Lúpus é uma doença sem cura, mas totalmente controlável

Especialista explica que a doença possui condição inflamatória crônica e é mais frequente na população feminina

qui, 12/04/2018 - 21h12 | Do Portal do Governo

Pouco conhecida, mas mais comum do que se imagina. O lúpus é uma doença autoimune que acomete em maior parte a população feminina. Apesar de não ter cura, pode ser totalmente controlada por meio do acompanhamento médico constante.

A doença dificilmente apresenta sintomas característicos. Na maioria das vezes, a pele é a que pode indicar alguns indícios da enfermidade, mas qualquer órgão pode ser atingido. Além disso, ela não é hereditária, ou seja, não é necessariamente transmitida de mãe/pai para filho. No entanto, pode ter agregação familiar, por isso quem tem histórico na família deve fazer exames regulares.

Mesmo atuando como assistente de enfermagem, Mônica Macedo explica que conhecia superficialmente a doença. Em um período de estresse, começou a emagrecer sem motivo, perder o cabelo e ter diarreias constantes. Depois de procurar um especialista e realizar o exame de hemograma, os médicos desconfiavam de leucemia e linfoma. Mônica foi encaminhada a uma hematologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que, apurando minuciosamente o caso, descobriu que era portadora de lúpus.

“O fator emocional ajudou a desencadear a doença, isso é comum para quem tem lúpus. Em 2008, quando descobri, fui encaminhada para tratamento dentro do próprio HC, onde frequento até hoje. A atenção e o acolhimento são de primeira, tenho toda atenção necessária para controlar a doença”, conta.

Mônica passou a fazer parte, então, da equipe do Dr. Eduardo Borba, reumatologista da entidade. Segundo ele, o tratamento regular minimiza as chances de gravidades da doença. “Nós conseguimos deixar a pessoa controlada com uma série de medicamentos”, explica o especialista.

Uma característica bastante comum que as pessoas em geral associam à doença é o fato de a mulher não poder engravitar, lembra o médico. “Antigamente tinha esse estigma, mas hoje nós sabemos que não é verdade. Para uma paciente fértil, não existe nenhuma disfunção mais importante por conta da doença. A restrição seria muito mais quando ela está usando mais medicações na doença, mas isso vale pra qualquer gestação”, explica.

Mônica não tem filhos, mas conta que precisa tomar alguns cuidados diários para evitar que a doença se manifeste. “Eu tenho imunidade baixa, por isso, o que pode ser uma gripe para um, pode virar uma pneumonia para mim. Ou então, uma infecção no rim, uma nefrite. Os cuidados são constantes, sobretudo com a luz solar”, afirma.

De acordo com o especialista, existem estudos experimentais que comprovam que a grande exposição ultravioleta é um agravante da doença: “É necessário que o paciente sempre utilize proteção solar acima de 30 para que não piore as lesões cutâneas e as condições inflamatórias da doença”.

Nos últimos anos, a doença vem sendo abordada com mais frequência, para que, desde cedo, as pessoas possam buscar um diagnóstico mais rápido e eficiente. A enfermeira ainda lembra que recentemente o lúpus esteve em pauta por conta das cantoras norte-americanas Lady Gaga e Selena Gomes, que são portadoras da doença. De maneira geral, o paciente possui uma vida normal. As restrições acontecem de acordo com cada caso.