Instituto de Física de S. Carlos desenvolve “arma eletrônica”

Equipamento funciona por meio da interação entre dispositivos introduzidos na arma e um chip na mão de quem aciona o gatilho

dom, 16/10/2011 - 17h00 | Do Portal do Governo

Parece ficção científica, mas é pura realidade. Mário Gazziro, professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, trabalha no projeto de uma arma de fogo que é ativada somente pelo seu proprietário. Outra pessoa não consegue dispará-la. Tudo funciona por meio da interação entre dispositivos eletrônicos introduzidos na arma e um chip na mão de quem aciona o gatilho. Em agosto do ano passado, Gazziro implantou o pequeno chip (pouco maior que um grão de arroz) em sua mão esquerda para criar um modo mais eficiente e seguro de acionamento eletrônico, por meio da conexão com peças que mantêm a arma travada.

O projeto para criar a chamada “arma eletrônica” tomou forma quando Gazziro passou a trabalhar em uma empresa de consultoria que fabricava chips para animais silvestres. Após ganhar o menor chip que a empresa revendia (9 por 1,2 milímetro), ele realizou o implante com a ajuda de uma médica. “O chip vem dentro de um vidro, revestido por um material chamado parylene C, não rejeitado pelo organismo humano”, conta.

O local do implante (abaixo da pele, logo acima do músculo adutor do dedo mínimo) foi escolhido já pensando em sua aplicação para a arma eletrônica. Há situações, na polícia e em empresas de segurança, em que a mesma arma é usada por mais de uma pessoa. Gazziro observa que isso não é problema, pois é possível programar a parte eletrônica para que grupos de pessoas, cada uma com o seu chip implantado, possam utilizar a mesma arma.

Tudo registrado

O chip, conectado eletronicamente com uma bobina no interior da arma, é capaz de destravar e possibilitar o disparo imediato. Só o portador do chip consegue isso. Gazziro e seus colaboradores projetaram uma arma de brinquedo, do mesmo modelo da pistola Colt, que, em seu interior, há espaço para inserir a bobina e o microssolenoide, peças fundamentais para destravar a arma eletronicamente.

O professor diz que outras questões também são estudadas, para aprimorar a segurança do equipamento. “O intuito final do projeto é uma arma que, no momento do disparo, já registre local, horário e autor do disparo, inclusive com orientação do tiro, informação que poderá ser fornecida se a arma possuir giroscópio”, afirma.

No exterior, uma publicação com detalhes do projeto foi divulgada no European Conference of Control. No Brasil, o interesse pela arma vem de pesquisadores do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (Laprev), da Universidade Federal de São Carlos, e investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais, que já convidaram Gazziro para testes mais concretos. “No final do ano, pretendo ir a Belo Horizonte para fazer testes incluindo a parte mecânica da arma, já que a eletrônica, relacionada ao chip, funciona perfeitamente”, diz Gazziro.

Em relação à futura comercialização da arma eletrônica, o pesquisador acha que é necessária a aprovação de um projeto de lei que autorize o seu uso, “levando-se em conta todas as suas conseqüências”, observa.
Gazziro revela que, futuramente, seu projeto será repassado à iniciativa privada. Assim, espera ele, essa empresa vai fabricar e vender um kit, com sistema de controle, antena, bateria e solenoide para instalar na arma e o chip a ser implantado na mão da pessoa.

Da Agência Imprensa Oficial