Jovens esclarecerão dúvidas sobre sexualidade

Batizada de Balada da Saúde, ocorrerá sempre às segundas-feiras, dia em que a procura por informações é maior

ter, 03/07/2007 - 12h17 | Do Portal do Governo

Às segundas-feiras, a procura pelo atendimento do Disk Adolescente, serviço telefônico estadual direcionado aos jovens para o esclarecimento de dúvidas sobre sexualidade, aumenta bastante. Isso ocorre, de acordo com a coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente, a ginecologista Albertina Duarte Takiuti, porque nos fins-de-semana, com as baladas, a vulnerabilidade emocional e física dos jovens também cresce. “É um momento em que eles se expõem muito mais a relações sexuais com risco, a rejeições do parceiro e a outras dificuldades características da idade”, esclarece.A partir daí, surgiu a idéia de tornar esse “dia seguinte” mais agradável.

Para tanto, a Secretaria de Estado da Saúde promoverá, a partir de agosto, a Balada da Saúde, sempre às segundas-feiras. O novo programa oferecerá, num ambiente de diversão na Casa do Adolescente de Pinheiros, mais uma opção de acolhimento num momento considerado delicado. “Nosso intuito é orientar sobre sexo e prestar atendimento médico numa festa”, informa a doutora Albertina. Qualquer pessoa de 12 a 20 anos poderá participar.

Das 17 às 19 horas, a programação contará com o serviço profissional das equipes do Programa do Adolescente da secretaria, formadas por psicólogos, ginecologistas, clínicos, nutricionistas e dentistas. A primeira atividade será a Oficina dos Sentimentos, com a realização de debates entre os jovens e os profissionais. Se necessário, os adolescentes poderão passar por exames –aferição de pressão, altura e peso, ou agendar atendimento. A secretaria distribuirá preservativos e folhetos explicativos.

Na seqüência, terão espaço as receitas de sucos energéticos e alimentos saudáveis, na Oficina de Nutrição, que dará oportunidade para o aprendizado da preparação e degustação dos lanches. A primeira parte da iniciativa termina com o Plantão das Emoções, dedicado aos esclarecimentos em consultas individuais. Na segunda parte, das 19 às 21 horas, ocorrerá a balada propriamente dita, com bandas de música, canhões de luzes e até DJs.

A proposta é de que os próprios freqüentadores inscrevam suas bandas para a apresentação. “Já temos uma fila enorme de interessados, que garante programação até outubro”, comemora a médica. Nessa etapa da iniciativa poderão ocorrer outras manifestações artísticas: teatro, canto e leitura de poesias, e a exposição de trabalhos manuais – artesanato e pintura. Para participar da proposta mais descontraída da balada, é necessário passar pelas oficinas.“Isso é para que seja mesmo uma opção para os jovens falarem sobre as suas dúvidas.

Depois das baladas do fim-de-semana, eles ficam mais ansiosos em saber como usar preservativos, evitar gravidez, usar pílulas do dia seguinte ou como fazer para despertar o interesse da pessoa amada”, afirma a coordenadora do programa. A Balada da Saúde começará a ser realizada no dia 13 de agosto, em Pinheiros, como uma iniciativa piloto. A idéia é de que seja levada para os vários centros de atendimento de adolescentes do Estado. Mais do que uma nova forma de atendimento, é uma maneira de estender o horário em que ele ocorre.

Outro motivo que levou à criação da Balada da Saúde foi a constatação do aumento em 80 %, nos últimos três anos, do uso da pílula do dia seguinte pelas adolescentes paulistas. Esse fato foi constatado numa pesquisa da secretaria, realizada no ambulatório de Ginecologia da Adolescente do HC de São Paulo e na Casa do Adolescente de Pinheiros. Feita com 178 jovens de 12 a 20 anos, entre novembro de 2006 e fevereiro deste ano, verificou que das 120 entrevistadas que tinham vida sexual ativa, 35,8% recorreram à anticoncepção de emergência pelo menos uma vez.

Estudo idêntico realizado em 2004 mostrou que 20% das meninas tinham tomado a pílula do dia seguinte.A idade média do início da vida sexual entre as adolescentes entrevistadas foi de 15 anos. Do total, 54% usaram a pílula uma vez. Outras 28% tomaram o produto duas vezes, 9% três vezes, 7% quatro vezes e 2% cinco vezes. Em 60,5% dos casos, as jovens tomaram a pílula do dia seguinte porque fizeram sexo sem camisinha e não estavam usando outro método anticoncepcional.

As demais usaram preservativo, que estourou durante a relação sexual.  “Essa é uma situação delicada. Por um lado evidencia a preocupação das jovens em evitarem a gravidez indesejada, mas por outro as expõe ao risco de contaminação pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. A pílula do dia seguinte deve ser usada como último recurso, não como regra”, afirma Albertina. A balada tem entre seus objetivos esclarecer sobre a forma de utilização de métodos anticoncepcionais e a importância e os perigos da Pílula do Dia Seguinte.

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial