Íntegra da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, após cerimônia de sanção da lei que dá

nd

ter, 17/04/2001 - 15h20 | Do Portal do Governo

Pergunta – Os recursos federais estão muito atrasados com relação ao Rodoanel, governador?

Alckmin – Nesse ano são R$ 263 milhões previstos aqui no Rodoanel. Dos quais, R$ 90 milhões do Governo Federal e R$ 163 milhões do Governo do Estado. Os R$ 90 milhões eu acho que serão liberados em seguida, ainda não chegou. Mas geralmente o Governo Federal libera a partir de abril, maio. Então estamos aguardando. O ministro renovou aqui o seu compromisso com a obra, que é uma obra de parceria. Ela era metade do Estado, um quarto da Prefeitura e um quarto do Governo Federal. Na ausência da Prefeitura ficou um terço do Governo Federal e dois terços do Estado. Nós acreditamos que esses 90 milhões vão ser repassados em parcelas e isso está previsto no Orçamento Federal deste ano.

Pergunta – Governador, o prazo pode ser mantido até dezembro?

Alckmin – O prazo está mantido. Há um grande esforço para a obra, toda ela, o Trecho Oeste deve ser entregue até o final do ano. E o primeiro trecho, ligando a Régis Bittencourt até a Raposo Tavares, vai-se fazer um esforço para entregar no máximo até junho ou julho. Então, à medida que as obras forem ficando prontas, elas vão sendo entregues para a população poder utilizar.

Pergunta – Governador, como o senhor avalia a declaração do presidente do Senado, Jader Barbalho, dizendo que a corrupção está na Avenida Paulista? O que será que ele quis dizer com isso?

Alckmin – Olha, ladrão tem em todo lugar.

Pergunta – Mas ele se refere especificamente a essa história (inaudível)

Alckmin – Ladrão tem em todo lugar. Precisa é não haver impunidade. (inaudível)

Pergunta – inaudível

Alckmin – O Governo está trabalhando. Não é por criar um fato desses que vai parar o Governo. Trabalhando, cumprindo. Cabe ao próprio Congresso Nacional gerir, depurar…

Pergunta – O senhor entende como uma provocação do senador?

Alckmin – Eu acho a declaração extremamente infeliz.

Pergunta – A fuga do Cadeião de Pinheiros o senhor considera passado? O senhor já se manifestou em relação a isso?

Alckmin – Não, não é passado. É lamentável que tenha ocorrido. Não pode ocorrer. Os três carcereiros que estavam trabalhando foram presos em flagrante e todas as medidas estão sendo tomadas. Infelizmente, isso está sendo apurado. Tudo indica que pode ter havido facilitação nessa fuga. O Governo demite todo dia praticamente quatro, cinco funcionários, por desvio da sua conduta. Então, três aí estão presos, vão responder a processo e a investigação continua.

Pergunta – Agora, é o tipo da ação que o Governo não tem como evitar. Fica de mãos atadas em relação a isso?

Alckmin – Eu acho que tem. Tem e deve evitar. Só não pode evitar a corrupção. Você não tem como mudar as pessoas. Agora, não pode haver impunidade. Veja que os três já estão presos e foram presos em flagrante. Então, a ação do Governo é imediata. Não há a menor hipótese de essas coisas não terem uma ação firme no sentido de coibir. Agora, outras medidas podem ser tomadas e vão ser tomadas.

Pergunta – Quais?

Alckmin – Nós vamos anunciar no devido tempo.

Pergunta – O senhor acha que essa questão das denúncias de corrupção na Sudam, na Sudene, isso abala a base de sustentação? O PMDB é um dos partidos que está na aliança que sustenta o Governo Federal.

