Jovens Acolhedores tornam visitas ao hospital mais humanizadas

Trabalho de universitários evita falhas de comunicação e encaminhamentos equivocados

sex, 20/11/2009 - 11h00 | Do Portal do Governo

Eles são universitários, têm muita disposição, são prestativos, pacientes e velhos conhecidos dos usuários das 65 unidades estaduais de saúde da capital, Grande São Paulo, litoral e interior. Os Jovens Acolhedores estão sempre de prontidão para auxiliar os doentes naqueles instantes entre a chegada ao hospital e o atendimento pela equipe médica.

Encaminhar, orientar, esclarecer, ouvir e tranquilizar. Com essas ações, eles transformam a ida ou estada numa unidade de saúde em uma experiência mais agradável, humanizada e menos demorada. Aos que vão visitar parentes internados nas UTIs, os jovens informam procedimentos adequados – como lavar as mãos antes de entrar e a duração da visita. 

Quando há atraso, são também eles que aplacam o desespero dos visitantes que, às vezes, entram em pânico achando que aconteceu algo grave ao doente. “Geralmente, o atraso ocorre apenas porque o paciente está em algum procedimento de rotina, como higiene, e não há motivo para preocupação”, explica Rosana Souza Santos, pedagoga e estudante de Matemática, jovem acolhedora do Hospital Regional de Osasco.

Desde 2004, a Secretaria da Saúde treina centenas de jovens. Para participar, não há limite de idade. O coordenador do programa Jovens Acolhedores, Neil Boretti, conta que a equipe costuma receber e-mails de pessoas aos 50, 60 anos de idade interessadas no projeto. Todos podem tornar-se jovens acolhedores e também não precisa ser estudante da área médica, basta estar matriculado em uma das universidades privadas credenciadas no site www.jovensacolhedores.saude.sp.gov.br. É só se inscrever pela Internet e participar do sorteio, também por meio eletrônico.

Ética e privacidade

Ao ser sorteado, o universitário recebe bolsa de estudos integral por um ano e se compromete a dedicar quatro horas diárias, de segunda a sexta-feira, na unidade de saúde a que foi designado. A secretaria arca com 80% do valor da mensalidade do aluno, enquanto os 20% restantes são cobertos pela faculdade. Antes de começar a trabalhar, o aluno participa de treinamento inclusivo de 12 horas, ministrado dentro da unidade onde irá atuar.

“Eles realizam o primeiro contato com o paciente, fazem a chamada escuta ativa, por meio da qual o usuário tem a certeza de que enquanto ele estiver ali poderá ser ouvido, auxiliado”, informa Boretti. Os ganhos, segundo ele, são para ambas as partes: “O eixo do programa é a cidadania. Um jovem desses, que encara a realidade de um hospital, sente-se muito mais capaz e pronto para enfrentar a vida. Adquire a consciência de que o SUS (Sistema Único de Saúde) não é um favor, mas um direito do cidadão”.

Tato e praticidade

Habilidade para lidar com situações-limite é o que não pode faltar a essa turma de benfeitores. Nas ocorrências de óbito, por exemplo, os jovens acolhedores precisam ser práticos, sem perder a sensibilidade. Sem mencionar a palavra morte, recebem os parentes e tentam confortá-los enquanto estes esperam para serem atendidos.

Por esses e outros motivos, não é raro os jovens acolhedores tornarem-se os queridinhos dos pacientes. No Hospital Infantil Darcy Vargas, o pequeno John, de 2 anos, portador da Síndrome de Down, ao chegar corre logo para os braços de Bárbara Manuela Santos, 20 anos, estudante do 3o ano de Biologia. Ela é responsável por entreter as crianças no pronto-socorro enquanto esperam por suas mães. 

Da Agência Imprensa Oficial