A cara que o Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP) exibirá ao se instalar no Parque Ibirapuera está em definição. Por enquanto, é o rosto do artista Amedeo Modigliani (seu Auto-retrato de 1919) numa carteira de motorista quem anuncia a mudança para o prédio onde fica atualmente o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran). O edifício passará por reformas para hospedar o pintor italiano e outros hóspedes nobres como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Malfati, Portinari, Picasso, Matisse, Kandinsky, Volpi, Brecheret e Miró.
O desenho do projeto do museu sairá do escritório de Oscar Niemeyer e será elaborado a partir de orientações de arquitetos, especialistas e curadores do MAC. A previsão é que a fachada seja a bandeira da cidade. Os dirigentes do museu ouviram especialistas (brasileiros e franceses) em adaptar prédios para receber o acervo museológico antes de propor as considerações necessárias, explica Gabriel Borba, arquiteto do museu. Questões como segurança, climatização, controle rigoroso de umidade e localização das salas estão em estudos.
Com a releitura arquitetônica, o MAC estará pronto a receber até as mais valiosas obras-primas, informa Borba. Para a inauguração da nova sede, planejam-se três exposições internacionais (duas italianas e uma francesa) e uma brasileira, de arte contemporânea. “Será uma inauguração em grande estilo”, prevê o arquiteto. De concreto, há o aumento da área do MAC em sua futura moradia. Seus dois edifícios na Cidade Universitária ocupavam quatro mil metros quadrados, além do espaço no prédio na Bienal no Parque do Ibirapuera.
No novo prédio, além de unificar as sedes e concentrar as obras num único local, o MAC terá quase 30 mil metros quadrados de área à disposição para expor seu acervo de dez mil obras (óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais de mestres da arte do século 20). A mudança permitirá maior acesso do público em seu novo endereço. Além da localização, não há um portão externo restringindo a entrada, como ocorre na Cidade Universitária, explica Borba.
A expectativa com a ida do museu para o Ibirapuera, prevista para o segundo semestre de 2009, é transformar o local num pólo cultural da cidade. No local já estão o Museu de Arte Moderna (MAM), o Museu Afro-Brasileiro, o prédio da Bienal, a Oca e o auditório. Com nove andares, o prédio do Detran é parte do conjunto arquitetônico do Parque Ibirapuera projetado por Niemeyer. A idéia é manter a estrutura do projeto original do edifício, informa Luiz Vita, da Secretaria Estadual da Cultura.
A construção de uma rampa externa ampla (com plantas) para ligar o MAC ao Parque do Ibirapuera é uma condição em estudo. Além da nova fachada, haverá reformas na infra-estrutura para receber as salas de exposição. Em algumas delas, há necessidade de um de pé-direito alto (superior a seis metros) para abrigar as exposições de arte contemporânea. Uma possibilidade é fazer essas exposições no anexo que já tem pé-direito adequado, explica o arquiteto.
Salão, auditório – Há três anexos para o pessoal da área técnica, da oficina de produção das exposições, do restauro, da pesquisa e da biblioteca. No térreo, haverá um grande salão e um auditório para espetáculos musicais e orquestra de câmera. Serão criadas áreas especializadas (de novas mídias, arte moderna, fotografia) e espaços para programações específicas. O objetivo é oferecer informação, diversão e entretenimento para toda a família.
A circulação pelo edifício, de acordo com o projeto, será feita por um bloco externo ao prédio original, com elevador para subida e uma rampa para descida. No último andar, de onde se tem ampla visão da cidade de São Paulo, ficará o restaurante. A manutenção do museu continuará sob a responsabilidade da USP. A previsão é que o Detran deixe o prédio em junho deste ano. Assim que for desocupado, começará o trabalho de reforma. A empresa responsável pelas obras já está contratada.