Alckmin – Infelizmente essas denúncias de desvio de finalidades, no caso da Sudam, não são novidades. São coisas muito antigas. A diferença é que agora está havendo investigação e o próprio Governo está investigando. Essa é a diferença. E mais, fazendo uma grande reforma do Estado para se ir na causa do problema. Desprivatizar recurso público, fazendo uma reforma do Estado que você deixa de ser provedor de tudo para ter uma ação mais reguladora e mais fiscalizadora. Essa é a grande reforma do Estado. Então, duas coisas estão sendo feitas simultaneamente: a primeira é ir na causa do problema. Você reformar o Estado para não permitir que o dinheiro público seja desviado. Você sai de um Estado provedor e executor para um Estado mais regulador, fiscalizador, através de agências. E, segundo, o próprio Governo investigar, como está investigando o Governo Fernando Henrique.

Pergunta – O senhor acha que não abala a base governista?

Alckmin – Olha, governar é administrar crise. Isso é normal. Essas coisas sempre acontecem. Tem que superar as dificuldades. As dificuldades existem, ainda mais no Brasil, onde se tem sempre crise política porque não tem partidos políticos com fidelidade, com programa, com proposta. Não tem cultura de partidos políticos. Essa é a realidade.

Pergunta – O que o senhor achou do pronunciamento do presidente do Senado ontem, independente das denúncias, ou tentando se defender?

Alckmin – Acho que é um direito dele se defender.

Pergunta – O senhor acha que ele tem condição de continuar na presidência do Senado?

Alckmin – Isso é um assunto do Senado Federal.

Pergunta – Esse trecho que vai ser inaugurado vai ser pedagiado (sic)?

Alckmin – Não, não vai ser pedagiado, não vai ser concedido. O próprio Governo vai administrar. E vai sendo entregue paulatinamente para poder ser utilizado mais rapidamente pela população.

Pergunta – Não vai ser pedagiado em nenhum momento, ou só no primeiro ano?

Alckmin – Não. Eu não posso responder a partir de 2003, mas enquanto eu for governador de São Paulo, não.

Pergunta – Só para entender. O recurso federal ainda não chegou. Vai chegar a partir de agora?

Alckmin – O deste ano ainda não. O Governo do Estado está completando os recursos com recursos do Estado. Mas nós acreditamos que vai vir. Por quê? Porque ele está previsto no orçamento e além de estar previsto no orçamento, o ministro acabou de assinar um protocolo que vai possibilitar essa transferência.

Pergunta – Governador, existe um prazo limite que esses recursos precisam chegar para o Rodoanel, esse Trecho Oeste, ser entregue este ano ainda?

Alckmin – Qual seria o ideal? O ideal é o que o Governo do Estado faz. Você planeja gastar R$ 163 milhões e libera por duodécimo. Um doze avos em janeiro, um doze avos em fevereiro, em março, em abril. Você vai liberando mês a mês. Infelizmente, os recursos federais nunca saem a partir de janeiro. Eles saem a partir de março, a partir de abril, a partir de maio. O importante é que o dinheiro chegue.

Pergunta – Governador Mário Covas é o melhor nome para o Rodoanel.

Alckmin – Eu acho que sim, primeiro porque essa obra é fruto da ousadia do governador Mário Covas. Ele teve a coragem de tirar do papel e fazer essa obra gigantesca, que vai ter um grande significado para São Paulo, para o Estado e até para o País. Acho que a homenagem é extremamente merecida.

Pergunta – O senhor disse que não vai ser pedagiado no seu governo. Mas depois do seu governo quantos pedágios estão previstos?

Alckmin – Depois do meu governo eu não sei quem vai ser o governador…

Pergunta – Haverá trechos com pedágio depois. Já está previsto ou não?

Alckmin – Não. Não tem nenhuma previsão. A curto prazo, veja bem. Não há nenhuma decisão do Governo e nem vai ser colocado pedágio a curto prazo, está certo? Esta obra foi feita com dinheiro público e vai continuar sendo mantida pelo Estado.

Pergunta – O senhor fala enquanto o senhor for governador nesse mandato?

Alckmin – Nesse mandato é que eu sou governador.

Pergunta – E se tiver o próximo? Não vai ter pedágio nenhum?

Alckmin – Um abraço.