uma bela vista. Teremos um grande equipamento cultural aqui”, disse o governador José Serra, logo após visitar as dependências do prédio de nove andares. Para o governador, o espaço “será mais um lugar de lazer, cultura e entretenimento para a população de São Paulo e do Brasil”.

Serra adiantou que o prédio terá diversas mudanças em seu visual, o que inclui adaptações para receber grandes mostras. O projeto foi elaborado pelo escritório do arquiteto carioca Oscar Niemeyer, que completa 100 anos daqui três meses. “O museu vai passar a ser uma espécie de monumento histórico em São Paulo ao nosso grande arquiteto”, sugeriu o governador.

A expectativa é de que o Detran deixe o prédio da Avenida Pedro Álvares Cabral em março do ano que vem. O órgão funcionará nas ruas João Bricola e Boa Vista, na região central de São Paulo. “O custo de transferência do Detran será pequeno, porque não será necessário reformar nenhum prédio”, adiantou o governador. A previsão é de que sejam gastos no novo MAC cerca de R$ 30 milhões. “É um museu de muitas pinturas boas, históricas e de alta qualidade”, lembrou Serra.

Mudança

Há duas razões para promover a mudança, explicou o Secretário Estadual da Cultura, João Sayad. “A utilização correta de um prédio bonito como este dentro do Ibirapuera e a expansão da área de exposições do MAC”, enumerou Sayad. “A transferência do MAC para o prédio do Detran faz parte da política de consolidação dos museus de São Paulo. Prejudicado pela falta de espaço, o MAC poderá, com a nova sede, aumentar a área de exposição de seu importante acervo”, afirma o secretário.

“O governador tomou uma decisão de estadista ao viabilizar o projeto”, acredita o secretário-adjunto da Cultura, Ronaldo Bianchi. “Queremos que tanto a população de São Paulo quanto os turistas que recebemos tenham acesso mais facilitado ao acervo do MAC, um dos maiores do mundo”, enfatiza.

Para a diretora do Museu, a socióloga e professora Lisbeth Rebollo Gonçalves, ter um novo endereço é um sonho antigo que se torna realidade. “Sempre tivemos problema com a questão predial, tendo parte do acervo na Cidade Universitária e parte no edifício da Bienal, no Ibirapuera”, explica.

Reformas

Segundo ela, a história do museu poderá ser contada antes e depois dessa mudança. “Teremos condições de apresentar as obras em um único espaço e ainda oferecer à sociedade a possibilidade de um uso social intenso do museu. Estamos muito felizes porque ganhamos instalações mais adequadas para um acervo de primeiro mundo. É uma coleção pública que deve ser usufruída da melhor forma possível pela sociedade brasileira e internacional”, defende.

Com a reforma, o prédio do Detran será o espaço ideal para o museu, completa Lisbeth. Ela ainda explica que arquitetos e curadoras da instituição fizeram a avaliação do uso do espaço e apresentaram algumas considerações. “Nesse estudo mostramos, por exemplo, a necessidade de pé direito alto para exposições de arte contemporânea. A solução apresentada pelo escritório de Oscar Niemeyer, responsável pelo projeto, foi a projeção de uma alça a partir do mezanino”.

O pessoal da área técnica também ganhará um novo espaço de trabalho. Isso porque, além do edifício central (de nove andares), o conjunto do Detran possui três prédios anexos. “Os anexos serão destinados para a área técnica, em que teremos a oficina de produção das exposições, com restauro, pesquisa e a biblioteca”, complementa.

A manutenção do museu continuará sob responsabilidade da USP e serão mantidas as outras instalações na Cidade Universitária. A medida vai permitir à instituição reservar a da Cidade Universitária para trabalhos de pesquisa acadêmica e a nova para a exibição do acervo.A idéia é integrar. O que se propõe é que haja informação, diversão e entretenimento para toda a família. Para isso serão criadas áreas especializadas – de novas mídias, arte moderna, fotografia, entre outras – e ainda espaços para programações específicas, informa a diretora.

O quinto andar do edifício manterá o trabalho educativo já desenvolvido pelo museu. “O MAC foi pioneiro em apresentar essa proposta. Hoje, por falta de espaço, não conseguimos desenvolver essas atividades simultaneamente. A partir da mudança queremos que pais, mães, crianças e avós tenham condições de visitar juntos o museu e ainda que cada um possa participar de uma atividade de seu interesse”.  Em linhas gerais, o novo projeto prevê que a circulação do edifício seja realizada por um bloco externo ao prédio original, com um elevador para subida e uma rampa para descida. Além disso, que o museu tenha sete andares, em vez dos nove atuais, e para isso dois pavimentos serão demolidos, fazendo com que dois andares tenham pé direito superiores a seis metros, mais adequados a exibições de arte contemporânea. O último andar do edifício, de onde se tem uma das vistas mais deslumbrantes de São Paulo, abrigará um restaurante.

O museu hoje

O MAC da USP é um dos mais importantes museus de arte moderna e contemporânea da América Latina. Seu acervo possui cerca de 10 mil obras – entre óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais – de mestres da arte do século XX como Picasso, Matisse, Miró, Kandinsky, Modigliani, Calder, Braque, Henry Moore, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Volpi, Brecheret, Flávio de Carvalho, Manabu Mabe, Antonio Dias e Regina Silveira, entre outros.

Criado em 1963, mesmo ligado à pesquisa universitária, tem como principal objetivo tornar a cultura acessível a todas as classes sociais. Assim, o MAC realiza exposições com obras de seu acervo e também exposições temporárias, com trabalhos de artistas brasileiros e internacionais, novos e consagrados, que não pertencem ao seu acervo. Torna-se, assim, espaço para a experimentação e para o surgimento e discussão de novas tendências e caminhos da arte contemporânea.

Além das exposições, o MAC oferece ao público, nos três edifícios que ocupa atualmente – um no Parque Ibirapuera e dois na Cidade Universitária – diversas atividades e serviços como disciplinas optativas para graduação, cursos de extensão cultural, atividades de ateliês, visitas orientadas, biblioteca, site na internet e loja.

Manoel Schlindwein / Joice Henrique

com Secretaria Estadual da Cultura

(I.P.)