Local da nova sede do Centro Paula Souza abriga peças arqueológicas

Escavações revelaram cerâmicas, metais e vidros dos séculos 19 e 20

sex, 25/09/2009 - 15h00 | Do Portal do Governo

Mais de dois mil utensílios domésticos dos séculos 19 e 20 soterrados na região da Luz foram encontrados por um grupo de arqueólogos do escritório Zanettini Arqueologia. A equipe foi contratada pela Fundação para Pesquisa Ambiental (Fupam), responsável pela elaboração do projeto da nova sede do Centro Paula Souza, órgão do governo paulista responsável pelas Escolas Técnicas estaduais (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs). O material recolhido reúne pratos de faiança, peças de porcelana, moringas, penicos, ferramentas de objetos de metal e gargalos de garrafas de vidro, entre outros objetos, que ajudam a contar a história da cidade naquele período. 

As peças foram localizadas na quadra delimitada pelas Ruas Timbiras, Andradas, Aurora e General Couto de Magalhães, terreno onde será erguida a futura sede do Centro Paula Souza e uma nova Escola Técnica Estadual, a Etec Nova Luz. A instituição será o primeiro órgão público a se mudar para a região, alvo de um projeto de revitalização promovido pelo Governo de São Paulo e pela Prefeitura. 

O trabalho de escavação e sondagem foi feito por quatro arqueólogos e uma equipe de apoio durante o mês de junho. Levantamentos como esse são obrigatórios para empreendimentos que vão movimentar o solo, mas os arqueólogos não esperavam um achado dessas dimensões.

“Não passava pela cabeça de um arqueólogo encontrar tantos vestígios tão bem preservados numa cidade como São Paulo”, afirma Paulo Bava Camargo, do grupo Zanettini Arqueologia. Até o ano passado, um estacionamento funcionou na quadra de quase 7 mil metros quadrados.

Vários tipos de peças foram encontrados, desde objetos finos, faianças e porcelanas pintados à mão, peças mais rústicas de cerâmica e ferramentas de metal, ferraduras e até moedas, o que pode indicar que ali conviviam ricos e pobres no final do século 19. “Os Campos Elíseos e a República eram áreas de ocupação mais nobre, e o Bom Retiro, local de imigrantes e trabalhadores. Era no meio delas que se dava o encontro”, explica Bava Camargo. Os vestígios indicam um ocupação mista do terreno, residencial e comercial.

Agora cabe ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) analisar o relatório arqueológico para definir o destino dos objetos históricos, armazenados no escritório Zanettini.  A nova sede do Centro Paula Souza já tem reservada uma área em seu projeto, um mezanino, onde pretende expor ao menos parte desse acervo.

Nova sede

Um edital publicado sábado, 19, no Diário Oficial do Estado abriu caminho para a construção do primeiro prédio público na Nova Luz: a nova sede do Centro Paula Souza. Além da descoberta arqueológica, a obra promete levar vida nova à região.

“Seremos o primeiro órgão público a se mudar para essa nova área, colaborando para a revitalização”, afirma a diretora superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá. “Alguém precisava ter coragem e dar o primeiro passo.” A previsão é que a obra fique pronta até o final de 2010. 

Depois da mudança da instituição, será pedido à Prefeitura o fechamento da Rua dos Timbiras, formando um calçadão na frente do complexo, localizado entre as Estações Luz e República do Metrô. A frequência de mais de 3 mil alunos e 600 funcionários nos três períodos do dia deve colaborar para a recuperação da região, atraindo novos empreendimentos, públicos e privados. 

O projeto é de autoria dos arquitetos Pedro Taddei Neto, presidente da Fundação para Pesquisa Ambiental (Fupam), e Francisco Spadoni. Nos 6.870 metros quadrados do terreno desapropriado especialmente para sediar o Centro Paula Souza serão construídos 26,7 mil metros quadrados de área para a administração central, centro de capacitação de professores, três auditórios (um para 300 pessoas, outro para 112 e outro para 70), refeitório, creche, quadra e estacionamento, além de uma nova Escola Técnica Estadual (Etec), a Etec Nova Luz. 

“Usaremos um espaço térreo público comum aos três edifícios assegurando a unidade do conjunto arquitetônico. Eles foram elevados sobre pilotis de 7 metros acima do piso, que se estende na direção da Rua dos Timbiras, fundindo-se com a praça do prédio do Poupatempo e da Polícia Militar e conectando-se com a Avenida Ipiranga”, explica Taddei Neto. 

O conjunto é uma das portas de entrada da Nova Luz e pode ser avistado desde a Estação da Luz e da Sala São Paulo. “Empregamos recursos contemporâneos como forma de valorizar a dimensão tecnológica do Centro Paula Souza”, completa o arquiteto. 

“A iniciativa do Centro Paula Souza representa o pioneirismo da instituição no desenvolvimento do Estado, marcando de forma indelével a geografia do centro de nossa metrópole”, conclui Taddei Neto. O valor estimado da obra, que deve ser concluída em um ano, é de R$ 57,7 milhões. 

Do Centro Paula Souza