Jogos Anuais de Terapia Esportiva promovem superação de limites

Pacientes com paralisia cerebral descobrem habilidades físicas

qua, 17/12/2008 - 10h08 | Do Portal do Governo

Jogar basquete, futebol de salão e queimada não é dificuldade para crianças, jovens e adultos portadores de paralisia cerebral, que participaram na semana passada dos Jogos Anuais de Terapia Esportiva, na Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz, na capital. Eles tinham limitação nas pernas e braços, mas treinaram muito, reaprenderam os movimentos e deixaram sua marca no evento para celebrar a recuperação da auto-estima e a superação de limites.

A atividade, em sua 32ª edição, é resultado de diversas sessões de terapias esportivas, realizadas durante o ano, pelo Grupo de Paralisia Cerebral do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas (HC).

Os jogos reuniram cerca de 80 competidores de todas as idades e alguns ex-pacientes. Eles disputaram provas de revezamento, arremesso, handebol, futebol de salão e queimada. Pais dos pacientes também participaram.

Neste ano, o evento marcou o início do patrocínio do Banco Nossa Caixa, que ofereceu uniforme, lanche e mochila aos atletas e filmou o evento. O apoio financeiro se estenderá por um ano e prevê contratação de mais um professor de Educação Física para ampliar a assistência. Contente pela vitória no basquete e handebol, Rosana Silva Santos, 16 anos, conta que só deixou de “arrastar os pés para andar” depois que chegou a São Paulo com a família e foi encaminhada para tratamento no HC: “Meus pais eram pobres, saímos da roça lá no Maranhão. Pelo que lembro, nunca tinha ido a um hospital me tratar”. O segredo da visível melhora é seguir a orientação da equipe multiprofissional e realizar os exercícios recomendados em casa, como alongamento e corrida durante 30 minutos.

Correr e pular – Durante o evento, destaques da turma foram homenageados. Lauro Gonçalves Madeira, pai do paciente Júlio César, 9 anos, recebeu o troféu representando os cuidadores (familiares de pacientes) que apóiam os técnicos do grupo na condução da terapia esportiva. “Estou disposto a colaborar com tudo que for possível e incentivo os pais a também ajudarem”, conta.

Lauro diz que devido à paralisia cerebral, seu filho não sentava nos primeiros anos de vida e só começou a andar aos quatro, após cirurgia. “Antes, Júlio César caminhava com a ponta dos pés. Depois que iniciou as terapias, melhorou de 80% a 90% a mobilidade e também a auto-estima”, comemora. Para fortalecer os músculos, o pai diz que incentiva o garoto a subir, todo dia, os três andares do prédio onde mora e os 101 degraus da escada da escola.

Na opinião de Josiane Machado da Silva, 20 anos, a amiga Laíssa Almeida Limeira, de 11, é craque na queimada. O certo é que ela ganhou troféu e conta satisfeita seus avanços com a terapia: “Hoje pulo e corro, o que antes não fazia. Falava para minha avó que queria correr e ela dizia que um dia eu conseguiria. Hoje estou aqui”.

Na maioria das vezes, o time de queimada de Caíque Lima de Araújo, 14 anos, vence. Ele diz que conquistou agilidade para correr e escapar da bola, mas a principal satisfação é a conquista do respeito: “Não gostava de ir à escola porque olhavam o meu pé e perguntavam o que tinha. Hoje, às vezes ainda questionam, mas não tanto”.

Viviane Gomes

Da Agência Imprensa Oficial