Íntegra da entrevista coletiva do governador Mário Covas após entrega de ambulância-UTI ao HC

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qui, 23/03/2000 - 21h52 | Do Portal do Governo


Segue a íntegra da entrevista coletiva do governador Mário Covas concedida à imprensa após a entrega de ambulância-UTI ao Hospital das Clínicas:

Campanha presidencial

Repórter: O senhor foi apontado por lideranças do seu partido como o preferido para a candidatura a presidente. Como o senhor recebe isso?

Covas: Não foi isso.

Repórter: A pesquisa Datafolha indicou o senhor como o tucano preferido.

Covas: Então não foram as pessoas do meu partido. Só tucanos?

Repórter: Entre tucanos.

Covas: O que você quer saber?

Repórter: Eu quero saber como o senhor avalia?

Covas: Com muita honra, muito simpaticamente. Evidentemente isso me comove, mas é uma preferência que precisa ser mudada porque eu não sou candidato.

Repórter: Não comove a ponto de ser candidato?

Covas: Não comove a ponto de ser candidato.

Repórter: Mas faltam dois anos ainda, né? O senhor pode ficar comovido…

Covas: (risos)

Denúncias relativas a administração municipal

Repórter: Governador, falando do Maluf, queria saber a opinião do senhor sobre as declarações do Vitor Pitta, sobre o Anhembi, que o Castelo Branco ganharia até um milhão de reais por dia no esquema que ele fez.

Covas: Quem é o Castelo Branco?

Repórter: O presidente então do Anhembi, indicado pelo Flávio Maluf para o Pitta.

Covas: Isso aí, cada dia que se falar com cada pessoa que você falar, uma coisa desse tipo aparece. Não merece nem mais consideração. Eu acho que esse assunto deixou de ser um tema político para entrar noutra esfera. Ele vai ser definido ou na Câmara Municipal ou vai ser definido na Justiça. O resto é especulação.

Repórter: Mas o senhor acredita que a Câmara vai aprovar o Impeachment do prefeito?

Covas: Acredito. Vai depender um pouquinho da pressão da opinião pública. Quando começa a haver jovens, meninas, rapazes, pintando a cara de verde e amarelo eu não tenho dúvida. Isso é reversível. Isso cassou um presidente da República, não vai fazer com um prefeito?

Salário mínimo

Repórter: Com o reajuste do salário mínimo o senhor pretende aumentar o piso do Estado?

Covas: O piso do Estado já é bem maior que o dos outros. Nós temos um piso aqui de R$ 240, desde 1997. Eu aumentei em 95, aumentei em 96, aumentei em 97, depois não aumentei mais. Mas o piso era, na época em que foi aumentado, de US$ 212. Hoje ele está em cento e cinquenta e poucos dólares porque o dólar mudou de valor. Portanto eu acho que aqui não temos esse problema compulsoriamente. Pode até modificar, mas não tenho esse problema. Eu não acho essa forma que o Governo fez mal, não. Eu acho que essa forma prestigia o sentido federativo. Nós não fomos lá pedir, em Brasília, que tivesse um sub-teto estadual, que fosse fixado por cada Estado? Então é natural que a gente fique com a responsabilidade de fixar o salário mínimo.

Repórter: Mas o piso o senhor não pretende aumentar?

Covas: Não é que não pretendo. Eu não estou constrangido por esse problema, porque o piso salarial aqui em São Paulo já é bem maior do que o fixado. Também não entendi bem a lei ainda, se ela transfere da iniciativa privada ou não. Eu primeiro preciso ver em que termo está a lei, conversar com o Jurídico, etc., para ver o que se faz.

Guerra fiscal

Repórter: Tem alguma novidade sobre a ação contra o Estado de Goiás?

Covas: Não, eu sei que um dos, os outros eu não sei, o ministro Sidnei Sanches, ele é relator do primeiro processo envolvendo o Paraná. E ele recebeu o processo num fim de tarde e no dia seguinte de manhã pediu informações para o Paraná, que já recebeu de volta.

Repórter: Isso foi quando?

Covas: Ele recebeu de volta há mais de uma semana, uns 10 dias. Agora, depende da decisão dele, do parecer dele, e da decisão da Justiça. Primeiro vai ser objeto de consideração a concessão da liminar ou não. Concedida a liminar, passa a não funcionar imediatamente, até decisão do mérito. Então, vamos esperar a Justiça decidir.

Repórter: O BNDES teria entrado com uma ação contra a Bahia hoje por essa guerra fiscal, reforçando.

Covas: Não sei, mas eu acho que ações hoje são boas até contra São Paulo. Quando eu ouço o governador do Paraná dizendo que vai entrar com uma ação contra São Paulo, eu acho muito bom. Não adianta porque São Paulo não faz isso. Mas se fizesse, tanto faz que a Justiça dê uma decisão numa coisa provocada por mim ou provocada pelo Governo do Paraná. Se ele quiser o caminho, eu até dou para ele o caminho das pedras, como é que faz.

Denúncias envolvendo a administração municipal

Repórter: Quanto a ter se encontrado com a Nicéa, que o senhor falou que iria renunciar se ele provasse. Ele falou que ia processar o senhor. Já aconteceu alguma coisa assim? O senhor disse isso no Interior, lembra disso?

Covas: Lembro e mantenho. Ainda vale hoje.

Repórter: Então, ele já fez alguma coisa contra o senhor? Ele falou que ia processar o senhor.

Covas: Não. Eu fiz uma proposta. Ele disse que ela tinha ido lá no Palácio, que tinham visto entrar lá. Eu disse: “Se isso ficar provado, eu renuncio o mandato. Se isso não ficar provado, ele nunca mais é candidato”. Você veja só que favor eu estava fazendo para esse País.