Interligação Jaguari-Atibainha: benefícios para moradores de SP e RJ

Projeto da Sabesp permite transferência de água entre bacias hidrográficas e amplia segurança hídrica nos dois Estados

qua, 28/03/2018 - 19h48 | Do Portal do Governo

Entre 2011 e 2018, o Governo do Estado realizou 34 obras para enfrentar os períodos de estiagem, principalmente pela interligação de sistemas. Seis das principais intervenções puseram à disposição da população 12 mil litros de água por segundo, volume suficiente para abastecer até 4,5 milhões de pessoas.

Por meio dos trabalhos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a ligação física entre as bacias hidrográficas do Cantareira e do Paraíba do Sul permite a ampliação da oferta de água para 39 milhões de pessoas (9,5 milhões de habitantes diretamente). A interligação Jaguari-Atibainha beneficia os dois maiores Estados do Brasil e fez parte da autorização para a construção de um acordo histórico mediado por Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2015.

Na ocasião, os governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais acertaram as regras de uso da água da bacia do Paraíba do Sul, já que ela abrange rios que cortam os três Estados. Uma das medidas adotadas para garantir a oferta de água à população foi construir a interligação. Antecipada, a intervenção estava prevista somente para 2025.

De acordo com o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, a iniciativa do Governo Estadual demonstra o alto grau de profissionalismo e experiência dos responsáveis, que precisaram vencer o desnível de 164 metros entre as represas. “Este é mais um grande exemplo da excelência da Companhia no que faz, vencendo obstáculos aparentemente intransponíveis, com muita tecnologia e inovação”, ressalta.

Funcionamento

A obra integra um conjunto de ações da Sabesp, ao lado do novo Sistema Produtor São Lourenço, em fase final de construção e com testes iniciais, e da captação do Rio Itapanhaú, cujo contrato de instalação já foi assinado. Com investimento de R$ 555 milhões, financiado pelo BNDES, a interligação das represas Jaguari (Paraíba do Sul) e Atibainha (Sistema Cantareira) conecta duas bacias hidrográficas distintas, permitindo transferir água de uma região para a outra.

Em março deste ano, o governador Geraldo Alckmin acionou os dispositivos que iniciaram a operação assistida da obra. No sentido em que começou a operar, a água bruta captada da represa Jaguari, em Igaratá (Vale do Paraíba), percorre um corredor de quase 20 quilômetros de adutoras e túnel até chegar à represa Atibainha, em Nazaré Paulista. Serão até 5.130 litros de água por segundo para o Cantareira. Essa vazão passará pela estação de tratamento e será suficiente para abastecer 1,5 milhão de pessoas.

Aproveitando o mesmo túnel e a mesma adutora, no futuro, a água da represa Atibainha poderá também ser bombeada até a represa Jaguari. Dessa forma, aumentará a segurança hídrica de todas as cidades que captam água da. Isso inclui o Vale do Paraíba e a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Serão até 12.200 litros de água por segundo nesse sentido.

Na avaliação do secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga, a operação ocorrerá de acordo com o monitoramento dos índices registrados nos sistemas. “Podemos, hoje em dia, guardar mais água no Cantareira. A transferência dependerá dos níveis dos reservatórios e das chuvas que estão previstas paras as duas regiões”, explica.

Escavações

O projeto da interligação, iniciado em 2015, empregou 5,3 mil funcionários diretos e indiretos. Com mais de seis quilômetros de extensão, cinco metros de altura e quatro metros de largura, a escavação do túnel foi uma das partes mais complexas de todo o trabalho.

Diferentemente das obras do metrô, nas quais é usado o equipamento conhecido como “tatuzão”, as escavações nessa interligação usam o novo método austríaco de tunelamento, que emprega sistemas de suporte com concreto projetado associado a outros tipos de apoio como cambotas metálicas e fibras de polipropileno no concreto, entre outras, realizando uma escavação sequencial, segundo a capacidade de cada tipo de maciço. Entre os principais equipamentos envolvidos na operação está o “Jumbo”, responsável pela perfuração em rocha.

Foram mais de 160 profissionais, entre engenheiros, geólogos, marteleiros, encarregados de frente, motoristas, eletricistas e técnicos de meio ambiente divididos em três turnos de trabalho. Além do túnel, a estrutura conta com mais 13,2 quilômetros de adutora subterrânea e seis bombas que consomem energia elétrica que seria suficiente para atender aproximadamente 120 mil pessoas.