Inventário vai cadastrar monumentos geológicos do Estado

Monumentos receberão ações de pesquisa, conservação e divulgação

sex, 16/10/2009 - 19h00 | Do Portal do Governo

Cinco geossítios, classificados como de alto valor científico, cultural e cênico, foram incluídos no Inventário Paulista de Monumentos Geológicos, um banco de dados georreferenciado que identifica, registra e divulga os patrimônios naturais existentes no Estado. Esta foi a primeira deliberação do Conselho Estadual de Monumentos Geológicos, criado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SMA, em sua primeira reunião, realizada na semana passada, 8. 

O conselho, criado por meio de resolução a ser publicada no Diário Oficial do Estado, tem a finalidade de reconhecer os monumentos geológicos paulistas, sugerindo atividades e ações de pesquisa, conservação e divulgação. A indicação de áreas a serem incluídas no inventário pode partir dos próprios conselheiros ou da comunidade técnico-científica. Os geossítios incluídos no inventário são o Parque Estadual Geyseritos do Anhembi, em Anhembi; Carste e Cavernas do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR, no Vale do Ribeira; Parque Municipal Varvito de Itu, em Itu; Parque Natural da Cratera de Colônia, em São Paulo; e Parque Municipal Rocha Moutonné, em Salto.

Segundo o secretário-adjunto do Meio Ambiente, Pedro Ubiratan Scorel de Azevedo, que representou o secretário do Meio Ambiente e presidente do conselho, Xico Graziano, “o órgão terá uma tarefa de grande relevância, identificando novos monumentos geológicos, para que a comunidade conheça o valor desse patrimônio, pois só assim ela saberá conservar”. Segundo o diretor-geral do Instituto Geológico (IG), Ricardo Vedovello, que também integra o conselho, “o objetivo é criar mecanismos legais e condições financeiras para implementar ações de conservação dos geossítios considerados monumentos geológicos”. Um dos objetivos é fazer com esses sítios de interesse geológico sejam considerados unidades de conservação, possibilitando a canalização de recursos para a sua preservação. 

Geodiversidade

A gestão da geodiversidade começou a ser discutida em 1972 pela UNESCO, órgão das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura, em reunião realizada na Suécia. O Brasil, que aderiu à convenção, criou o SIGEP – Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos. Em São Paulo, decreto estadual assinado em 1986 incumbiu o IG de realizar estudos, efetuar a divulgação e definir normas técnicas sobre o assunto.

O IG já realizou estudos apontando 30 geossítios com atributos cujas excepcionalidades justificariam a sua inclusão no Inventário Paulista de Monumentos Geológicos. O secretário-executivo do conselho, Rogério Rodrigues Ribeiro, no entanto, alerta que a divulgação de tais áreas deve se revestir de cuidados. “É preciso, antes, dotar a área de proteção legal, promover a geoconservação e criar um sistema de gestão, para que a abertura à visitação não represente riscos à integridade do patrimônio natural”, enfatizou.

Como medidas a serem adotadas apontou a inserção das áreas nos planos diretores municipais, zoneamento ecológico e econômico e outros mecanismos de proteção. Segundo o conselheiro Virgínio Mantesso, a questão da geodiversidade ganhou relevância nos países europeus, nos últimos anos, com várias iniciativas de criação de parques privilegiando o conceito de desenvolvimento sustentável em âmbito local. “Há três mil geossítios cadastrados na Inglaterra”, disse. Lembrou, ainda, que Curitiba é a primeira cidade no país a editar um “Guia de Geoturismo Urbano”. O conselheiro Celso Dal Ré Carneiro alertou que uma antiga mineração de ouro na região do Jaraguá, em São Paulo, está sendo destruída por conta da pressão urbana. “A mina foi explorada por Afonso Sardinha, por volta de 1580, e algumas das galerias abertas por esse bandeirante já se perderam”, lamentou. 

Da Secretaria do Meio Ambiente