Litoral Norte oferece várias opções de esporte e lazer aos turistas

Roteiros históricos, esportes radicais e ecoturismo são algumas das atrações

qua, 18/02/2009 - 10h34 | Do Portal do Governo

Quando chega o verão e as temperaturas sobem na capital ou no interior, o paulista tem como caminho certo o litoral de São Paulo. Isso porque muitos ainda desconhecem a diversidade de opções de passeios que vão muito além das praias e podem ser realizados não somente no carnaval, mas durante o ano inteiro. Roteiros históricos, esportes radicais e ecoturismo são algumas alternativas. A Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo traçou dois roteiros para quem quer curtir mais do que praia.

O primeiro é o Circuito Litoral Norte Paulista, que compreende Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, a menos de 200 quilômetros da capital. O segundo é o da Costa da Mata Atlântica, que engloba Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, a menos de 100 quilômetros da capital paulista.

O Circuito Litoral Norte está num dos mais belos trechos da costa brasileira. Ali, estruturas e equipamentos modernos se harmonizam ao lado de belezas naturais e cenários histórico-culturais, com suas manifestações artísticas, folclóricas e religiosas. Tudo incrustado numa área de 1,38 mil quilômetros quadrados de Mata Atlântica preservada.

Além da grande riqueza de fauna e flora, toda a região é propícia para a prática de esportes radicais, como surfe, mergulho, vela, pesca, trekking, ecoturismo e atividades ligadas ao voo livre. A cultura caiçara é outro fator marcante. Manifestações como congada e folia-de-reis se misturam às influências culturais de outros grupos étnicos da região, como os indígenas e os quilombolas. O artesanato caiçara é bem diversificado, com trabalhos de cerâmica, bambu, taboa, caxeta, tecido, entre outros materiais. A gastronomia oferece grande diversidade de pratos, principalmente frutos do mar, como o lambe-lambe, espécie de risoto de mariscos com casca.

Bem-vindo – A porta de entrada para o Litoral Norte é Caraguatatuba. Ao chegar, o turista encontra uma inscrição em latim Hohas non numero nisi serenos (Só marco horas serenas). As palavras gravadas no Relógio de Sol, bem no centro da cidade, são uma promessa de boa vida. As atrações são muitas e variadas, pois a infraestrutura permite a prática de mergulho, voo livre, canoagem ou caminhadas pelas trilhas. Por exemplo, um lugar propício para meditação tranquila é a Lagoa Azul, na Praia do Capricórnio.

Se quiser fugir do agito das praias da cidade, sem sair do mar, o turista tem duas opções de passeios: a Ilha do Tamanduá e o Ilhote de Cocanha. Na primeira pode-se chegar pelos barcos que saem das praias Mococa, Cocanha e Tabatinga. A ilha é ótima para mergulhos, encanta pela natureza intocada e, para que continue assim, os visitantes devem recolher todo o lixo que produzirem. Já para quem deseja admirar toda a enseada, que inclui São Sebastião e ao fundo Ilhabela, basta caminhar até o Morro de Santo Antônio, onde se encontra uma paisagem exuberante. Como o local tem diversas curvas e está dentro da Mata Atlântica, os guias aconselham fazer a excursão em grupos para evitar acidentes e para que ninguém se perca no caminho.

Duas ações estão sendo estudadas para melhorar a qualidade do turismo de negócios e do turismo de um dia. Para o primeiro, será criado um Pavilhão de Eventos, onde poderão ser realizadas feiras, exposições, congressos durante o ano inteiro. Já para o turismo de um dia, a prefeitura planeja a revitalização do terminal turístico. De acordo com a Secretaria de Turismo, o local terá novos banheiros (equipados com chuveiros), restaurantes e bares. As medidas visam a evitar o vandalismo na cidade e promover melhor assistência aos turistas que visitam o local. A expectativa é que os dois projetos estejam prontos para o verão de 2010.   

Melhor convite – “Vamos tomar uma cheirosa?” Quem nunca ouviu pode achar estranho, mas para os moradores do Massaguaçu é um dos melhores convites que os amigos podem fazer. A bebida, feita de uma mistura de capim-cidreira com aguardente, estimula os caiçaras foliões há nove anos, quando um grupo decidiu colocar na avenida o bloco Devotos da Cheirosa. Emerson França, o Mê, um dos fundadores do bloco, conta que um amigo de São Paulo lhe apresentou a bebida. “O capim-cidreira dá um aroma especial à cachaça, por isso o nome Cheirosa”, explica. E continua: “Nosso trio, na verdade, é uma canoa caiçara. Tocamos marchinhas e, desde 2006, o nosso hino”.

