O 9º Distrito Policial do Carandiru foi reconhecido pela ONG holandesa Altus
A recepção foi reestruturada e conta hoje com pré-atendimento e sala de espera com televisão
O distrito, assim como outras 19 delegacias participativas existentes no Estado, não tem carceragem
Satisfeito com a avaliação, o governador assegurou que irá multiplicar o número de delegacias participativas em todo o Estado
?É um motivo de orgulho porque essa ainda não é a realidade média das delegacias de São Paulo. Eu realmente adorei a delegacia do jeito que é, como funciona, com rapidez e bom atendimento?
O governador José Serra visitou na tarde desta quinta-feira, dia 1º, o 9º Distrito Policial do Carandiru, na Zona Norte da capital paulista. A delegacia foi reconhecida pela ONG holandesa Altus como a melhor delegacia brasileira e da América Latina, além de ser considerada pelos avaliadores como uma das cinco melhores do mundo.
Para a ONG chegar a esse resultado, 1.437 pessoas visitaram, entre 29 de outubro e 4 de novembro de 2006, 470 delegacias em 104 cidades de 23 países. No Brasil, 175 cidadãos avaliaram 109 distritos policiais, em São Paulo, Brasília, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Entre as três melhores delegacias brasileiras, ainda aparece o 20º Distrito Policial da Água Fria, também localizado na mesma região de São Paulo. A outra delegacia fica em Piedade, no Rio de Janeiro.
Na avaliação, o 9º DP recebeu 89 pontos em uma escala de 1 a 100, o que o coloca no primeiro lugar do continente. “É um motivo de orgulho porque essa ainda não é a realidade média das delegacias de São Paulo. Eu realmente adorei a delegacia do jeito que é, como funciona, com rapidez e bom atendimento”, comemorou José Serra ao conhecer as dependências do 9º DP.
O delegado titular do 9º DP, Ítalo Miranda Júnior, acredita que a aprovação do trabalho da polícia deve-se, sobretudo, às mudanças estruturais no atendimento à comunidade. O distrito, assim como outras 19 delegacias participativas existentes no Estado, não tem carceragem.
No início de 2003, o 9º DP passou por uma reforma que modernizou todas as instalações da delegacia. A recepção foi reestruturada e conta hoje com pré-atendimento e sala de espera com televisão, além das salas de reconhecimentos, de inteligência e informação, e de flagrante, que possui entrada lateral para averiguação das pessoas detidas, de forma que estas não tenham contato com os usuários do distrito.
Onde existia a carceragem, funciona uma biblioteca com acervo de 2.600 títulos para estudantes da região e o Núcleo de Apoio Jurídico, Psicológico e Social, conhecido como Núcleo da Cidadania. Lá, cinco estudantes de Direito, cinco de Psicologia e um de Serviço Social orientam a população que tem dúvidas criminais e fazem o acompanhamento de pessoas que passaram por ocorrências em que cabe acordo. “Uma briga de rua, um pequeno furto ou uma discussão de casal podem ter um acordo aqui dentro, sem precisar dar andamento a um processo”, esclarece Ítalo.
Elizabeth Sato, delegada titular da seccional da Zona Norte, conta que o registro de ocorrências é feito de forma digital e permite consulta online. “Assim que o boletim de ocorrência termina de ser elaborado, já pode ser consultado em qualquer outra delegacia”, explica a delegada.
Em cerca de 15 minutos, uma ocorrência simples é registrada. Apenas em casos mais complexos, como flagrantes e indiciamento de vários autores, o registro demanda um período maior. O tempo médio de atendimento no 9º DP, segundo Elizabeth, é de 30 minutos.
Satisfeito com a avaliação, o governador assegurou que irá multiplicar o número de delegacias participativas em todo o Estado. “É preciso mais dedicação que recursos. É uma nova concepção de segurança que merece ser legitimada e bastante ampliada em São Paulo”, declarou Serra, durante a visita.
Regina Amábile
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