Lembo cria grupo para catalogar e divulgar acervo artístico do Governo

Ação vai permitir que o público tenha conheça obras de arte que hoje não são vistas

sex, 01/09/2006 - 17h02 | Do Portal do Governo

Que o Estado de São Paulo conta com extenso acervo artístico em museus ninguém tem dúvida. O que a maior parte da população não sabe é que as Secretarias de Estado e os diversos órgãos interligados também têm obras de arte em suas dependências. São quadros, esculturas e afrescos importantes para a história artístico-cultural de São Paulo. A partir de agora, todo esse acervo começa a ser catalogado para divulgação em publicação impressa e na internet. 

O governador Cláudio Lembo designou um grupo para cuidar de todo o trabalho que permitirá aos paulistas conhecer essas obras de arte. Essa equipe fica responsável por relacionar as obras do acervo artístico, catalogar e manter as informações atualizadas, providenciar a organização e publicação de catálogo unificado, impresso e eletrônico, bem como propor normas e procedimentos para a preservação e controle das obras de arte.

“Temos um acervo cultural muito grande nas várias formas, obras plásticas, esculturas, quadros etc., perdidos pelas Secretarias. Isso precisa ser tombado, ou seja, precisa ser registrado”, afirmou o governador. 

Esse trabalho vai permitir ao público ver essas obras, que hoje não são vistas, expostas em museus paulistas, como por exemplo, a Pinacoteca. “A população de São Paulo precisa saber o que tem na área cultural para saber o que fez nesses 500 anos”, destacou Lembo.

O decreto que institui o Grupo de Catalogação e Divulgação do Acervo Artístico dos órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta do Estado (decreto nº 51.083) foi publicado no Diário Oficial desta sexta-feira, 1º de setembro. “O decreto regulamenta esse tema”, disse o governador.

Antes disso, representantes escolhidos entre as 22 Secretarias e cerca de 90 órgãos, também a partir de um decreto do governador (nº 50.743, de abril de 2006), fizeram o levantamento do acervo. Tudo o que foi encontrado nas dependências dos prédios foi fotografado e encaminhado para um pequeno grupo no Palácio dos Bandeirantes.

No levantamento preliminar foram encontradas cerca de 3.500 obras. Vale lembrar que as obras de arte já catalogadas, como, por exemplo, as que estão nos museus distribuídas pelo Estado, não entraram nesse levantamento.

Todo o material recebido pelo grupo de catalogação está sendo agora identificado. “Como não temos um especialista em arte em cada um dos prédios do Governo, nossa orientação foi para que, na dúvida, tudo fosse fotografado e estamos separando as obras de arte de objetos que não são considerados artísticos”, explica Pedro Cavalheiro, que integrou o primeiro grupo e deverá fazer parte do que foi criado hoje pelo governador. Segundo ele, o resultado supera as expectativas. 

Mais de 500 obras de arte no Hospital das Clínicas

Para se ter uma idéia, a partir desse trabalho preliminar, o grupo descobriu que o Hospital das Clínicas tem, em suas dependências, cerca de 500 obras de arte. Só na capela, que fica no 11º andar do prédio do hospital, existem esculturas de Victor Brecheret, o mesmo que esculpiu o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera; afrescos de Fulvio Pennachi, artista italiano que viveu no Brasil; e vitrais feitos a partir do estudo de desenhos de Di Cavalcanti, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna. 

“Até mesmo no Jardim Zoológico foram encontradas obras de arte importantes”, diz Cavalheiro.

Obras que estavam no Palácio dos Campos Elíseos serão expostas

Preocupado em tornar o patrimônio do Estado cada vez mais acessível ao cidadão, o governador decidiu realizar uma exposição, no fim deste ano, com as obras de arte que estavam no Palácio dos Campos Elíseos. O prédio passa por reforma de restauro e, para que as obras não fossem danificadas, foram trazidas para o Palácio dos Bandeirantes. De acordo com Lembo, essa mostra deve ocupar um espaço chamado Sala Barroca, no Mezanino do prédio do Morumbi.

No momento, essas obras passam por limpeza e algumas estão sendo restauradas. “A limpeza de uma obra de arte é uma questão técnica. Não se pode usar produtos usados na limpeza do dia-a-dia. Além disso, a poeira que se acumula nas costas da tela, por exemplo, pode se transformar em fungo que danifica a obra. No Palácio dos Bandeirantes temos uma pessoa especializada na limpeza de obras de arte”, informa Cavalheiro. 

Cíntia Cury