Jovem Doutor ensina desenvolvimento sustentável

Docentes e alunos da USP estimulam a sustentabilidade em áreas carentes

qua, 02/04/2008 - 9h28 | Do Portal do Governo

Desde 2006, o Programa Jovem Doutor promove ações preventivas de saúde e educação com professores e alunos da Universidade de São Paulo (USP), em áreas carentes do Brasil. A atividade visa a favorecer o desenvolvimento social e a sustentabilidade das regiões e aproximar a comunidade acadêmica do cotidiano de grande parte da população brasileira.

Em 2007, equipes da USP no Jovem Doutor estiveram em Manaus e Parintins, na região amazônica, e em Tatuí, no interior paulista. Em fevereiro, nova edição do projeto foi iniciada na favela da Vila Dalva, comunidade de 20 mil habitantes vizinha à Cidade Universitária e à Rodovia Raposo Tavares, na zona oeste da capital.

Na USP, o Jovem Doutor é uma iniciativa de extensão universitária da equipe de Telemedicina da Faculdade de Medicina (FM), coordenada pelo professor Chao Lung Wen. A universidade, pioneira no País no assunto, criou seu programa em 1997 e sua rede de informática hospitalar é a maior da América Latina.

A Telemedicina propõe abordagem global para a saúde pública. Prioriza a saúde da família e considera as características e as necessidades de cada comunidade. Também valoriza a atenção primária ao paciente com acompanhamento periódico e diagnóstico precoce.

A tecnologia é uma aliada para melhorar a eficiência dos programas preventivos. Está presente por meio de sites, fóruns e videoconferências com o objetivo de capacitar profissionais a distância. A inclusão digital é outra proposta e muitas atividades ligadas à Telemedicina oferecem acesso gratuito à Internet e treinamentos sobre como usar programas de computador. 

Jovem Doutor – No Programa Jovem Doutor, a lista de ações inclui exame pré-natal, orientações sobre câncer, hanseníase, planejamento familiar, postura corporal, prática de exercícios físicos, nutrição, saúde bucal, prevenção de diabetes, alcoolismo, uso de drogas, hipertensão, DSTs, aids, entre outras.

O programa da Faculdade de Medicina integra o Projeto de Telemedicina do Programa Institutos do Milênio, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. E tem apoio da Intel, fabricante de componentes para computador.

Sem viés assistencialista, o Jovem Doutor tem prazo definido de duração: um ano. Suas equipes possuem perfil multidisciplinar, abrangendo universitários de áreas de administração, arquitetura, engenharia, enfermagem e medicina. Atua sempre em locais diferentes, de modo a estender para toda uma região vizinha o serviço prestado na comunidade original.

O protagonismo dos participantes é sempre incentivado. Eles aprendem e ensinam e, para os moradores, a missão é cooperar e disseminar os conceitos de cidadania adquiridos. A aposta é instituir, com o passar do tempo e a continuidade das ações, um novo modelo social.

“Usamos os recursos humanos e materiais existentes nas próprias comunidades, sem aportes financeiros”, conta o professor Chao. “É uma abordagem de saúde pública mais barata, periódica, freqüente e de longo prazo: previne em vez de remediar”, observa.

O próximo desafio, destaca Chao, é estimular outras universidades brasileiras a criar programas semelhantes. A meta é conseguir envolver 2 milhões de estudantes, até 2010, em atividades voluntárias. 

Efeito multiplicador – Uma das estratégias do Jovem Doutor é estabelecer parceria com escolas da rede pública de ensino, transformando alunos e professores em agentes multiplicadores na comunidade. Outras características são complementar iniciativas em andamento na região, sem concorrer com as responsáveis, incentivar a busca de soluções sustentáveis e estimular o empreendedorismo nos habitantes.

Antes de entrar em contato com os moradores, os universitários passam por capacitação rigorosa, supervisionada pelo corpo docente da FM. Após a conclusão de cada jornada, são premiados no Concurso Jovens Talentos os universitários, os professores e as pessoas da comunidade que mais se destacaram.

Um dos destaques do programa é o material didático do Projeto Homem Virtual, produzido pela Telemedicina. É um conjunto de imagens tridimensionais que recria as estruturas do corpo humano, dividido em CDs multimídia que facilitam o aprendizado na área da saúde e estreitam a relação entre médico e paciente, por facilitar a visualização e a compreensão dos diagnósticos. 

Rogério Silveira

Da Agência Imprensa Oficial