José Serra visita exposição na Galeria de Arte do Sesi

Exposição inédita reúne 130 obras do Museu da Solidariedade Salvador Allende

ter, 20/03/2007 - 14h04 | Do Portal do Governo

O governador José Serra prestigiou, na noite desta segunda-feira, dia 19, a abertura da exposição Estéticas, sonhos e utopias dos artistas do mundo pela liberdade, na Galeria de Arte do Sesi, na Capital.

Acompanhado da primeira-dama, Mônica Serra, e da filha de Salvador Allende, Izabel Allende Bussi, o governador percorreu a exposição que conta com 130 das 2 mil obras do acervo do Museu da Solidariedade Salvador Allende, de Santiago, Chile. Críticos de arte, secretários de Estado e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, também compareceram ao evento.

José Serra disse que a exposição trouxe grandes lembranças do período em que esteve exilado no Chile, especialmente um grande painel do artista Roberto Matta. “Eu me lembro da UCTAD com movimentos nacionalistas que foi feita lá, para qual muitas das obras foram especialmente preparadas”, lembrou o governador, se referindo à Conferência Mundial de Desenvolvimento e Comércio das Nações Unidas.

“O objetivo da exposição é exibir uma coleção de arte que se formou de maneira singular e, também, mostrar a produção de vanguarda dos anos 1960 da Europa, Estados Unidos e Brasil”, esclareceu o curador Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro Brasil, em São Paulo – que, desde 2004, está envolvido com a reformulação do Museu da Solidariedade em Santiago.

A primeira-dama ressaltou o caráter de ineditismo da mostra. “Esta é a primeira cidade onde esta exposição está sendo vista fora do Chile. Tem uma característica que é única no mundo: todas as obras são doadas pelos artistas. Não existe outro museu que tenha isto. É um museu da solidariedade mundial, global”, declarou Mônica Serra.

A mostra conta com nomes fundamentais da arte moderna presentes em forma de telas, esculturas e cerâmica. Frank Stella, pintor, gravurista e escultor, é uma das estrelas juntamente com o também americano Alexander Calder, famoso por seus móbiles.

A Espanha vem representada por Pablo Picasso, pelo pintor abstrato Lucio Muñoz e pelos artistas Juan Antonio Toledo, Rafael Solbes e Manolo Valdés, integrantes da Equipo Crónica. Da Catalunha chegam trabalhos de Joan Miró e de José Balmes, nascido em Barcelona, mas naturalizado chileno. Amigo de Allende e um dos primeiros artistas a doar um quadro para o Museu da Solidariedade, Balmes fundou com os novos compatriotas Gracia Barrios, Alberto Pérez e Eduardo Martínez Bonati o Grupo Signo.

Complementam a mostra representantes da Finlândia (Jorma Hautala); da França (Pierre Soulange); da Inglaterra (William Hayter); de Cuba (René Portacarrero); do Uruguai (Joaquín Torres-García); da Venezuela (Carlos Cruz-Díez); e da Argentina (Julio Le Parc). Além do pintor e escultor húngaro de origem francesa Victor Vasarély.

Evidentemente, não poderia faltar o Brasil com a escultora e pintora mineira Lygia Clark; o escultor carioca Sergio Camargo; o pintor paulista Antonio Henrique Amaral; e Frans Krajcberg, artista ecológico polonês, naturalizado brasileiro desde 1957.

A exposição fica em cartaz de 20 de março a 24 de junho, na Galeria de Arte do Sesi, que fica na Avenida Paulista, 1313, ao lado do metrô Trianon-Masp. O público pode visitar o acervo de terça a sábado, das 10 às 20 horas; aos domingos, das 10 às 19 horas. A entrada é franca.

*Museu histórico *

O Museu da Solidariedade brotou dos esforços do presidente Salvador Allende (1908-1973), que, quando estava no poder, organizou uma ação internacional para que artistas plásticos sintonizados com a revolução chilena se sensibilizassem com a causa e doassem obras para o museu em formação.

Artistas, críticos de arte e diretores de museus de diversas capitais da Europa e das Américas se movimentaram com a intenção de ajudar Allende a montar um museu de arte para seu povo. A manobra internacional funcionou e foi inaugurado o Museu da Solidariedade Salvador Allende, hoje instalado num antigo palácio da capital Santiago, depois de funcionar num edifício em estilo colonial espanhol, danificado pelo terremoto de 1985 e por este motivo não-recomendável ao abrigo de tão precioso acervo. Depois da tomada do poder pelo general Augusto Pinochet, em 1973, o museu ficou adormecido até o fim da ditadura.

Regina Amábile