IPT: São Francisco contra a seca

Aspectos técnicos da transposição do rio São Francisco foram debatidos na USP com participação do IPT

qui, 18/05/2006 - 16h49 | Do Portal do Governo

No último dia 16, o auditório de conferências da USP abrigou o evento “I Rodada de Debates Acadêmicos: Projeto São Francisco de Integração de Bacias”, que reuniu entre seus colaboradores o Ministério da Integração, a Escola Politécnica da USP (Epusp), o Instituto de Geociências (IGc) e o IPT.

O enfoque da discussão girou em torno dos aspectos técnicos e ambientais do projeto. Os palestrantes empenharam-se em acabar com mitos em relação à transposição. Rubem La Laina, professor da Epusp, por exemplo, combateu argumentos contrários à realização do projeto. Em sua exposição explicou que na determinação da vazão que será desviada para o Nordeste Setentrional já foram consideradas a quantidade de água necessária para o consumo humano da região da bacia do Rio São Francisco, para as reservas do rio (valor determinado pelo Ibama) e para a vazão ecológica (vazão mínima para manter as espécies do Rio). La Laina considerou que os impactos ambientais serão desprezíveis, já que foram levados em conta todos estes fatores.

Francisco Sarmiento, assessor técnico do projeto, destacou que este é o menor investimento que a sociedade pode fazer para combater o problema da seca no nordeste, já que o rio São Francisco é a fonte de água perene de maior volume da região. La Laina, porém, lembrou de pontos que precisam estar muito bem acertados para garantir a eficácia do projeto. “A transposição não representa solução para o problema da seca. Além de ser necessário continuar com a política de ‘açudagem’ (reservas em açudes feitas nos períodos chuvosos para cobrir as épocas de estiagem), precisa ter capilaridade e gestão dos recursos. Se a água transferida para a região não chegar aos consumidores, estaremos repetindo os erros da política de ‘açudagem’, que não resolveu o problema porque não ofereceu acesso da população à água”.

O professor destacou que ainda é necessário decidir quem pagará pelos custos da transposição da água, qual parte caberá ao consumidor e qual parte caberá a toda a sociedade brasileira, através do governo. Os investimentos no projeto giram em torno de 1,5 bilhão de dólares. La Laina disse ainda que o Brasil precisa de uma base legal forte e de aspectos gerenciais muito bem definidos. Sarmiento acredita que o projeto só tem a fazer crescer. “O que impede que este projeto seja concluído não são as questões técnicas, estas não apresentam problemas. As questões que ficam são as políticas.”

O pesquisador José Luiz Albuquerque Filho, do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental do IPT, foi um dos coordenadores do evento e presidiu os trabalhos. O evento foi transmitido na íntegra e ao vivo no site do Instituto.