Íntegra da entrevista coletiva concedida neste domingo, dia 21, pelo Dr. David Uip, infectologista e

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dom, 21/01/2001 - 13h45 | Do Portal do Governo


Pergunta – A situação que se apresentou na madrugada, ela se estendeu?
David Uip – Não é isso o que o boletim diz. Ontem ele tinha períodos de agitação com períodos de sonolência pela sedação. Agora ele tem períodos de agitação e períodos de plena normalidade. Ainda está agitado, mas menos sonolento.

Pergunta – Qual o nível da agitação?
David Uip – Menos que ontem e com menos medicação.

Pergunta – Ele continua querendo sair?
David Uip – Ele continua pedindo para sair e a nossa decisão é de mantê-lo. Hoje têm duas decisões. A primeira de mantê-lo e a segunda de suspender todos os sedativos. Ele vai passar o dia sem qualquer medicação sedativa.

Pergunta – Por quê?
David Uip – Porque entre as possibilidades da agitação está a sedação. O governador, isso nós conhecemos há tempos, ele funciona diferente com remédios. Se vocês estiverem lembrados, na internação anterior, na da
cirurgia (referindo-se à cirurgia realizada em novembro de 2000), nós dávamos remédios para ele dormir e ele ficava acordado. A partir do momento que tiramos os remédios, ele dormiu sossegado e não houve mais problemas.

Pergunta – Quais são os medicamentos que ele está tomando?
David Uip – Ele só está tomando os remédios que tomava anteriormente: diuréticos, corticóides e ácido acetilsalicílico, que é a aspirina.

Pergunta – E o inchaço que ele tinha?
David Uip – Desapareceu totalmente. O que ele tem hoje de exame clínico é uma crostinha no lábio, uma no queixo e o dedo está roxo, oriundos dos ferimentos que estão cicatrizando.

Pergunta – Amanhã ele será avaliado novamente e poderá ter alta?
David Uip – Essa decisão é amanhã.

Pergunta – A que horas vai ser feita a quimioterapia?
David Uip – A quimioterapia está marcada para amanhã (segunda-feira), às 8h30.

Pergunta – Quanto tempo leva?
David Uip – Dois minutos.

Pergunta – Quando vai ser a próxima avaliação?
David Uip – Ele está sendo avaliado por cada um de nós mais de uma vez por dia. Qualquer coisa que aconteça de diferente, vocês vão ficar sabendo. Deixa eu explicar só para vocês entenderem: existem alguns médicos que examinam o governador. Não teria cabimento todos os médicos de todas as equipes estarem examinando. Então nós examinamos, nós avaliamos, nos reunimos e discutimos o que é para ser feito. É feito o boletim médico e aí eu venho como o porta-voz da equipe para falar com vocês.

Pergunta – Tem possibilidade de o governador permanecer internado amanhã?
David Uip – Eu não consigo prever. Que ele vai ficar até amanhã por ordem médica, ele ficará. E amanhã nós vamos definir as próximas decisões de acordo com o estado clínico. Amanhã ele vai ser avaliado e, conforme a decisão da equipe inteira, vai ser tomada uma decisão. Essa decisão é inteiramente médica, não envolve nenhuma outra opinião.

Pergunta – Quantas sessões de quimioterapia ele vai fazer?
David Uip – Os doutores Milberto Scaff (neurologista) e Ricardo Brentani (oncologista) haviam determinado duas sessões de quimioterapia por semana.

Pergunta – Ele tem falado ao telefone ou recebido ligações e visitas além dos parentes?
David Uip – Não. Hoje ele tomou café da manhã. Ele andou um pouco na cadeira de rodas levado pela filha. Mas nem falou ao telefone, por orientação médica, nem recebeu visitas além de seus familiares também por orientação médica.

Pergunta – Como está o estado de ânimo do governador com relação a ontem?
David Uip – Ele quer ir embora mais hoje do que ontem.

Pergunta – Ele está bravo, então?
David Uip – Está porque ele quer ir embora. Quer ir trabalhar.

Pergunta – E o seu estado de ânimo em relação a esta pretensão?
David Uip – Continua inalterado.

Pergunta – Porque a decisão médica de ele não falar ao telefone?
David Uip – Nós queremos que ele fique calmo. Se ele falar ao telefone, vai querer falar com quem? Dall’Acqua (Fernando Dall’Acqua, secretário da Fazenda), Malufinho (Antônio Carlos Malufe, secretário particular)… Eu me ponho no lugar das pessoas que atendem o telefone. Ele vai fazer perguntas de orçamento. Eu acho que em cima de uma pergunta vai haver uma resposta. O que nós queremos é que ele não tenha acesso a essas informações para que ele tenha tranqüilidade. É isso, não tem nenhum outro fato novo.

Pergunta – Como está a taxa de glicose e de potássio?
David Uip – Tudo normal. Continua sendo monitorizado, mas está normal.

Pergunta – Doutor, ele vai tomar a químio na segunda-feira e a internação poderá se estender até a próxima aplicação?
David Uip – De novo a mesma pergunta. Não adianta eu falar uma coisa hoje que amanhã vou ter que voltar atrás. Eu já estou sendo acusado de aparecido, que os flashs me emocionam e o que nós estamos fazendo aqui é o desejo e a decisão de uma instituição e de uma família. Eu não tenho nenhuma necessidade de estar aqui hoje. Eu fui encarregado de uma missão que é dizer a vocês, que vão dizer à população, o que está acontecendo. Juro que não tenho nenhum interesse. Nesse momento eu respeito a decisão da família do governador, do governador e da direção desse hospital. Eu fui incumbido pela direção do Hospital de ser o porta-voz da equipe. É que a gente lê cada coisa… eu já não me importo muito. Mas é uma situação muito conflitante. Se você lida com transparência, que é o que todo mundo espera, é porque você quer aparecer. Toda vez que eu falo que nós vamos nos comunicar por boletim, todos ficam ansiosos. A posição dos médicos acaba sendo muito complicada. O que se espera da gente: não esqueçam que, além dessa história toda, existe o aspecto médico. Quem cuida do paciente somos nós. Tem que examinar, tem que tomar decisões e tem outros doentes. Esse tipo de exposição eu acho que é um dever da equipe médica. Eu não encaro como uma tentativa da equipe médica de aparecer. Eu tenho a impressão de que nenhum de nós quer e nem precisa disso. Eu entendo como uma obrigação pública. Eu estou cumprindo um papel e este papel me foi ordenado pelo diretor dessa instituição e me foi solicitado pela família do governador. E assim todos da equipe que têm falado com vocês.

Pergunta – O senhor disse que essa agitação do governador poderia ser evolução da doença, o senhor já tem essa avaliação?
David Uip – Por isso nós vamos tirar os remédios hoje.

Pergunta – O senhor vai tirar o líquor amanhã, antes da aplicação?
David Uip – É. Eu vou explicar para vocês como é isso. Você pega a agulha, entra no espaço onde tem o líquido, tira o líquido e manda para exame. No mesmo momento, você injeta a substância.

Pergunta – É necessário anestesia?
David Uip – Não, mas a pretensão da equipe é de que o governador não sofra. Porque não é um homem que vai fazer o primeiro líquido cefalorraquidiano. É um homem que tem duas cirurgias e muitos exames, e portanto, é um paciente como tantos outros: sofrido. Nós queremos evitar que ele sofra com mais exames e isso vai ser decidido na hora.

Veja também:

Coletiva concedida pelo Dr. David Uip em 18/01/2001

Coletiva concedida pelo Dr. David Uip em 19/01/2001

Coletiva concedida pelo Dr. David Uip em 20/01/2001