Laboratório do Sono do HC realiza exame para detectar causa da insônia

Problema atinge 20% da população de São Paulo com casos leves, e de 9% para diagnósticos mais graves

sáb, 16/04/2011 - 17h00 | Do Portal do Governo

O estresse do dia a dia é o maior causador da insônia, um mal que atinge aproximadamente 20% da população de São Paulo, com casos leves, e de 9% para diagnósticos mais graves. Os motivos que trazem depressão e ansiedade a uma pessoa, e que roubam seu sono, costumam ser de ordem afetiva, profissional, familiar, dívidas, perdas humanas ou materiais etc.

A perda de sono também pode ser de origem genética, fato mais raro. Problemas considerados leves são diagnosticados por qualquer médico que sugere algumas dicas de mudanças de hábito, como não ingerir café ou bebida alcoólica à noite. Casos mais complexos podem levar a pessoa a procurar tratamento especializado e fazer exames para se conhecer um quadro mais amplo.

As informações são dos médicos Flávio Alóe e Rosa Hasan, respectivamente neurofisiologista e neurologista do Laboratório do Sono, do Hospital das Clínicas. Alóe conta que o conceito de insônia não se restringe à noite, continua durante o dia. A pessoa sente fadiga, cansaço, sonolência, irritação, falta de memória e concentração, dor de cabeça e até gastrite. “Em diagnósticos mais complicados, o paciente se torna improdutivo em sua atividade diurna”, relata.

Rosa explica que os transtornos de sono mais simples duram de 3 a 4 dias da semana, principalmente no domingo à noite, por causa do fim de semana que modifica hábitos de horários na população. “O impacto na pessoa durante o dia é bem menor e ela consegue cumprir seus afazeres”. Mas, ressalva a médica, se o sintoma persistir por meses, fazendo com que se durma metade ou menos da noite, é bom se precaver e buscar orientação de médico especialista e provavelmente uso de medicamento. 

Quanto se fala em caso grave de insônia, o que vem à mente do médico é uma doença chamada apneia obstrutiva do sono, a qual interrompe a respiração durante a noite. Com este diagnóstico, o médico do paciente deve pedir exames mais detalhados num local capacitado e aparelhado, como é o caso do Laboratório do Sono do HC.

Em busca das causas

Alóe informa que o paciente é submetido a um equipamento denominado polissonígrafo. Durante uma noite de sono no local, uma série de eletrodos é colocada na pessoa por quase todo corpo para medição de ondas cerebrais, movimento dos olhos, relaxamento muscular, respiração, eletrocardiograma e os movimentos na cama são gravados em câmera. De posse desse material, o especialista elabora um laudo que será submetido ao médico que solicitou o exame.

O paciente chega ao HC por volta das 8 horas da noite, faz seu registro cadastral, deita às 10 e meia e acorda mais ou menos às 6 horas da manhã. Semanalmente, são realizados 12 exames no laboratório.

Os dois especialistas contam que já receberam pacientes com estágio avançado de insônia, alguns chegaram até provocar acidente por dormir ao volante do carro. O médico lembra que em certa ocasião atendeu a uma pessoa que, ao chegar a hora do almoço, comia um lanche rápido e se dirigia ao estacionamento da empresa para dormir em seu carro. Quase todo dia chegava atrasado na volta do almoço, o que a levou a procurar ajuda médica e realizar a bateria de exames no HC.

Outro caso parecido aconteceu com um homem que parou seu automóvel na calçada e dormiu ao volante. Foi acordado, minutos depois, pelos bombeiros, chamados por pedestres que acharam que o motorista tivesse sofrido um infarto.  

Além dos exames e medicação, quem sofre de apneia deve seguir outros procedimentos de saúde, como emagrecimento (geralmente a pessoa engorda) e utilização em casa de um equipamento chamado suporte ventilatório, para exercícios de respiração. O laboratório do HC oferece assistência (atendimento e exame), pesquisa e cursos na área. Trabalham no local três médicos e duas técnicas.

Da Agência Imprensa Oficial