O vendedor Athos Sousa é um dos devotos da Cheirosa. Desfilou pela primeira vez em 2008 e garante que a bebida é realmente digna de adoração. “Tem um efeito estranho: a cada copo fica mais gostosa”, brinca. O visitante que quiser participar do Devotos da Cheirosa deve ir à Praça de Eventos do Massaguaçu, a partir das 18 horas do sábado de carnaval, e adquirir o abadá do bloco. A camiseta custa R$ 20 e dá direito a pular os quatro dias.

Na crista da onda

Praia Brava – Deserta e agreste, tem formato de concha com magnífica vegetação. Praia de tombo – com ondas fortes, que possibilitam a prática do surfe

Praia Cocanha – De águas calmas e cristalinas, apropriada para o banho de mar das crianças. Esportes náuticos como banana boat, jet ski e caiaques são alguns atrativos

Praia do Camaroeiro – Um dos polos da cultura caiçara, a praia é ponto de encontro dos pescadores artesanais. Os bancos pesqueiros, as canoas e o píer compõem o cenário pitoresco

Praia do Capricórnio – Uma das mais longas orlas de Caraguá, a praia é limpa, com costeira própria para pesca, areia grossa e fortes ondas em mar aberto. Golfinhos fazem exibições constantes. O seu maior atrativo é a tranquila Lagoa Azul

Praia do Romance – Ideal para banho de mar e caminhadas, a praia é tranquila e com poucos banhistas 

Praia Flecheiras – Nela está localizado o terminal turístico, para onde se dirigem os ônibus de excursão ou turismo de um dia. É ideal para banho de mar e caminhadas. Tem quiosques ao longo da orla, alguns com música ao vivo

São Sebastião: uma viagem no tempo e muitas histórias

Um mar verde e convidativo para surfistas, mergulhadores ou para quem deseja somente descansar. Localizada a 203 quilômetros da capital paulista, a cidade de São Sebastião reúne praias belíssimas. Os pesqueiros ou pequenas embarcações formam, ao longo da Praia de Pontal da Cruz, imagens que enchem os olhos de luz e eliminam o estresse dos turistas que vêm à cidade à procura de descanso.

Além do charme das praias, possui um centro histórico bem-conservado com casarões que remontam aos séculos 18 e 19. Fundada em 1636, a cidade guarda uma identidade cultural baseada no modo de vida caiçara. Caminhar por entre ruas de pedras, casarios construídos com cal de conchas, pedras de costeira e óleo de baleia, que constituem o aspecto arquitetônico do centro histórico (séculos 17, 18 e 19) é viajar no tempo.

Três casarões passam por processo de revitalização: o Museu da Fundação Mar, localizado na Praia Grande (próximo ao terminal turístico); o Museu de Arte Sacra, com imagens do início da colonização, como a de Santa Luzia e o prédio da SecTur, onde funcionou a primeira escola da cidade, o Grupo Henrique Botelho.    

Ao visitar a cidade, o turista entrará em contato com diversas lendas urbanas, como a história da prisão da imagem do santo padroeiro da cidade. Contam os sebastianenses que morava na cidade um homem chamado Benedito Lopes, temido por todos, principalmente quando bebia, pois ficava agressivo, brigava muito e sempre que passava em frente à igreja insultava São Sebastião com palavrões. O padre, preocupado, dava constantes conselhos a Benedito. Explicava que São Sebastião, um dia, poderia castigá-lo, mas ele não ouvia o sacerdote.

Certo dia, Benedito foi encontrado morto na frente da igreja, com várias flechadas. Segundo os caiçaras, esse homem só poderia ter sido assassinado por São Sebastião. O santo foi acusado pela população de assassinato e foi a julgamento. Depois de dois dias de júri, foi condenado a cinco anos de prisão, tendo ficado na cadeia local de onde só saía para as procissões. E, assim mesmo, escoltado por policiais, com a ordem de prisão nas mãos da imagem. Após ter cumprido sua pena, a imagem voltou à paróquia. A história transformou-se no filme O dia que o santo pecou, de Benedito Ruy Barbosa, 1975.

Outro lugar sobre o qual se contam ‘causos’ é o Sítio Arqueológico São Francisco, no bairro de mesmo nome. Localizado em meio à Serra do Mar, a 260 metros de altitude numa belíssima área onde estão as ruínas de uma fazenda de escravos. O proprietário, diz a lenda, possuía um diabo dentro de uma garrafa e por isso tinha muito dinheiro e poder. Um dia, sem querer, sua mulher liberou o demônio da garrafa. O resultado foi trágico. O proprietário morreu e a fazenda foi abandonada pelos herdeiros. Dizem que, por causa da lenda, o sítio foi mantido intacto. No local há ainda um oratório e um forno, além de fragmentos de faiança (louça de barro coberta por esmalte opaco), porcelana e cerâmica.

Para aqueles que desejam casar, garantem os caiçaras, basta ir atrás da imagem de São Gonçalo que segue São Sebastião durante as comemorações ao padroeiro, no dia 20 de janeiro. As procissões, geralmente, são acompanhadas por rapazes e moças carregando velas acesas, durante todo o percurso. Se a vela não apagar até o final da procissão, é certeza casar-se no mesmo ano.

Boa gastronomia e praias badaladas

Para os que apreciam boa gastronomia o prato azul-marinho à base de peixe, pirão e folha de bananeira é a principal atração. “Foi tombado como patrimônio histórico municipal”, informa Sílvio D´Angelis, secretário municipal de Turismo e Cultura de São Sebastião. A delícia tem esse nome porque durante o cozimento do peixe a banana-verde solta uma tinta azul que dá cor ao prato, daí prato azul-marinho.

A cidade se rende ao roteiro dos cruzeiros marítimos. Pela primeira vez, em 33 anos, um transatlântico, o Island Scape, voltou a atracar no seu porto, no dia 20 de janeiro. É o primeiro grande navio de cruzeiro marítimo a ancorar em suas águas depois de longa temporada (o último visitante desse porte foi o Anna Nery, em 1975). Diferente das escalas em Ilhabela, ali ao lado, onde os navios ficam ancorados no meio do canal, em São Sebastião o cruzeiro atracou no porto, o que pode significar que São Sebastião entrou de vez na rota do turismo marítimo.

A Praia do Arrastão, no bairro de mesmo nome, possui areias claras, fofas e mar calmo, voltado para o Canal de São Sebastião. É uma das preferidas daqueles que residem na cidade, pela sua proximidade do centro (cerca de 4 quilômetros) e pela infraestrutura que oferece. É muito utilizada para esportes náuticos, além de segura para o banho.

Com acesso fácil, a praia de Toque-Toque Pequeno conserva todo o encanto tradicional dos pescadores da cidade, uma pequena capelinha, construída no início do século 20, ainda mantém a memória dos antigos ocupantes da vila. Antiga vila caiçara, a Praia de São Francisco é famosa pela quantidade de histórias que registra toda a sua extensão, como o Convento Franciscano de Nossa Senhora do Amparo, fruto da colonização portuguesa, construído entre os séculos 17 e 18, um dos mais importantes monumentos históricos de São Sebastião.

Serviço

Distância das praias ao centro:

Enseada – 12 km. Cigarras 9,5 km. São Francisco – 5 km. Portal da Olaria – 4 km. Arrastão – 3,5 km. Pontal da Cruz – 3 km. Praia Deserta – 2 km. Porto Grande – 1,2 km. Praia Preta – 3 km. Praia Grande – 3 km. Pitangueiras – 3,5 km. Barequeçaba – 6 km. Guaecá – 12 km. Toque Toque Grande – 15,5 km. Calhetas – 16,5 km. Toque Toque Pequeno – 21 km. Santiago – 22 km. Paúba – 25 km. Maresias – 30 km. Boiçucanga – 36 km. Camburi – 40 km. Baleia – 42 km. Barra do Saí – 44 km. Praia Preta C. Sul – 47 km. Juqueí – 49 km. Barra do Una – 54 km. Engenho – 56 km. Jureia – 57 km. Boraceia – 60 km

Maria Lúcia Zanelli – Da Agência Imprensa Oficial