Livro da Imprensa Oficial revela detalhes da Revolução de 32

Obra foi lançada nesta terça-feira, 15, na Casa das Rosas, na capital

ter, 15/07/2008 - 22h09 | Do Portal do Governo

Uma semana depois dos paulistas terem comemorado os 76 anos da Revolução Constitucionalista, o mercado editorial brasileiro recebe o livro “1932: imagens de uma revolução”, lançado na noite desta terça-feira, 15, na Casa das Rosas, em cerimônia que contou com a presença do governador José Serra.

“É uma obra documentada e ao mesmo tempo descritiva. Trata-se de um marco na literatura a respeito de 32, porque atualiza muita coisa e levanta-se também muitas hipóteses para o futuro”, afirmou Serra.

A obra de autoria do professor da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antônio Villa, tem prefácio do historiador Boris Fausto com edição pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp). É ilustrada com imagens de armas, tanques de guerra, soldados no campo de batalha, recortes de jornal, mapa de São Paulo e cartazes de propaganda.

Para o governador, a Revolução foi um movimento hegemonicamente democrático. “Por isso é importante valorizá-lo, sobretudo, porque o autoritarismo e totalitarismo estavam em ascensão à época como no Japão, Itália, Alemanha”, reforçou o governador paulista.

No texto, Marco Antonio assume as contradições inerentes à Revolução de 1932, quando São Paulo buscou democratizar o país, derrubando o Governo Provisório de Getúlio Vargas, então uma ditadura, e iniciar um regime constitucional.

Se os paulistas não saíram vitoriosos desse conflito que envolveu cerca de 85 mil combatentes – 55 mil das forças federais e 30 mil do exército constitucionalista – o resultado historicamente foi importante porque iniciou-se ali o processo de democratização: em maio do ano seguinte foram realizadas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e as mulheres votaram pela primeira vez.

Villa apresenta o contexto da revolução e as tentativas fracassadas de ampliá-la a outros Estados. “Apesar de ficar restrito à São Paulo, este foi o maior conflito desde os primeiros anos da República e debater a Revolução Constitucionalista é uma necessidade histórica e política”, observa o historiador. “A democracia estava no centro da disputa travada em São Paulo, mas não devemos louvar a guerra. Se a tensão era política, ela não deveria ter sido resolvida no campo militar”, argumenta. Estima-se que 1.050 soldados federais e 634 constitucionalistas tenham morrido no conflito.

Batalha aérea

Pela primeira vez, a aviação foi usada em uma guerra civil brasileira. Eram 12 aviões do lado do Governo Federal e 6 do lado dos constitucionalistas (Unidades Aéreas Constitucionalistas – UAC). No início, os aviões eram armas de propaganda: nos dias 10 e 14 de julho, dois aviões constitucionalistas jogaram milhares de folhetos e cinco mil exemplares de A Gazeta e O Estado de S. Paulo sobre a capital federal. O mesmo fez a aviação federal em território paulista. Depois vieram os bombardeios em áreas civis, navios, fábricas e usinas elétricas.

“Não podemos esquecer o que passamos durante esta guerra: a vontade de transformar o Brasil num país democrático, a coragem dos soldados e voluntários nos campos de batalha espalhados pelo interior do Estado e, sobretudo, as transformações decorridas desse embate, que foi, felizmente, a última guerra brasileira. Esta é a razão de publicarmos esta obra”, resume o presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Hubert Alquéres.

A obra também resgata o percurso de alguns intelectuais como Oswald de Andrade e Cassiano Ricardo durante a Revolução e dedica um capítulo às artes desenvolvidas em 1932, com destaque para a música e a literatura. Ele mostra capa de títulos como “Diario de um Combatente desarmado”, de Sertorio de Castro; “S.Paulo Venceu!”, de Arnon de Mello; “São Paulo e sua guerra de seccessão”, de Almachio Diniz; “Chorando e rindo…”, de Cornélio Pires entre outros. Traz ainda partituras de músicas e hinos como “A São Paulo”, com poesia de Fagundes Varella e música de Francisco Mignone”; “O passo do soldado – Marcha da Liga de Defesa Paulista”, com letra do sonetista Guilherme de Almeida e música de Marcelo Tupinamba; “Ilha das Flores”, de Augusto Miranda e outras.

Participaram da cerimônia de lançamento o secretário de Comunicação, Bruno Caetano, o secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, o secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, Luiz Marrey, a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães, o secretário de Economia e Planejamento, Francisco Vidal Luna, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Vaz de Lima, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Roberto Antônio Vallim Bellocchi, entre outros.

Cleber Mata com Agência Imprensa Oficial