Leite: Câmara Setorial quer melhorar relações com a cadeia produtiva

Reunião com o setor será no dia 19 na sede da Associação Paulista de Supermercados

seg, 15/12/2008 - 20h08 | Do Portal do Governo

Os membros da Câmara Setorial de Leite e Derivados, uma das 28 que funcionam no âmbito da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Codeagro/SAA), reúnem-se no dia 19 de dezembro, às 12 horas, em São Paulo, para discutir uma agenda de trabalho que permita harmonizar as relações comerciais entre os varejistas e a cadeia produtiva. O encontro será na sede da Associação Paulista de Supermercados (Apas – rua Pio XI, 1.200, Alto da Lapa).

Segundo análise de pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IEA/Apta/SAA), o consumo de leite pasteurizado diminui cada vez mais no Estado: perdeu cerca de 70% do mercado, em 14 anos, para o UHT. “As duas principais formas de acondicionamento do leite (refrigerado e embalagem longa vida) refletem as características de consumo no Estado”, dizem. “A participação do UHT representa 75,8% do total de leite fluido vendido, dada a praticidade dessa forma de comercialização, que pode ser armazenado por até quatro meses”.  

As diferenças na comercialização do leite levaram aos maiores percentuais de queda nos preços do longa vida, “já que o varejo utiliza esse produto para atrair o consumidor e a aquisição do mesmo está relacionada ao poder de negociação que as redes varejistas têm para conseguir contratos vantajosos com as empresas”, observam os pesquisadores Rosana de Oliveira Pithan e Silva, Carlos Roberto Ferreira Bueno, Nelson Pedro Staudt e Raquel Sachs. “Portanto, o preço do leite UHT exerce um tipo diferenciado de pressão sobre o mercado em relação ao preço do pasteurizado, que é altamente perecível”.        

Maior consumidor de leite do Brasil, São Paulo é também o maior produtor de leite pasteurizado (32,3% da produção), mas ainda assim precisa comprar grande volume dos Estados vizinhos para atender o seu mercado, pois a produção não é suficiente para abastecer a população, explicam os pesquisadores. “O mercado paulista depende do leite de outros Estados, pois sua produção é pulverizada e composta em grande parte de pequenos produtores que não têm no leite a principal fonte de renda”.  

O produto que entra em São Paulo é comprado diretamente dos vizinhos para ser processado internamente ou, principalmente, como longa vida. “No último ano, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, grandes produtores de leite, tiveram crescimento acentuado da produção, não acompanhado de aumento do consumo, até por conta da alta da inflação em 2008. Frente a isso, seus preços caíram pelo excesso de oferta. Como São Paulo depende deles para atender seu mercado com longa vida e tem um grande potencial de consumo, estes vêm colocando o produto no Estado a preços inferiores”.

Porém, o mercado de leite pasteurizado sofreu menos oscilações que o do leite UHT. “O leite pasteurizado produzido para o mercado de São Paulo é quase que exclusivamente produzido por laticínios paulistas. Portanto, a maioria do produto é adquirida dos produtores paulistas que não tiveram a mesma influência sobre os preços que os demais Estados. Assim, não se verificam grandes alterações no mercado varejista de leite pasteurizado tipo C”.    

A política paulista de apoio ao setor leiteiro, em atendimento às demandas da Câmara Setorial de Leite e Derivados, tem contribuído para fortalecer a produção e preservar a competitividade do Estado diante de políticas tributárias de Estados vizinhos. Com isso, “os preços de leite pagos ao produtor tiveram queda maior nos outros Estados”. Já no caso dos produtores paulistas, verificou-se ascensão na curva de preços. Quanto às indústrias de leite longa vida, “aumentaram sua participação nas vendas no mercado paulista, com conseqüente redução da participação do Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná”.          

Porém, recentemente, os pesquisadores do IEA constataram recuo nos investimentos no setor de produção, devido aos menores preços recebidos e aos altos custos de produção. “Só nos primeiros sete meses de 2008 eles aumentaram 10,53%. Isso demonstra que não há mais margem para queda nos preços do leite. Corrobora para isso o aumento da embalagem e do frete para o leite UHT”.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento