IPT e USP participam de conferência sobre uso de material reciclado na construção

Evento acontece no próximo dia 28, no auditório Mario Covas da Escola Politécnica da USP

dom, 20/04/2008 - 15h23 | Do Portal do Governo

“Ainda não existe no Brasil uma cultura de reciclagem na construção.” A opinião é compartilhada pelos pesquisadores Valdecir Quarcioni e Sérgio Angulo, do Laboratório de Materiais de Construção Civil vinculado ao Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura do IPT. Embora a reciclagem do resíduo de construção e demolição esteja entre os objetivos da resolução número 307 do Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, ainda é pouco praticada. “Material que não é reciclado – diz Angulo – vai para o aterro, levando consigo um potencial de contaminação. Por isso, hoje, reciclagem é mais do que uma meta técnica; é uma obrigação ambiental, social e econômica.”

Embora timidamente, de início, hoje o mercado brasileiro investe na construção sustentável. Assim, pode-se prever uma demanda crescente por agregados reciclados nos próximos anos. “O entulho que sai de uma obra pode virar muitas coisas, mas a principal é agregado que poderá substituir bens minerais dos mais consumidos no mundo, como é o caso da brita. Seu uso em concreto, argamassas e em bases e sub-bases para pavimentos é adequada. Em 2002 o Brasil produziu 360 milhões de toneladas de agregado natural. Com a reciclagem não vamos atender toda a demanda. O ideal seria chegar aos 20%, o que será saudável do ponto de vista do mercado. O consumidor contará com uma alternativa viável, de custo competitivo e ambientalmente correta. Com esse novo material o produtor de brita terá uma regulagem para a oferta do mineral, cujo custo cresce em função das distâncias cada vez maiores entre o local de produção e a área urbana onde será consumido”, analisa Angulo.

Outros países – especialmente europeus – implementaram há vários anos a reciclagem do resíduo de construção e demolição, acumulando experiências importantes. Na Espanha, os índices de reciclagem cresceram significativamente. Na Alemanha, Suíça e Holanda existem altos índices de reciclagem com tecnologia de processamento parcialmente consolidada.

A experiência prática e o resultado de pesquisas nacionais e do exterior apresentam resposta ao desafio do sucesso comercial da reciclagem. Observa-se uma diversidade de conceitos inovadores, envolvendo tecnologia de processamento, novos mercados e controle de qualidade.

Evento

No próximo dia 28 de abril, das 8h30 às 17h00, realiza-se no auditório Mario Covas da Escola Politécnica da USP a Conferência sobre Resíduos de Construção e Demolição (RCD) como Material de Construção. A organização é do IPT, Poli/USP e Rilem (União Internacional de Laboratórios e Especialistas em Materiais de Construção, Sistemas e Estruturas) com apoio do programa Habitare, Finep, FDTE (Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia) e Conselho Brasileiro de Construção Sustentável.

O objetivo é apresentar uma perspectiva internacional sobre o uso dos resíduos de construção e demolição como materiais de construção, na visão de um selecionado grupo de pesquisadores europeus que participam do grupo técnico da Rilem, além de pesquisadores brasileiros qualificados. Veja mais detalhes em: http://rcd08.pcc.usp.br.

Do IPT

(L.F.)